sábado, 25 de janeiro de 2014

Dilma : Discurso econômico certo, no lugar certo, na hora certa.

Imagem da NBR
Vi pela TV todo o discurso da presidente Dilma Roussef ontem no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Além de ressaltar os progressos sociais com redução de desigualdade e mais inclusão, Dilma fez uma longa demonstração da solidez da economia brasileira perante uma platéia de empresários de todo o mundo. Destacou que o câmbio pode ser controlado com reservas enormes e que tem zelado pelo controle da inflação e buscado o equilíbrio fiscal, que o Brasil respeita contratos, enfim, essas coisas que investidor gosta de ouvir. E que há grandes perspectivas com um mercado consumidor ainda carente, com a iminência de nos tornarmos grandes exportadores de petróleo e precisarmos de parcerias para pesados investimentos em infra-estrutura.

Mal acabou o discurso e chegam as notícias da desvalorização cambial na Argentina na base de 20%. Independentemente disso as bolsas despencaram em todo o mundo por conta de indicadores ruins na China. Ações na Ásia despencam ao menor valor dos últimos 4 anos, com grandes perdas para o Japão.

Sabendo da retirada de subsídios na economia americana e dos efeitos sobre o câmbio, o governo brasileiro desvalorizou o real  em mais de 50% nos últimos dois anos, com elevação da inflação porém dentro da margem da banda de flutuação cambial. O Brasil tomou a vacina. A Argentina ficou parada olhando. Agora teve que fazer uma maxidesvalorização, liberar compra de dólares e logo terão que tomar outras medidas emergenciais que desorganizarão mais a economia.

Por aqui os urubólogos de plantão já apontam o caminho do pântano para a nossa economia. Dizem que o Brasil será infectado pela crise argentina, que haverá debandada de investidores e capitais, enfim, que estamos cada vez mais à beira do precipício. Isso tudo negado pela perspectiva de termos recorde na no nível de emprego. Faz parte, a mídia é paga para isso por grupos financeiros a quem tudo se traduz numa única ação: aumentar os juros.

Se fosse para urubuzar a economia mundial olharia mais para a China, onde há tensões na cúpula do Partido Comunista entre os mais ideológicos e os coxinhas capitalistas. No último congresso do PCC a ênfase no combate à corrupção foi a saída política para os mais conservadores buscarem controlar os que defendem maior amplitude para o capital. Anteontem foi presa uma ativista anti-corrupção e há rumores de denúncias sobre lideranças com dinheiro em paraísos fiscais. Um abalo no coração do poder chinês pode acontecer com graves repercussões econômicas. Aí não vai sobrar muito da lógica que rege hoje a economia mundial, centrada na exploração de mais-valia chinesa.

O discurso de Dilma pode não ter tido nenhum efeito por conta das realizações contra a desigualdade, que é um dos focos do Fórum, mas certamente deixou muita gente ciente de que o Brasil, entre os emergentes, é a melhor opção de investimento. Como naquela anedota dos dois caçadores que estavam sem munição e viram um leão rondando o acampamento. Enquanto um deles se desesperava com a proximidade do animal feroz, o outro calçava o tênis. "Por que está botando o tênis se não vai correr mais rápido que o leão?", disse o desesperado. "Não é para correr do leão, é para me afastar mais rápido de você". Ou seja, no capitalismo é o salve-se quem puder, e Dilma, mesmo sem saber, fez o Brasil calçar o tênis. 

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