domingo, 30 de junho de 2013

IPEA : Protestos não partem dos mais pobres

Ainda não está explicado o que houve no Brasil há duas semanas em termos de mobilização social nas ruas. Há 3 semanas o Movimento Passe Livre, da cidade de São Paulo, organizou uma manifestação contra o reajuste das passagens de ônibus urbanos. Há anos o MPL faz isso. O surpreendente foi a adesão superior e mais ainda o desdobramento em violência policial e vandalismo. Dois dias depois uma outra manifestação, maior, chegou aos destaques na mídia mundial pela violência assimétrica da polícia. Isso não chega a ser novidade no Brasil e em especial em São Paulo, onde essa truculência foi vista na greve dos professores, desocupação da reitoria da USP, marcha da maconha, etc. Em seguida houve os primeiros protestos contra os gastos da Copa do Mundo, juntando poucos milhares de pessoas.

O surpreendente veio depois, com a estranha adesão da mídia em apoio aos protestos. Milhares de pessoas de classe média, na maioria estudantes jovens, aderiram ao movimento que tomou as feições de "caras pintadas" também apoiados por mídia na época do "Fora Collor". Como uma espécie de tsunami que se somou às ondas normais de protestos, tivemos uma segunda semana turbulenta onde se questionou diretamente a política. Ocupação do teto do congresso e marchas até em cidades pequenas, tendo como reivindicação concreta a questão das passagens, apavoraram os políticos. Essa grande onda aparentava não ter líderes e era articulado pelo "poder das redes sociais", pelo menos essa foi a idéia vendida pela mídia, e nazi-fascistas organizados atacavam quaisquer pessoas que portassem faixas de partidos e movimentos sociais tradicionais. "Fora Dilma" e "Queremos os militares" estavam liberados, mas não houve muitos. O golpismo estava liberado, mas o movimento era "apartidário".

Na terceira semana, apesar dos protestos voltou a calmaria. Sobraram protestos contra a Copa e contra o preço dos transportes. Com medo, Dilma e o Congresso saíram acelerando propostas paradas há anos, propondo pactos, constituinte, plebiscito, etc. Acabando a Copa das Confederações hoje, por quanto tempo durará a onda de baixa amplitude que começou tudo? Afinal, o que provocou o tsunami da segunda semana que causou tantos estragos, entre eles a queda forte de popularidade da presidente Dilma e a rejeição da PEC 37, que envolvia interesses em manter superpoderes do Ministério Público normalmente usados para perseguir desafetos dos poderosos e postergar ou arquivar assuntos contrários aos grandes grupos econômicos? Quem eram essas pessoas? Vamos a alguns dados.

- Há pouco mais de um ano a Fundação Getúlio Vargas publicou uma pesquisa que mostra que o brasileiro tem o maior IFF - Índice de Felicidade Futura - do mundo. O IFF mede qual será o nível de satisfação com a vida em 5 anos. A nota do Brasil foi 8,6, acima da Dinamarca (8,1), Irlanda (8,0), Suíça (7,8), Reino Unido (7,7) e Áustria (7,5). O estudo ainda mostra que os maiores problemas brasileiros são coletivos (desigualdade, inflação, informalidade, violência e falta de democracia). O IFF é maior entre os jovens e cai com a idade;

- Apesar da mídia em sintonia com campanhas de terror da oposição de direita vender sua versão de que os protestos são contra a volta da inflação descontrolada, os dados mostram que o governo FHC, aquele que recentemente conseguiram fazer "imortal" na ABL sem publicar nada que justificasse, teve média de inflação maior que Lula e Dilma., como mostra a tabela abaixo:
Variação (%) Acumulada por item - IPCA 
julho de 1994 a maio de 2013
Índice Geral e ItemVariação (%)
Jul a Dez/941995199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013No Real
Índice Geral
18,57
22,41
9,56
5,22
1,65
8,94
5,97
7,67
12,53
9,30
7,60
5,69
3,14
4,46
5,90
4,31
5,91
6,50
5,84
2,88
332,33

fonte: IBGE - http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201305_3.shtm

Tampouco foi o desemprego, principal motivador dos conflitos como o movimento dos Indignados da Espanha e o Occupy, norte-americano, que se espalharam pelo mundo protestando contra a crise econômica e as duras medidas tomadas pelos governos capitalistas fazendo os mais pobres pagarem a conta. No Brasil temos praticamente pleno emprego.

E o tal do "pibinho", o baixo índice de crescimento econômico, fetiche da Globo, foi ele que criou a "revolução dos coxinhas" da segunda semana? Ter PIB positivo num cenário de estagnação mundial com uma economia complexa como a brasileira é um luxo, e temos tido crescimento maior que  a média européia e similar ao da economia americana. Não, também não é o "pibinho".

Temos uma ditadura no Brasil, causa das "primaveras" nos países árabes? Temos conflitos de natureza fundamentalista religiosa? Nada disso explica a amplitude da onda da segunda semana

E os mais pobres, entraram nessa? Não se viu nenhuma cena de saque entre os flagelados da seca, reivindicações pelo aumento do Bolsa Família ou protestos em supermercados pelos preços dos alimentos. Segundo Marcelo Neri,  presidente do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - não se pode afirmar que os protestos partam dos ricos, mas certamente não tiveram origem nos mais pobres.
O próprio Neri, em outra entrevista, disse que a desigualdade no Brasil caiu em vários níveis:
"... Há muitos anos, o Brasil foi apelidado de Belíndia, que comporta uma pequena e rica Bélgica e grande e pobre Índia. A citação continua atual, não só porque a desigualdade continua, mas porque o lado indiano do Brasil está crescendo muito mais do que o belga. Por exemplo, os 10% mais pobres melhoraram de vida 550% mais rápido do que os 10% mais ricos, durante uma década inteira. E este processo continua. Por outro lado, o abismo entre pobres e ricos está caindo. Se você pegar o estado mais pobre do país há oito anos, que era o Maranhão, verá que ele cresceu 46%. Já a renda de São Paulo, o mais rico pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), cresceu 7,2%. A renda no Nordeste cresceu 42%. No Sudeste, 16%. Na área rural, 49%. O Brasil que prospera é o Brasil que tinha ficado para trás. É o Brasil do campo, do negro, da periferia."...

Mais um dado que corrobora a visão do IPEA está na própria pesquisa que mostrou queda de popularidade de Dilma: a maior rejeição à sua candidatura vem do sudeste, e a menor, do nordeste. Tomou vaia em Brasília, justo onde há a maior renda "per capita" do Brasil e uma boa parte da juventude encontrou oportunidades de trabalho através de concursos lançados por Lula e Dilma para recompor a máquina estatal destruída por FHC.

Se não foram os mais pobres, se os movimentos sociais tradicionais não explicam a massa que foi para as ruas, o que explica então? Talvez estejamos diante de um dos maiores eventos de manipulação de massas da história, e em algum canto um grupo de marqueteiros pode estar rindo à toa. O fato é que conseguiram abalar a imagem de Dilma.

sábado, 29 de junho de 2013

Direita acorda feliz : Dilma despenca no Datafolha!

Das trevas da direita hoje se ouvirão fogos e espoucar de rolhas de champanhe. Afinal, conseguiram baixar a popularidade de Dilma. Primeiro com o boato do fim do bolsa-família. Depois, a campanha da inflação, aterrorizando o povo com o "descontrole" da economia. Depois veio a vaia a Dilma, amplificada com a participação da classe média direitista que "acordou" para as ruas. Agora, a transmissão diuturna das manifestações de rua contra o governo (não objetivamente contra Dilma, mas todos os políticos), fazendo a presidente em menos de 3 meses cair de 65% para 30% em avaliações nos conceitos "bom" e "ótimo".

Nisso muita gente boa vai na onda. Pau no governo, fora Dilma, nada presta. A quem serve isso? Agora fica mais claro por que a grande mídia mudou seu discurso, primeiro chamando todo mundo que estava nas ruas de baderneiro, bandido, vândalo, vagabundo e agora glamourizando os protestos de rua "dentro da ordem, sem vandalismo".

O que virá agora? Vão esperar as eleições de 2014 para voltar ao poder a corja que destruiu o país por mais de 500 anos, ou vão "abortar" Dilma com algum tipo de golpe institucional? Ou vão inviabilizar o final do seu mandato, com mais terror interno e no externo, congelando as decisões de investimentos, provocando mais inflação, paralisando programas sociais?

Foi bom que aparecesse esse resultado gritante, mesmo suspeito porque não existe pesquisa grátis,  para que as pessoas reflitam. Como é que um governo que há 3 meses era bom, de repente, sem nenhum ato seu, passou a ser ruim? Nada mudou, a não ser a campanha demolidora da mídia. Eles vão continuar, implacáveis. Será que as pessoas vão entregar as conquistas de 10 anos de mão beijada a Aécio, FHC, Serra, Globo, banqueiros e cia? Acredito que não. Para muita gente o triunfalismo de direita será o sinal de alerta para a reação. 

Leonardo Boff : Como interpretar as multidões nas ruas

Segue mais uma visão sobre o movimento nas ruas que há 3 semanas sacode o país. O texto é do filósofo Leonardo Boff


As multidões nas ruas: como interpretar?
28/06/2013

      Um espírito de insurreição de massas humanas está varrendo o mundo todo, ocupando o único espaço que lhes restou: as ruas e as praças. O movimento está apenas começando: primeiro no norte da África, depois na Espanha com os “indignados”, na Inglaterra e nos USA com os “occupies” e no Brasil com a juventude e outros movimentos sociais.    Ninguém se reporta às clássicas bandeirtas do socialismo, das esquerdas, de algum partido libertador ou da revolução. Todas estas propostas ou se esgotaram ou não oferecem o fascínio suficiente para mover as massas. Agora são temas ligados à vida concreta do cidadão: democracia participativa, trabalho para todos, direitos humanos pessoais e sociais, presença ativa das mulheres, transparência na coisa pública, clara rejeição a todo tipo de corrupção, um novo mundo possível e necessário. Ninguém se sente representado pelos poderes instituídos que geraram um mundo politico palaciano, de costas para o povo ou manipulando diretamente os cidadãos.

 Representa um desafio para qualquer analista interpretar tal fenômeno. Não basta a razão pura; tem que ser uma razão holística que incorpora outras formas de inteligência, dados aracionais, emocionais e arquetípicos e emergências, próprias do processo histórico e mesmo da cosmogênese. Só assim teremos um quadro mais ou menos abrangente que faça justiça à singularidade do fenômeno.

Antes de mais nada, importa reconhecer que é o primeiro grande evento, fruto de uma nova fase da comunicação humana, esta totalmente aberta, de uma democracia em grau zero que se expressa pelas redes sociais. Cada cidadão pode sair do anonimato, dizer sua palavra, encontrar seus interlocutores, organizar grupos e encontros, formular uma bandeira e sair à rua. De repende, formam-se redes de redes que movimentam milhares de pessoas para além dos limites do espaço e do tempo. Esse fenômeno precisa ser analisado de forma acurada porque pode representar um salto civilizatório que definirá um rumo novo à história, não só de um país mas de toda a humanidade. As manifestações do Brasil provocaram manifestações de solidariedade em dezenas e dezenas de outras cidades no mundo, especialmente na Europa. De repente o Brasil não é mais só dos brasileiros. É uma porção da humanidade que se indentifica como espécie, numa mesma Casa Comum, ao redor de causas coletivas e universais.

Por que tais movimentos massivos irromperam no Brasil agora? Muita são as razões. Atenho-me apenas a uma. E voltarei a outras em outra ocasião.

 Meu sentimento do mundo me diz que, em primeiro lugar, se trata de um efeito de saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada no Brasil, inclusive pelas cúpulas do PT (resguardo as políticas municipais do PT que ainda guardam o antigo fervor popular). O povo se beneficiou dos programas da bolsa família, da luz para todos, da minha casa minha vida, do crédito consignado; ingressou na sociedade de consumo. E agora o que? Bem dizia o poeta cubano Ricardo Retamar: “o ser humano possui duas fomes: uma de pão que é saciável; e outra de beleza que é insaciável”. Sob beleza se entende educação, cultura, reconhecimento da dignidade humana e dos direitos pessoais e sociais como  saúde com qualidade minima e transporte menos desumano.

Essa segunda fome não foi atendida adequadamente pelo poder publico seja do PT ou de outros partidos. Os que mataram sua fome, querem ver atendidas outras fomes, não em ultimo lugar, a fome de cultura e de participação. Avulta a consciência das profundas desigualdades sociais  que é o grande estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente formal, praticada apenas no ato de votar (que no fundo é o poder escolher o seu “ditador” a cada quatro anos, porque o candidato uma vez eleito, dá as costas ao povo e pratica a política palaciana dos partidos). Ela se mostra como uma farsa coletiva. Essa farsa está sendo desmascarada. As massas querem estar presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas.

 Esse fato das multidões nas ruas me faz lembrar a peça teatral de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes escrita em 1975:”A Gota d’água”. Atingiu-se agora a gota d’água que fez transbordar o copo. Os autores de alguma forma intuiram o atual fenômeno ao dizerem no prefácio da peça em forma de livro: “O fundamental é que a vida brasileira possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro…Nossa tragédia é uma tragédia da vida brasileira”. Ora, esta tragédia é denunciada pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para nós; ele não nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para as elites. Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir para uma refundação do pais, sobre outras bases mais democrático-participativas, mais éticas e com formas menos malvadas de relação social.

Esse grito não pode deixar de ser escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para frente.

Leonardo Boff é autor de Depois de 500 anos: que Brasil queremos?  Vozes, Petrópolis 2000.

Para o Brasil não girar à direita...

Na tentativa de explicar o fenômeno social que acontece há 3 semana e leva milhões de pessoas às ruas, reproduzimos abaixo a visão do coletivo trotskista Liga Bolchevique Internacionalista, como faremos adiante com outras visões de esquerda. A unidade de esquerda e o protagonismo do movimento operário estão entre as propostas:

EDITORIAL
Para o Brasil não girar à direita, o movimento operário deve ser o protagonista do cenário nacional
 
A esquerda ainda procura entender o se passa no Brasil após a avalanche de protestos que cruzou as principais cidades do país. As passeatas da juventude contra o aumento das tarifas no transporte público, que tiveram origem em São Paulo e no Rio, receberam um “carinhoso” tratamento por parte da oligarquia política dominante (PT, PCdoB, PSDB ,PMDB etc...), sendo inicialmente desqualificados como “Vândalos e Baderneiros”. Até mesmo a esquerda revisionista que apoiava inicialmente a convocatória do MPL para os protestos, como o PSTU e PSOL, deu um passo de lado afirmando que não avalizava os “atos de vandalismo” ocorridos na Av. Paulista, na mesma linha do sindicato dos Metroviários/SP (CONLUTAS) que afirmou não ter nenhum comprometimento político com as mobilizações que estavam ocorrendo. Lamentável papel ocupou a prefeita “comunista” em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), sintetizando uma posição comum da esquerda declarou à Rede Globo no dia 12/06: “Acho que, depois dos acontecimentos nessas três manifestações, a vontade dos manifestantes não é dialogar. Os métodos utilizados afastam o diálogo, não aproximam. Não podemos aceitar que o objetivo seja criar transtorno. O diálogo nessas condições não é possível”. Para trazer a “solidariedade” da esquerda petista (DS, OT, EM), não aos manifestantes e sim ao fascista Alckmin, entrou em cena o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, oferecendo os “préstimos” da PF para monitorar o movimento. Mesmo isolados os corajosos “vândalos” do MPL seguiram com o movimento, que também chegou com muita força no Rio, organizando passeatas ainda maiores, catalisando desta forma o sentimento de “puteza” do conjunto da juventude oprimida por este regime da “Democracia dos Ricos”. Mas os quadros estrategistas da mídia “murdochiana” percebendo o potencial explosivo das mobilizações resolveram “abraçar” o movimento, e com a ajuda do reacionário grupo internacional “Anonymous” conseguiram “pautar” o movimento com bandeiras “cívicas e patrióticas”. Este foi o sinal verde para que milícias neofascistas e hordas da classe média direitista ocupassem as marchas para impor o “terror” indiscriminadamente contra todas as organizações da esquerda, contando inclusive com apoio de grupos anarquistas, muito influentes neste período de completa despolitização de setores mais atrasados da juventude plebeia. Ganhando um caráter multitudinário nacional, o movimento das ruas não é homogêneo e tampouco conseguiu assumir centralizadamente o eixo tão sonhado pelo “PIG”, do “Fora Dilma”. “Comendo pelas beiradas” a reação midiática tenta pelo menos unificar politicamente os protestos na “luta” contra a PEC 37, já contando com o apoio do PSOL,PSTU e PCB. Trata-se de uma manobra antidemocrática da burguesia que pretende transformar a corja reacionária do ministério público (Roberto Gurgel e Cia.) em um superpoder neste país. A única certeza mesmo que temos é que se o movimento operário organizado não se fizer presente e atuante politicamente nestas mobilizações, com seu próprio programa classista, a dinâmica do movimento nacional penderá inexoravelmente para a direita, colocando o país na sinistra trilha da reação imperialista mundial.


A reacionária onda de ufanismo “patrioteiro” e a rejeição agressiva de uma grande parcela dos manifestantes aos partidos de esquerda é um fenômeno político bem mais profundo do que o desgaste provocado por dez anos de governos burgueses da Frente Popular, ainda que este fator contribua em muito com a “desmoralização” da esquerda reformista. Como podemos aferir também a esquerda “socialista” não “chapa branca” foi alvo da fúria direitista, vinda de manifestantes que não poderiam ser propriamente definidos como “desiludidos” com a prática do PT. Como sempre, os revisionistas do marxismo tentam justificar a guinada à direita das massas (mesmo sendo espancados e expulsos das passeatas) como um fator “progressivo”, afinal seria uma consequência da “repulsa ao governo Dilma” e, portanto, passível de ser “capitalizada” pela esquerda em outra oportunidade, muito provavelmente nas próximas eleições... Acontece que estas tendências reacionárias da população (claramente expressa nas manifestações) são produto direto da etapa mundial contrarrevolucionária, gerando um “vazio” ideológico na luta de massas, ainda que esta se mobilize com métodos radicalizados. A chamada “crise de representação” não tem nada de “avançado”, sob a ótica do marxismo, é um reflexo internacional da eliminação das conquistas sociais dos Estados operários e da histórica derrota sofrida pela esquerda estalinista no Leste europeu. A ausência de uma autêntica direção revolucionária (mais além dos revisionistas que flertam com a social democracia) nestes processos políticos só agrava esta situação e acaba potenciando um “caldo de cultura” favorável ao crescimento de vertentes anticomunistas no seio das massas.

A adoção de uma agenda que contemple as reivindicações mais imediatas dos trabalhadores, em substituição à difusa pauta “verde amarela” induzida pela mídia, está ligada diretamente a capacidade de tomar a direção política do movimento nacional das mãos dos que manipulam hoje as chamadas “redes sociais” na internet, o que não implica necessariamente a disputa “por dentro” mantendo-se o atual quadro. Não se trata de uma tarefa fácil, posto que a própria esquerda perdeu em muito seu vínculo direto com o proletariado, reduzindo sua área de influência aos aparatos sindicais burocratizados. Convocar as mobilizações majoritariamente pela “Rede” pressupõe atingir um certo público atomizado e “individualizado”, ou seja indivíduos mais despolitizados que não integram e nem participam de entidades de massas. “Facebookeiros” são por excelência uma “audiência” nos atos muito mais propícia a um discurso reacionário e ações violentas contra a esquerda. É necessário primeiro estabelecer um norte de classe aos protestos nacionais e como consequência lógica mobilizar os próprios trabalhadores mais conscientes e a população oprimida das periferias, que com certeza não serão encontrada em nenhum “Orkut” ou “Face” da vida...

Outra questão vigente colocada é como enfrentar as hordas de nazi-mauricinhos que cada vez mais e em maior número nos protestos tem atacado indiscriminadamente as correntes de esquerda, do socialdemocrata PT até a Trotsquista LBI. Alguns agrupamentos tem defendido a formação de blocos antifascistas ou mesmo uma suposta “frente única operária” para a defesa da esquerda. O próprio PT convocou a organização de uma massiva coluna de toda a esquerda para a passeata do dia 20 em SP, “onda vermelha”, que acabou virando uma “marolinha laranja” em função da pouca receptividade de suas bases ao chamado. O PSTU que sonhou “surfar” na maré anti-Dilma desatada pela direita, acabou mesmo tendo é que se juntar ao PT para não apanhar, Zé Maria participou até de um ato no Sindicato dos Químicos/SP (21/06) ao lado de Rui falcão, onde debateram a formação de uma aliança para as próximas manifestações. Nós da LBI temos como princípio programático a defesa ativa de todo militante do movimento social, independente das divergências políticas ou metodológicas, diante de qualquer perseguição ou violência sofrida pela via do Estado capitalista ou de milícias neofascistas. Mas neste momento organizar colunas ou blocos comuns nas manifestações com partidos da base da Frente Popular ou com os “OTANISTAS” do PSTU/PSOL significa legitimar a própria plataforma política que conduziu a hegemonia da direita neste processo de mobilização. A melhor alternativa de combate às ações da direita reside na própria mudança da estratégia de condução do movimento, e não na diluição dos revolucionários em um mesmo bloco com o governo do PT ou mesmo a pró-imperialista “oposição de esquerda”. Para derrotar efetivamente o “furacão verde-amarelo” é necessário não a “onda bandeira vermelha” do PT, mas redirecionar as mobilizações para a classe operária e seus aliados, por que nestas a “mauriçada” direitista e as hordas fascistas não terão a coragem de sequer passar por perto de nossas “foices e martelos”.

Os Marxistas Leninistas da LBI veem com bastante preocupação o momento que o país atravessa, fomos a primeira corrente da esquerda a alertar o desvio do movimento, enquanto o conjunto do revisionismo (e até mesmo setores oficialistas da esquerda) delirava com alucinações oportunistas do tipo: “rebelião popular” no Brasil. Não se trata agora de recuar, ou perfilar-se com o governo Dilma, temendo o potencial revolucionário das massas e da juventude em luta. A perspectiva aberta impõe uma enérgica ação da esquerda comunista para evitar um triunfo das forças mais retrógradas deste país. Somente o proletariado organizado, protagonizando com suas ações políticas o cenário nacional, poderá “virar o jogo” a favor da construção de uma verdadeira alternativa embrionária de poder socialista. Convocamos os genuínos comunistas e todos os coletivos classistas do país a se empenharem com a LBI nesta tarefa revolucionária da qual depende o êxito ou a derrota destas mobilizações nacionais em curso.

[24/6/2013; 9h10min]

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Demo-tucanos têm medo de povo e são contra plebiscito

Se a grande massa que diz ter acordado agora para a política se dispuser a estudar a história dos últimos 30 anos perceberá que uma minoria odeia povo, pobre e impõe pelo poder econômico e de mídia suas visões. Agora eles estão contra o plebiscito proposto pela presidente Dilma para fazer a reforma política mais profunda, com a energia do povo nas ruas.

Eles querem o referendo, não o plebiscito, porque não querem a opinião do povo antes de propor as mudanças. Querem juntar num saco coisas positivas e negativas, e depois empurrar o pacote para aprovação. Ou seja, junto com o filé vai um monte de gordura e nervos. O princípio é esse: nunca deixar o povo dizer o que o Congresso deve fazer, afinal, as eleições da maioria dos deputados e senadores são conseguidas por dinheiro e mídia.

Demofobia = medo do povo. As velhas raposas não querem que os ares das ruas entrem no congresso. Ouvir o povo, nem pensar. Para eles, o congresso carcomido tem que fazer as reformas políticas e depois perguntar ao povo: gostou? Sim ou não?http://www.brasil247.com/pt/247/poder/106793/Oposição-rejeita-plebiscito-e-quer-referendo.htm

Mantega : "Brasil teria naufragado com receitas da oposição"

Numa audiência pública ontem na Câmara dos Deputados a oposição em coro cantava o mantra "inflação alta, PIB baixo, fora Mantega". Um deputado do DEM chegou a dizer que a revista Financial Times sugeriu a saída de Mantega como se fosse algo natural, um ato soberano, afinal, quem é o Brasil para discordar da FT? A oposição também tem como "realidade" que o governo não governa mais, que Dilma precisa ouvir seus conselhos para "salvar seu mandato". O recado é dado pela revista Exame, da Abril, a mesma que publica o panfleto de direita Veja

Nesses tempos turbulentos, de mentiras jogadas ao vento, cabe relembrar que em setembro de 2008 o mundo entrou em crise e os PIBs das principais economias se tornaram negativos. Milhões de empregos foram destruídos, empresar foram fechadas, governos jogaram bilhões de dólares para salvar bancos e grandes empresas, cortaram programas sociais e aposentadorias, privatizaram, pioraram as condições de vida de pessoas que viviam em relativa fartura até mandá-las para baixo da ponte.

Na época o PSDB recomendou que o Brasil seguisse os remédios recomendados pelo FMI, que se cortasse gastos do governo, privatizasse, etc. Lula disse que essa onda chegaria ao Brasil como marolinha, e contrariou todo mundo: apoiou o consumo, reforçou os programas de transferência de renda. O resultado foi um nível de emprego invejável e crescimento positivo do PIB em meio à desgraça geral. E assim chegamos até aqui.

O que quer a oposição então, tentando tirar Mantega e mudar a política econômica? A resposta é cruel, mas querem acabar com a política econõmica desenvolvimentista para favorecer os de sempre: o capital especulativo, que nada produz, e os interesses internacionais no Brasil acima dos interesses soberanos. Fazendo isso agora, em pleno governo Dilma, o país pararia e entraríamos em sintonia com os fracassos dos países capitalistas mais ricos. O desemprego e a renda cairiam, criando insatisfação, prejudicando Dilma nas eleições.

Mantega citou que a inflação diz que o movimento das ruas é para reclamar da política econômica do governo, mas disse que não viu nenhuma faixa ou cartaz pedindo empregos, menos inflação, etc. Por fim, irritou de vez a oposição ao dizer que se o Brasil tivesse usado a receita da oposição, teria naufragado. Aí vem a reflexão: e se José Serra fosse hoje o presidente, onde estaríamos? Ouviria as ruas? Mudaria prioridades? Bem, o dinheiro do pré-sal não existiria, pois sempre defenderam que a Petrobrás não deveria gastar tanto. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O "padrão FIFA" não chegou às filas

Acho que um dos objetivos intangíveis da candidatura do Brasil à Copa do Mundo da FIFA foi alcançados por vias tortas: a partir de padrões mais elevados, tentar criar novos referenciais qualitativos para a população. Em outros países esses eventos estimularam governos a fazer campanhas por boas maneiras, civilidade, etc, pois o mundo inteiro estaria vendo o país, e seria importante uma boa imagem para mostrar  o povo desenvolvido e atrair as atenções de turistas, investidores, etc.

A movimentação das ruas, ao incorporar segmentos de classe média que passaram a reivindicar  "padrão FIFA" nos hospitais, escolas e transportes públicos ajudou a essa reflexão, mas não chegou às pessoas, em especial da própria elite que cobra dos outros mas se acha acima das regras e leis. Vão ao exterior e lá se enquadram em tudo como se fossem os melhores cidadãos locais: não jogam lixo nas ruas, respeitam faixas de pedestres e limites de velocidade, obedecem às filas, etc. Esse aprendizado cai por terra ao chegar por aqui.

Certa vez vinha do exterior e havia uma fila para despachar malas para conexões. De repente, chega uma turba de turistas brasileiros vindos dos EUA que, na moral, criaram uma fila paralela e passaram a querer ser atendidos furando a outra fila. Algumas pessoas protestaram pela falta de educação, e o barraco foi armado. Tudo gente classes A e B.

No jogo Brasil x Japão, cheio das mesmas classes A e B de Brasília, entre os quais os que vaiam presidente, estava numa fila para comprar cerveja e uma senhora simplesmente foi se encostando até que furou a fila. Não satisfeita, pegou dinheiro de uma outra pessoa para comprar várias cervejas, que eram servidas em copos e cada uma levava um certo tempo. Um homem denunciou o ato de falta de educação, a mulher reagiu e rapidamente chegou a polícia e a obrigou a ir para o fim da fila. Aplausos da fila toda.

Hoje novamente em aeroporto vi uma cena dessas. Os detetores de metais do aeroporto JK, em Brasília, estão numa área em obras, mas o trabalho é exatamente o mesmo dos outros tempos. Nisso uma senhora logo adiante na fila começou a dizer que era um absurdo o Brasil seguir as normas anti-terrorismo por causa da Copa, da FIFA, governo isso e aquilo. Ninguém deu bola. De repente, ela convida quatro outras mulheres para entrar na fila com ela, na boa, para irritação do restante da fila que, com o seu ato, demoraria bem mais. Vozes se elevaram, as pessoas acabaram saindo e a mulher ficou reclamando. Ela é do tipo que se acha "padrão FIFA". 

Congresso e oposição chantageiam Dilma com ameaças à reeleição

Quando a presidente Dilma propôs uma Constituinte com fins definidos para fazer a reforma política sabia o que fazia porque conhece bem o Congresso. A maior parte dos protestos nas ruas tem a ver com o legislativo que emperra matérias de relevante interesse como forma de cobrar concessões do executivo para fazer as coisas andarem. Aí vêm as chantagens de base aliada, querendo mais cargos, liberação de emendas parlamentares, etc. E outros pedindo mensalões para serem aliados.

Deixar com o Congresso a regulamentação do sistema político é como entregar ao lobo a tarefa de organizar a convenção de condomínio do galinheiro. Agora os nobres deputados e senadores, da base aliada e da oposição, com o apoio sempre fiel da mídia bandida, ameaçam colocar em discussão a reeleição como vingancinha em relação a Dilma por ter jogado a batata quente nas mãos deles, expondo às ruas que pouco tem a ver com a inoperância do Congresso. Uma jogada arriscada por alguns aspectos que cheiram a blefe.

Primeiro: Os atuais eleitos poderiam ser reeleitos, já que a regra é anterior? Nesse caso seria inócuo não apenas para Dilma, mas para todos os que pretendem se reeleger, ou seja, só valeria para governadores e presidente a partir de 2018 e para prefeitos em 2020.
Segundo: A oposição quer mesmo por em risco Alckmin, Anastasia e outros? E quer ver Lula de volta antes do previsto?

Nada disso. O movimento das ruas pisou na bola ao desprezar a proposta de Dilma, o que vem sendo aplaudido pela mídia que estava morrendo de medo de realmente se democratizar o sistema político. Dilma retirou a proposta que sequer foi entendida pelo PT, que já vinha propondo jogar um perfume no atual sistema político.

Os protestos conseguiram empurrar votações sem a necessidade de "toma lá, dá cá" tradicionais, por isso a questão dos royalties andou rápido. E a PEC 37 de contrabando, já que mesmo sendo razoável nos seus princípios de acabar com superpoderes ditatoriais do MP, apenas um pequeno punhado de deputados votou nela e agora se sujeita à humilhação pública.

A corporação congressual aposta no esfriamento do movimento e parece estar agindo apenas por inércia, ou seja, quem pressionou agora não sabe o que quer. Como cachorro que corre atrás de pneu e não sabe o que fazer quando o carro pára. Deputados e senadores, ao retomarem o "é dando que se recebe" depois de mostrarem serviço, demonstram que os ares que vieram das ruas estão dando lugar á tradicional poluição do poder político. Será que vamos perder esse momento histórico e ver mais uma conciliação pelos de cima, entregando anéis para não perder os dedos?


GOLPE : "Último Aviso de prestação em atraso"

Quem não se assusta ao receber uma mensagem informando que há uma prestação em atraso, com ameaças de execução, nome no SERASA, etc? Se saber do que se trata o normal é sair clicando por curiosidade, e aí chamar para o seu computador vírus que se instalarão e poderão vir a roubar seus dados, transformar sua máquina num "zumbi" para ataques de hackers, isso quando não te pedem um cadastro para depois te aplicarem novos golpes.

Ontem recebi de uma só vez dois desse tipo de mensagem. Um deles do jeito que está no tópico, ou seja, com duas palavras em maiúscula sem necessidade, por erro de escrita mesmo, o que já é motivo para desconfiar. O receptor não é o meu nome, mas o e-mail, indício de que alguém tem uma mailing list e arrisca aleatoriamente. Não tem o nome da empresa de cobrança, apenas um tal Jorge Vagner, Chefe do Departamento Jurídico.

A mensagem ameaçadora vinda de eigbox.net deve abalar os nervos de contumazes devedores, pois fala de uma carta que certamente o destinatário não recebeu e de mandar o título para protesto iniciando processo de execução. Aí o incauto clica no link "Cobrança 2a via duplicata.pdf" e daí para a frente fica por conta da maldade de quem mandou a mensagem. O link manda para http://ow.ly/mo5MT, que deve ser um site hospedado no inferno.

Seguem os textos desse e de outro golpe da mesma matriz, de uma cobrança atribuída à Polícia Federal, daqueles que começam errando pois são "de mim para mim", intimida e força a abrir o link para instalar seja lá o que for.  Muito mal feito, pois não conseguiu colocar um número de processo por falha do script do golpista. Coisa de malandro otário, que coloca no fim do texto um copyright como se houvesse algo a proteger por direito autoral. Só se for o seu estilo de golpe.

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Ultimo Aviso de prestação em atraso
"Prezado(a) Cliente: 

Arquivo(s) em Anexo(s): Cobranca 2a.via Duplicata.pdf ( 268.8 KB ) 

Tendo em vista que não nos procurou no prazo estipulado em nossa carta de 04/05/13, 
comunicamos que a duplicata em questão foi levada a protesto, medida inicial no 
processode execução que iremos intentar contra, caso o pagamento não seja 
efetuado no 1º Cartório de Protesto de Letras e Títulos. 

Att, 

Jorge Vagner, 

Gerente do Departamento Jurídico."
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Assunto: Voce esta Sendo Intimado para Comparecimento para Audiencia sob Protocolo N. 1212006349

Caro(a) Cidadão!

Atenção!

Intimação para comparecimento em Audiência no Dia 25/06/2013.
Numero do processo N.%random%num%
Veja no Anexo os Dados, Motivo e Informações sobre a Intimação.
Dados Sobre a IntimaçãoVisualizar_IntimaçãoJunho2013.pdf  

Copyright Departamento de Policia Federal - DPF,
Coordenacao de Tecnologia da Informacao - CTI, Brasília-DF

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protestos ganham novo perfil. O que vem agora?

Entramos na terceira semana de protestos, começados em São Paulo em 11 de junho quando houve forte violência na manifestação contra o aumento das passagens. Nesse dia a mídia criminalizou o movimento, chamando os participantes de baderneiros e vândalos. Dois dias depois, na quinta 13 de junho, a violência extrema da polícia mostrada pela TV causou consternação e o jogo virou: a mídia passou a apoiar os movimento, buscando manipulá-los, e segregou "o vandalismo" do "movimento ordeiro", integrado em boa parte por setores de classe média alta. Começaram as hostilidades aos jogos da Copa das Confederações.

No sábado, dia 15, começou a Copa das Confederações e houve o episódio da vaia a Dilma pela elite de Brasília, o que fortaleceu as expectativas de mídia de dirigir o movimento contra o governo. Começaram a inventar que o povo estava nas ruas pela inflação e por bandeiras como a rejeição da PEC 37, além de bandeiras morais como o combate a corrupção, e pelo contraste entre gastos da Copa e o estado da saúde e educação. Virou moda o "tudo padrão FIFA". A mídia ressalta o "apartidarismo" e aplaude a falta de lideranças do movimento organizado ("não tem lideranças")

A segunda semana foi de ampliação das manifestações conquistando os espaços das ruas por todo o país, ainda tendo como centro a questão do aumento das passagens. Diante da condenação geral à truculência policial em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin anuncia o fim do uso das balas de borracha. Em Brasília, manifestantes ocupam o teto do Congresso mas não entram no prédio.

Na terça-feira, 18, a presidente Dilma deu a sua bênção ao movimento dizendo que o Brasil acordava fortalecido. No exterior, imagens das manifestações começaram a vender a imagem da mídia brasileira: movimentos contra a inflação e o baixo crescimento econômico.

Nesse mesmo dia o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, recebeu as lideranças do Movimento Passe Livre e disse que para cancelar o ajuste teria que tirar o dinheiro de investimentos da área social, sem apresentar solução. À tarde Dilma foi a São Paulo se reunir com Haddad e Lula, para discutir alternativas. À noite, a prefeitura era atacada por vandalismo. As emissoras de TV, apesar de terem tido veículos incendiados ao longo dos protestos pelo país, passaram a fazer cobertura em tempo real, sem intervalo, com imagens focando em especial os atos de vandalismo.

Passou a ser mais visível o grupamento de natureza nazi-fascista em meio ao movimento, com agressões em nome do anti-partidarismo, em especial às bandeiras do movimento organizado de esquerda. Na quinta, dia 20, a prefeitura e o governo de São Paulo anunciaram o cancelamento do aumento  de passagens de ônibus, trens e metrô. Os grandes atos do dia, os maiores até então, foram marcados por atos de extrema violência. Em São Paulo e no Rio houve agressão de militantes do PSTU, PSOL, PT, CUT e UNE por bandos de fascistas. Em Brasília, mesmo com quatro vezes mais participantes que na segunda-feira, o movimento foi barrado na intenção de chegar ao Palácio do Planalto e de chegar próximo ao Congresso por um forte esquema de segurança. As imagens de vandalismo no Palácio Itamaraty, patrimônio da humanidade, chocaram muitos em Brasília.

Sexta, dia 21 : O MPL sai do movimento alegando "ares fascistas" por trás do anti-partidarismo. Muitas prefeituras baixam o valor das passagens fazendo valer as isenções de PIS e Cofins do governo federal. Cresce a movimentação de direita querendo fazer Dilma parecer responsável por tudo. Aparece a figura do mascarado do Anonymous, propondo pauta de 5 itens, sendo o primeiro a oposição à PEC 37. À noite, Dilma fala à nação e considera justos os anseios por mais democracia direta, além de sinalizar mais recursos para a educação através dos royalties.

No sábado, 22, a Globo, através de editorial, diz que o movimento ultrapassou o limite, enxerga movimentos de natureza bolivarianos no discurso de democracia direta e a partir daí reduz a cobertura sobre os protestos e foca na rejeição da PEC 37, para manter os superpoderes policiais do Ministério Público que servem ao poder econômico e à mídia oposicionista.

O Brasil vence a Itália por 4 x 2 e começa a criar expectativa na torcida. As manifestações contra a Copa arrefecem.

Na segunda-feira nota-se o esfacelamento dos protestos, grande parte por questões ainda ligadas ao transporte. Ganham visibilidade movimentos comunitários reivindicando de passarelas, saneamento, segurança, etc. Aumenta a presença de setores do lumpesinato que vinham encontrando oportunidades de saques e depredações em meio ao movimento pacífico. Cai a participação dos setores que se reivindicavam como "o Brasil acordou", em especial os setores mais ricos, à direita e alienados. Os tais "coxinhas" e o pessoal do oba-oba, que participava dos eventos para botar fotos em redes sociais, reduziram sua presença. Ficam os novos militantes mais consistentes politicamente.

À tarde a presidente Dilma propõe 5 pactos, com destaque para a proposta de um plebiscito para decidir pela criação de uma assembléia constituinte específica para alterar o sistema político, numa reunião com todos os governadores e prefeitos de capitais. A proposta choca os setores à direita. A oposição faz discurso contrário. A mídia convoca juristas e personalidades para questionar a legalidade. A direita cavernosa espalha nas redes sociais que Dilma quer fazer no Brasil os plebiscitos chavistas e governar acima dos outros poderes. O movimento das ruas, sem direção clara, não absorve a proposta. Nenhuma organização, inclusive o PT, defende enfaticamente a proposta, deixando Dilma praticamente sozinha. Todos querem uma reforma feita pelos atuais congressistas visando as eleições de 2014.

Na terça, 25, a mídia joga seu poder de partido para detonar de vez a proposta do plebiscito, com a colaboração de segmentos do próprio PT, como o ministro José Eduardo Cardoso, que já foi aceitando a proposta da OAB de fazer uma consulta popular em cima de questões para levar ao atual congresso para fazer uma PEC. No fim do dia o Planalto recua e aceita esse encaminhamento. O ministro do STF, Joaquim Barbosa, momentos antes declarava seu afinamento com Dilma na necessidade da participação popular na revisão do sistema político para que não houvesse novamente um conchavo de elites.

No Congresso houve novas propostas endossando os pactos e a oposição mostrou-se contra a participação popular, partindo para atacar o governo com questões de cunho ético-moral. À noite a PEC 37 foi derrubada e a proposta de destinação de royalties de petróleo foi aprovada na base de 25% para a saúde e 75% para a educação.

Amanhecemos a quarta, dia 26, perguntando: e agora que a pauta da Globo foi atendida (PEC 37), que os três poderes mostraram algum tipo de concessão sobre os grandes temas (reforma política, recursos para educação e saúde, redução do preço dos transportes), o que virá agora? A tendência é da mídia diminuir seu apoio, já que agora a composição do movimento mudou. Os últimos protestos já mostram o ascenso dos movimentos sociais organizados, partidos e as lutas das comunidades.

Ontem os moradores das favelas da Rocinha e Vidigal devem ter deixado em pânico a classe média alta da zona sul carioca, ao marcharem até a casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon. Não houve qualquer distúrbio, mas o medo dos pobres agora irá exigir das autoridades maior repressão. Para hoje é previsível a Batalha de BH, com a convocação da maior manifestação da cidade buscando chegar ao estádio na Pampulha para se manifestar no jogo Brasil x Uruguai. A mídia tem interesse em faturar com a Copa e tenderá agora, satisfeita sua pauta, a focar na culpa dos manifestantes sobre toda e qualquer violência, tipo "pediram para apanhar".

Para amanhã estão previstas novas grandes manifestações. Ontem a convocação via redes sociais mostrou muita gente confirmando participações que não se realizaram. O movimento agora mostra os mais necessitados indo às ruas, ganhando a prevalência sobre a classe média. O ambiente também estará minado pelos nazi-fascistas e pela presença crescente do lumpesinato oportunista em busca de saques, arrastões, etc. A presença de movimentos organizados também será mais efetiva, com trabalhadores começando a participar enquanto categorias.

Na minha avaliação, a festa de mídia está acabando. Para a direita todos os anéis já foram dados para preservar seus dedos, e agora é hora de parar com isso. A tendência será de vermos manifestações mais compactas e mais consistentes politicamente, levantando com mais força problemas que atingem o povão e não foram priorizados até aqui. Agora vão voltar a chamar o movimento de baderna e exigir das autoridades mais repressão. Os golpistas de plantão dirão que o governo é fraco e tentarão, como é o seu papel, dar um jeito de tirar Dilma e botar alguém que "tenha mão de ferro" para acabar com a luta dos pobres. Agora seria a vez do povo, mas isso não interessa ao "establishment". 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Oposição não quer participação popular e aproveita para atacar Dilma

Agora há pouco o presidente do Senado, Renan Calheiros, falou sobre os pactos propostos pela presidente Dilma e fez acréscimos com propostas nas áreas de segurança e de políticas anti-drogas e propõs passe livre para todos os estudantes, com recursos dos royalties do petróleo. Entende que os recursos de royalties que vão para a educação devem bancar esse passe. Propõe reduzir ministérios, corrupção como crime hediondo, e apóia o plebiscito.

Momentos depois o presidente do PSDB, Aécio Neves, falou em nome da oposição, que inclui o DEM e o PPS. Acusou Dilma de não mobilizar sua base de apoio para aprovar projetos e relacionou uma série de pedidos de informações que vão do uso do cartão corporativo a negócios da Petrobrás. Muito denuncismo e praticamente nenhuma novidade em relação aos discursos oposicionistas anteriores. Mais para palanque que para ouvir o que se pede nas ruas. Não apoiou o plebiscito. 

Joaquim Barbosa é favorável à reforma política com participação popular

Agora há pouco na Globonews o presidente do STF, Joaquim Barbosa, disse que a crise de legitimidade  dos poderes exige soluções com a participação popular. Na história do Brasil as crises sempre foram resolvidas por cima, pelas elites,em conchavos de cúúla e agora é preciso mudar isso. Concorda com a presidente Dilma nesse aspecto de participação popular.

Barbosa também disse que a pesquisa que dá 30% a ele de preferência para presidente entre os participantes dos movimentos não diz muito da realidade, porque outros segmentos não foram consultados. Disse que não tem o menor interesse em ser candidato.

Afirmou que a democracia brasileira é forte suficiente para superar a crise e buscar soluções. Acha que o eleitor deve ter o direito de anular, revogar e propor uma nova eleição caso seus candidatos não cumpram aquilo a que se propuseram.

Acha que o povo está preparado para eventual plebiscito, e que tem o poder de decidir. Não quis se posicionar sobre o passe livre.

Sobre mensalão disse que os embargos serão julgados em agosto. 

Constituinte : Proposta avançada pode morrer por politicagem

Apesar que querer a demolição do atual sistema político para que outro, democrático, transparente e permeável, com participação direta da sociedade, e defender a proposta de Dilma tenho sérias dúvidas sobre a viabilização porque a idéia não teve, até aqui, o impacto esperado. O que Dilma propôe é muito superior a tudo que se pede. A Constituinte é a mãe de todas as propostas. Era para qualquer indignado com corrupção, mordomias, gastos de políticos e prioridades erradas ter abraçado a proposta e ir para as ruas.

Isso não aconteceu. Só serviu para a direita ficar apavorada e pregar o "golpe preventivo" diante do "bolivarianismo" plebiscitário. Nas ruas continua a luta focada em transportes, a Globo promovendo a PEC 37 e o esfacelamento das lutas em pequenas manifestações.

Até o PT foi pego de surpresa. Vinha propondo uma reforma política de remendos, e de repente a Dilma atropelou todo mundo com algo muito melhor. A esquerda não deu bola, e mesmo os deputados do PT apóiam porque foi a presidente que fez, meio sem ênfase.

A Globo já se agarrou na proposta da OAB para fazer um projeto de reforma no atual congresso e submetê-lo a plebiscito popular. Uma meia-sola que salva os traseiros dos atuais congressistas e afasta o risco da energia saneadora das ruas ameaçar o "establishment"

A mediocridade dominante não aceita que Dilma dê as cartas no processo, mesmo que a proposta seja avançada. Todo mundo só olha para as eleições de 2014 e quer enfraquecê-la para ter chances de pegar o poder e manter tudo como está.

Enquanto isso a energia das ruas é aterrada pela triste constatação de que parece que todo mundo quer que as coisas fiquem como estão para todos continuarem reclamando sem ninguém mudar nada. Parece cômodo assim.






Brasil Vira-Latas 0011 - "Brasil tem que ficar sujo lá fora"

Em nenhum país do mundo há uma elite de tão baixa auto-estima como o Brasil. Vídeos em inglês disponíveis em http://www.youtube.com/channel/UCam9BTzLasWCu_fo716tefA
onde um ilustre desconhecido esculacha o país e ainda merece divulgação pelos vira-latas como forma de dizer lá fora que o seu país não presta e que o melhor seria uma intervenção estrangeira ou um golpe que consolidasse o papel de lacaio de potência do capital.

Outro vídeo famoso para felicidade dos colonizados é o de uma moça que diz para ninguém ir ao Brasil na Copa do Mundo, investindo no fracasso de um projeto arrojado onde se gastou bilhões através do aborto dos retornos previstos. Já existe um outro material "Dont go to Brasil" (sic), que circula nos sites de extrema-direita.

Fica a dúvida: esses videos são feitos aqui por idiotas locais ou isso é parte de algum tipo de complô internacional? Embora a elite deprimida não tenha muita noção do que se passa por aqui, a Petrobrás descobriu reservas de petróleo gigantescas, do nível das existentes na Venezuela ou Arábia Saudita, e isso implica em cobiça, em especial do Grande Irmão do Norte. Dentro de dois anos começaremos a exportar petróleo e tudo que alguns querem é botar a mão nessa grana, como fazia a elite venezuelana, com o apoio estrangeiro. Faz sentido, não é?

PS: O Blog Viamundo postou a matéria a seguir. Estranhamente a marca #changebrazil# aparece no jogo do Fluminense em Miami. http://www.viomundo.com.br/politica/changebrazil-leitores-estranham-conexoes-do-movimento.html

FANOAPÁ 0034 : Direita vai ao delírio com plebiscito

A Falta de Noção que Assola o País (FANOAPÁ) chegou à direita cavernosa. Ver o colunista Reynaldo Azevedo desesperado com o "ascenso comunista" não tem preço, mesmo que não tenha ascenso nenhum. Ele agora surtou e um conhecido perfil de extrema-direita no Facebook, o OCC - Organização Contra a Corrupção , "alerta" ao povo de quem entendem muito:

EXTRA! EXTRA! GOLPE COMUNISTA BOLIVARIANO ANUNCIADO...
DILMA E O PT QUEREM FAZER UMA NOVA CONSTITUIÇÃO QUE LHES PERMITA ESCRAVIZAR A NAÇÃO !

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/proposta-de-constituinte-e-inconstitucional-trata-se-de-uma-tentativa-de-golpe-bolivariano-ou-conforme-previ-petismo-tenta-saida-a-esquerda-nao-estou-surpreso-nem-voces/
Estão chamando uma atividade golpista para o dia 26, em todo o Brasil, com o sugestivo nome "FFAA já! Para quem não é muito antigo, FFAA quer dizer "Forças Armadas". Incrível como esses caras são paranóicos. Coisas como "a Força Nacional é a SS do PT" são comuns nesses sites da direitona que blefa como se controlasse as Forças Armadas. Vamos ver o tamanho do fiasco desses atos. Noutro dia chamaram um em frente ao congresso que mal encheu um ônibus. 

Ainda não aprenderam que o povo quer é melhorar o que já tem. Voltar ao passado cinzento da ditadura ninguém quer, a não ser as viúvas do autoritarismo. De povo não entendem nada. Nem de militares. 

Proposta de plebiscito desmascara direitistas

Ontem logo que a presidente Dilma propôs um plebiscito para que o povo decida se quer uma Assembléia Nacional Constituinte para fazer a reforma política vi na Globonews comentários favoráveis dos analistas. Todo mundo concorda que o Congresso Nacional não tem condições de legislar sobre si mesmo e que não se sairá desse círculo vicioso de corrupção se não houver uma mudança feita por outros atores.

Quando a noite chegou, no Jornal Nacional, começou a choradeira da direita. Pulularam os líderes da oposição dizendo-se contra o plebiscito afirmando que cabe ao Congresso fazer a reforma. José Serra chegou a dizer que  o plebiscito seria absurdo. E juristas dizendo que a proposta é inconstitucional, é ilegal e engorda, parodiando Roberto Carlos. Nos sites de extrema-direita a gritaria foi grande. Querem dar um "golpe preventivo" antes que Dilma comece os "plebiscitos bolivarianos" da Venezuela. Uma saída "à Paraguaia".

O fato é que os políticos mais sensatos e sensíveis à conjuntura apoiaram a idéia como alternativa para responder ao que se pede nas ruas e nas casas: um Congresso que represente de fato o povo, sem mordomias, sem oportunidades para corrupção, permeável à sociedade e a mecanismos de democracia direta.

No exterior a proposta soou como saída democrática. Na BBC ontem vi a notícia com a foto de Dilma na reunião e a tarja "o povo decide". Na Fox News a notícia é "Líder brasileira Roussef parte para a ofensiva para atender à demanda das ruas".

Enquanto isso a mídia tupiniquim espalha ao vento, inclusive no exterior, que o Brasil vive uma crise econômica com baixo crescimento (2,45% na última pesquisa Focus é a expectativa, e isso é "baixo" no mundo estagnado). Para eles, essa é a razão dos protestos, e a solução é um plano de arrocho dos gastos públicos com maxidesvalorização da moeda e elevação dos juros. Isso associado ao coro de opiniões dos "analistas" e políticos selecionados para dizer que Dilma é a sombra de Lula, que não tem personalidade, que não entende nada, que reage com atraso aos problemas, enfim, incompetente. E também, claro, repete que as manifestações são contra a PEC 37 e pinçam imagens desse tema em meio a milhares de cartazes com outras propostas.

Pois é: a presidente "incompetente" do país do "pibinho" botou na mesa uma proposta de faxina geral do sistema político. Nada de puxadinho nem reforma superficial: entregou a proposta de implosão e reconstrução do sistema que não consegue ser reformado por dentro, para que a sociedade diga como quer que ele seja. Paira a confusão no movimento, que tinha sua dinâmica de varejinhos até que Dilma jogasse essa proposta melhor que as encomendas. Agora é hora de caírem as máscaras, até a do Anonymous falso.

Deixou a direita em sinucas de bico: se é contra o plebiscito, as ruas identificam e punem nas eleições. Se recorrem à última cidadela do conservadorismo, o STF, vão colocar seu potencial candidato a qualquer coisa, Joaquim Barbosa, diante do dilema de negar a consulta popular e as ruas lembrarão. Restarão as tentativas de manipular o processo por dentro, já que o Congresso deverá definir as regras, ou se nada der certo, o golpe.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dilma propõe plebiscito por uma constituinte para reforma política

Começou agora a reunião da presidente Dilma Roussef com governadores de todos os estados e prefeitos de todas as capitais. Na abertura, propôs que todos se unam em 5 pactos para aproveitar a energia que vem das ruas e avançar nos temas que estão encontrando mais resistências.

1 - Responsabilidade fiscal - compromisso para conter a inflação
2 - Reforma política - construção de uma ampla reforma com participação popular e cidadania através de uma assembléia nacional constituinte exclusiva, aprovada por plebiscito;
3 - Saúde - acelerar obras contratadas em hospitais, UPAs; ampliar atendimento através de hospitais filantrópicos; incentivar médicos a trabalhar no interior e quando não for possível ocupar vagas no SUS com médicos estrangeiros, uma medida emergencial; vagas serão oferecidas primeiro a médicos brasileiros.
4 - Salto de qualidade no transporte. Prioridade para VLTs, metrôs e corredores de ônibus; transporte público, de qualidade, barato; desonerar impostos sobre diesel e energia para trens e metrôs; 50 bi de reais para novos investimentos em mobilidade urbana; criação do Conselho Nacional de Transportes públicos;
5 - Pacto pela educação pública - mais creches, educação em tempo integral, técnicos, universidades de excelênia e pesquisa em ciência e inovação; mais recursos: 50% dos royalties do pré-sal e 100% dos royalties dos demais contratos de petróleo para educação.

Dilma concluiu dizendo que as vozes das ruas pedem mudanças, que devem ser ouvidas com humildade e acerto. Disse que se deve aproveitar o impulso dessa energia para acelerar muita coisa.

Íntegra do discurso: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/24/leia-a-integra-do-discurso-em-que-dilma-propoe-plebiscito-sobre-reforma-politica.htm


Protestos conseguem até congelar pedágios em São Paulo

O movimento pela redução de tarifas nos transportes públicos e as manifestações que fecharam até estradas acenderam a luz vermelha no Palácio dos Bandeirantes e o governador Alckmin resolveu manter congeladas as tarifas de pedágio.

O governador não é bobo: previu que seria a bola da vez assim que os escorchantes e injustificáveis pedágios paulistas subissem de preço. Resolveu não arriscar. Ponto para o movimento das ruas. Quem tem cargo tem medo. Chegou a haver protestos ontem que quebraram cancelas e fecharam postos de pedágio.

A medida é essencialmente política. O tal do "mercado" já está dizendo que o congelamento afastará investidores de novas áreas pedagiadas a serem oferecidas. Falta ainda rever os custos desses pedágios para baixar os preços.
http://exame.abril.com.br/economia/noticias/congelar-pedagio-afastara-investidores-diz-consultoria

YOUTROUXA 0030 : "Rejeitar a PEC 37 é prioridade para os protestos"


Quem, em toda a história, defendeu mais a democracia : A OAB ou a Globo? A OAB quer a PEC 37, a Globo é contra e faz campanha, inclusive arrebanhando a pauta dos protestos de rua onde muita gente é contra a PEC 37 sem saber direito o que é o projeto e o que é ministério público. Para quem vê uma rica campanha contra a PEC 37 nas ruas, questiona-se: é prioridade para o povo que despertou agora? É o maior problema nacional? Por que não os 100% dos royalties do petróleo para a educação e a importação de médicos para os hospitais como prioridade?

Por que então a luta contra a PEC 37 aparece em destaque na pauta de reivindicações do Partido do Avatar (aquela figurinha de máscara fake do Anonymous), na campanha rica de rua que vimos ontem em várias cidades, com fartura de faixas cartazes e camisetas de boa qualidade, e na verdadeira campanha orquestrada pela mídia bandida? Isso é prioridade para quem vem às ruas pela primeira vez?


Meu amigo, minha amiga, você que chegou agora: muita reflexão antes de repassar mensagens contra a PEC 37, porque você pode estar sendo manipulado (a), passando por trouxa.

E a manipulação sobre o assunto, a quem interessa? Hoje o Ministério Público tem superpoderes que a história tem mostrado serem aplicados com parcialidade. No tempo do FHC havia o "arquivador geral da república", que não investigou nenhum escândalo do seu governo, e fora muitos. Nos tempos de Lula, o MP se tornou implacável, reabrindo investigações encerradas, jogando ênfase no show midiático do mensalão do PT ao mesmo tempo que não encaminha o pai de todos os mensalões, o mineiro, do PSDB, bem anterior. Do jeito que está o MP serve à perseguição política partidarizada.

Os superpoderes do Ministério Público, que a PEC 37 tenta corrigir a bem da democracia (em nenhum país do mundo existe ministério público tão poderoso), servem também aos interesses econômicos poderosos. A velocidade de tramitação dos processos contra ricos é bem menor que contra os pobres.

Seguem links para mais leituras, com visões de juristas que acham ilegal a atual atuação do MP e de diversas razões para não achar que a PEC 37 é coisa de "petistas, corruptos e mensaleiros", como empurra a máquina de desinformação da mídia.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/106197/Contra-a-PEC-37-m%C3%ADdia-manipula-opini%C3%A3o-p%C3%BAblica.htm
Nota da OAB : http://www.oab.org.br/arquivos/nota-tecnica-pec-37-2011-formatada-aprovada-mocao-1605716156.pdf
10 motivos para dizer sim à PEC 37 : http://www.nacaojuridica.com.br/2013/06/pec-37-10-motivos-para-dizer-sim.html

Achei também interessante a seguinte argumentação:
Eu seria contra a PEC 37 se...

...Promotoria de Justiça funcionasse 24 horas por dia, assim como as Delegacias de Polícia;

...Promotor de Justiça passasse a investigar não apenas fatos de relevo social ou de destaque na mídia, mas também a agressões e furtos ocorridos lá na periferia;

...Promotor de Justiça deixasse de ser investigado apenas por Promotor de Justiça;

...O Ministério Público passasse a ter controle externo, assim como tem a Polícia Civil;

...Promotor de Justiça deixasse de ter foro privilegiado e pudesse ser detido e julgado como qualquer cidadão (inclusive o policial civil) que vier a praticar uma infração penal;

...Promotor de Justiça deixasse de ser apenado com “aposentadoria compulsória remunerada”;

...Promotor de Justiça trabalhasse a noite e aos finais de semana atendendo a população carente, e não apenas em horário de expediente dentro de um belo gabinete;

...E principalmente se o Promotor de Justiça passasse a ganhar o parco salário daqueles por dever de ofício investigam fatos que não dão mídia e tão pouco projeção pessoal, quais sejam, os policiais civis...

Só isso...


ALERTA FINAL: Para os que não conseguem interpretar textos, o tópico entre aspas não significa que o blog defende que "Rejeitar a PEC 37 é prioridade para os protestos". É ao contrário. Na hora de comentar, lembre disso. 

Brasília - Marcha das Vadias 22/06/13

O motivo das diversas Marchas das Vadias que acontecem pelo mundo é denunciar a impunidade em casos de estupros. Protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro, e que marcham contra o machismo, contando sobre os seus proprios casos de estupro. As mulheres durante a marcha usam não só roupas cotidianas, mas também roupas consideradas provocantes, como blusinhas transparentes, lingerie, saias, salto alto ou apenas o sutiã. No Brasil mais de 15 mil mulheres são estupradas todos os anos.

Neste ano o foco também foi o projeto de lei de natureza fundamentalista religiosa, o Estatuto do Nascituro, que visa acabar com o aborto até nas atuais condições previstas em lei hoje, até em casos de estupro, visando que a mulher violentada deixe nascer a criança. O estado daria a assistência psicológica e um auxílio, já apelidado de "bolsa-estupro", para as mulheres sem condições financeiras de criar o filho. O projeto tem a oposição da ONU e do governo Dilma, por se considerar que reduzirá ainda mais a liberdade das mulheres e aumentará o número de abortos ilegais, normalmente feitos em condições médicas inadequadas com riscos à saúde da mulher. Esse projeto também pode criar obstáculos à pesquisa com células-tronco humanas, que vêm trazendo esperanças para a cura de várias doenças.

"Além de ser criticado por incentivar vítimas de estupro a terem o bebê fruto de violência sexual, o projeto prevê que a mãe estabeleça vínculo com o autor do estupro.

O texto determina que, se identificado, o agressor seja obrigado a pagar pensão alimentícia à criança, o que pressupõe contato regular da mulher violentada com o criminoso. “Trata-se de uma violência à nossa dignidade. Além de dar status de paternidade ao estuprador, nos obriga a ter uma relação de proximidade com ele.

Ou seja, de alguma forma, legitima a violência sexual e remedeia a vítima ‘criminalizada’ com uma bolsa”, critica Jolúzia Batista, socióloga e assessora do CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria)." Fonte: Carta Capital - Artigo BOLSA ESTUPRO - QUANDO A VÍTIMA SE TORNA CRIMINOSA, de Marsilea Gombata.

A marcha, com 3.000 pessoas (contagem nossa), teve também como participantes o segmento GLBTTTem luta pelos seus direitos, em especial contra o projeto de "cura gay" do deputado Feliciano, ativistas pela regulamentação da mídia, feministas em diversas outras lutas e ciclistas querendo mais respeito e menos acidentes. Teve conflito com os organizadores da Marcha do Vinagre, que marcaram seu evento para o mesmo horário, resultando até em nota de repúdio.

No ato foi distribuída a nota "Nas ruas por igualdade, justiça social e democracia!", assinada por diversas entidades, que defende o direito das pessoas, grupos e partidos de se manifestarem nas ruas, lutando contra a criminalização da pobreza, da juventude e dos movimentos sociais, contra a forte repressão policial e alertando para o interesse crescente das forças de direita de se apropriar do movimento.