sábado, 4 de maio de 2013

Joaquim Barbosa : Grandes jornais tendem para a direita no Brasil


A grande mídia, aquela das 6 famílias, é de direita, mas não é todo dia que isso é dito por alguém promovido por ela para fazer disputa com a esquerda. E o seu discurso de cerceamento da liberdade de expressão por eventuais censuras atribuídas ao governo também não costuma ter contraponto de alguém que consideram do seu campo político.

As declarações do Presidente do STF, Joaquim Barbosa, no discurso que fez no World Press Freedom Day, promovido em 3 de maio na Costa Rica, mostraram para o mundo que não somos uma democracia perfeita, que fizemos avanços na liberdade de expressão e de imprensa, que não há censura pública, que a mídia não é plural, que existem barreiras à igualdade racial e social nos meios de comunicação e que... os três maiores jornais brasileiros tendem para a direita! Agora o mundo todo sabe que a grande imprensa é parcial, pois ideologicamente está do lado das elites.

A mídia que cobriu o evento suprimiu essa parte indesejada para eles. Na Globonews foi falado isso, e que as entidades que representam a imprensa não haviam feito comentários.

Traduzimos parte do discurso de Barbosa para contextualizar as declarações:

..."Eu não acredito na existência de democracias perfeitas.O Brasil, é claro, está longe de ser uma. Não se pode negar, porém, as formidáveis conquistas que temos alcançado em nosso país no campoda liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, especialmente após a redemocratização, que começou em 1985 e na promulgação da Constituição de 1988.

Não há censura pública no país, e a imprensa exerce, no dia a dia, o seu papel central de levar informação ao público e fiscalizando o poder; criadores, artistas e escritores são inteiramente livres para produzir suas obras, mas eu acho que eu não seria sincero se eu terminasse esta apresentação, sem trazer para este público três grandes desvantagens que eu, pessoalmente, vejo no meu país, quando se
trata de informação, comunicação e liberdade de expressão e liberdade de imprensa.

Para mim, o problema basicamente reside na falta de uma pluralidade forte. Aqui estou eu
expressar meus pontos de vista pessoais, como membro do governo brasileiro e como um cidadão ativo, livre e consciente ativo. Assim, nenhum estudioso legal deve escrever ou expor sobre a delicada questão da liberdade de imprensa, sem levar em conta a perspectiva do público, o objetivo final de qualquer discurso ou escrito, certo?

Assim como muitos de vocês aqui devem saber, no Brasil, os negros e mulatos constituem cerca de 50% a 51% da população total, de acordo com o último censo de 2010, mas não-brancos são muito raros nas redações de notícias, nas telas da televisão, para não mencionar a sua quase ausência na posições de controle ou de liderança na maioria dos meios de comunicação. É quase como se eles não existissem para o mercado de idéias. Raramente eles são chamados a expressar os seus pontos de vista ou seus conhecimentos, salvo em situações estereotipadas. Este é realmente um grande problema para nós, no meu ponto de vista.

Em segundo lugar, gostaria de salientar a fraca diversidade política e ideológica no negócio de imprensa. O Brasil tem agora apenas três grandes jornais de abrangência nacional, todos eles
mais ou menos inclinados para a direita no campo das idéias."...

(íntegra do discurso em inglês no site http://s.conjur.com.br/dl/discurso-barbosa-freedom-of-press.pdf)

(pauta da seção onde Joaquim Barbosa discursou na página 7 do documento
http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/WPFD/wpfd2013_agenda_en.pdf 



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