sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mensalão : Clímax, anticlímax e decepção

Terminada a primeira "fatia" do julgamento, já houve material para a direita fazer sua festa midiática. A capa de "O Globo" de ontem deveria vir com a tarja "Edição Histórica" e a orientação para as pessoas guardarem. Deputado petista condenado por corrupção, dizia o título. Se fosse de outro partido diriam "fulano de tal condenado por corrupção".

Parecia que dançavam embriagados em cima da sepultura do PT e de Lula. Uma celebração orgástica. Hoje, a ressaca. Pesquisa em São Paulo mostra a força de Lula como cabo eleitoral, com o candidato Haddad, o mesmo da foto Lula + Maluf, encostando em José Serra, que goza de rejeição crescente de 43% atuais. Erraram profundamente.

Como diriam os palpiteiros econômicos da TV, o mercado já "precificou" o mensalão desde 2006, quando Lula se reelegeu. O  único elo entre a bandalheira e o Palácio do Planalto foi inocentado por unanimidade. A acusação de Pizzolato contra Gushiken mostrou-se falsa e sem provas.

Agora o julgamento entra em banho-maria midiático. Julgamento do baixo clero do esquema. Até agora, nada de mensalão provado. Vão pegar mais uns corruptos de varejo, uns criminosos do sistema financeiro, outros criminosos eleitorais, mas a nova tentativa de empolgar a opinião pública virá com o julgamento de Dirceu, Genoíno e Delúbio. Os dois últimos vão pegar alguma coisa porque cometeram crime eleitoral, que não é uma bobagem à toa, dá cana também.

Quanto a Dirceu pairam dúvidas. Na defesa de Genoíno foi dito que Dirceu era o presidente de fato do PT, e que Genoíno era apenas um testa-de-ferro. Isso não vale muito, porque as decisões no PT, pelo estatuto, envolvendo recursos, são de responsabilidade primeira do presidente e do tesoureiro.

A questão é que o tribunal vem flexionando temerosamente o direito à inocência quando não há provas. Alguns ministros querem que, na falta de provas, o inocente mostre sua inocência! Para eles, não basta ser inocente por falta de provas, tem que parecer inocente.

Quanto aos estragos, Dilma parece que não está nem aí para o que vai acontecer ao magote de patifes que jogou o PT na lama. Seu governo está à margem do partido, restrito ao grupo palaciano. Acredita que esse isolamento não fará respingar lama na sua imagem, o que é bastante razoável. Se Dirceu for condenado e enfraquecido no partido, o que restou do PT mais autêntico poderá tomar o comando da sigla. Dilma está mais para essa banda do partido que para o esquema de Dirceu.

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