terça-feira, 25 de junho de 2013

Proposta de plebiscito desmascara direitistas

Ontem logo que a presidente Dilma propôs um plebiscito para que o povo decida se quer uma Assembléia Nacional Constituinte para fazer a reforma política vi na Globonews comentários favoráveis dos analistas. Todo mundo concorda que o Congresso Nacional não tem condições de legislar sobre si mesmo e que não se sairá desse círculo vicioso de corrupção se não houver uma mudança feita por outros atores.

Quando a noite chegou, no Jornal Nacional, começou a choradeira da direita. Pulularam os líderes da oposição dizendo-se contra o plebiscito afirmando que cabe ao Congresso fazer a reforma. José Serra chegou a dizer que  o plebiscito seria absurdo. E juristas dizendo que a proposta é inconstitucional, é ilegal e engorda, parodiando Roberto Carlos. Nos sites de extrema-direita a gritaria foi grande. Querem dar um "golpe preventivo" antes que Dilma comece os "plebiscitos bolivarianos" da Venezuela. Uma saída "à Paraguaia".

O fato é que os políticos mais sensatos e sensíveis à conjuntura apoiaram a idéia como alternativa para responder ao que se pede nas ruas e nas casas: um Congresso que represente de fato o povo, sem mordomias, sem oportunidades para corrupção, permeável à sociedade e a mecanismos de democracia direta.

No exterior a proposta soou como saída democrática. Na BBC ontem vi a notícia com a foto de Dilma na reunião e a tarja "o povo decide". Na Fox News a notícia é "Líder brasileira Roussef parte para a ofensiva para atender à demanda das ruas".

Enquanto isso a mídia tupiniquim espalha ao vento, inclusive no exterior, que o Brasil vive uma crise econômica com baixo crescimento (2,45% na última pesquisa Focus é a expectativa, e isso é "baixo" no mundo estagnado). Para eles, essa é a razão dos protestos, e a solução é um plano de arrocho dos gastos públicos com maxidesvalorização da moeda e elevação dos juros. Isso associado ao coro de opiniões dos "analistas" e políticos selecionados para dizer que Dilma é a sombra de Lula, que não tem personalidade, que não entende nada, que reage com atraso aos problemas, enfim, incompetente. E também, claro, repete que as manifestações são contra a PEC 37 e pinçam imagens desse tema em meio a milhares de cartazes com outras propostas.

Pois é: a presidente "incompetente" do país do "pibinho" botou na mesa uma proposta de faxina geral do sistema político. Nada de puxadinho nem reforma superficial: entregou a proposta de implosão e reconstrução do sistema que não consegue ser reformado por dentro, para que a sociedade diga como quer que ele seja. Paira a confusão no movimento, que tinha sua dinâmica de varejinhos até que Dilma jogasse essa proposta melhor que as encomendas. Agora é hora de caírem as máscaras, até a do Anonymous falso.

Deixou a direita em sinucas de bico: se é contra o plebiscito, as ruas identificam e punem nas eleições. Se recorrem à última cidadela do conservadorismo, o STF, vão colocar seu potencial candidato a qualquer coisa, Joaquim Barbosa, diante do dilema de negar a consulta popular e as ruas lembrarão. Restarão as tentativas de manipular o processo por dentro, já que o Congresso deverá definir as regras, ou se nada der certo, o golpe.


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