terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mulheres Ricas : mais um desserviço da mídia

Ser rico não implica em ser fútil, obrigatoriamente. Estudei na PUC do Rio entre pessoas ricas simples e de novas-ricas esnobes. Tinha um colega ricaço, filho de dono de joalheria, que andava num Chevette, carro médio para a época. E tinha uma mulher que me dava carona da faculdade até onde pudesse pegar ônibus, em Ipanema, que tinha uma Mercedes e parava no estacionamento que virava lamaçal ao lado do planetário, para não pagar uma nota preta pelas vagas de dentro do Campus, onde o outro colega estacionava. Cheguei a ver "estudante" levando filhos com babás paramentadas e gente deixando cachorro de raça com empregado no estacionamento, enquanto ia a aulas.

Eu não tinha grana, pegava dois ônibus, não tinha sequer dinheiro para passar o dia todo por lá, como era exigível. A diferença é que os mais ricos almoçavam em casa ali perto, no Leblon, Ipanema, etc. Eu era do "além-túnel", termo que identificava os suburbanos para a elite de lá. Mesmo assim tinha uma turma com gente que tinha até vergonha de falar da riqueza da família, andava meio riponga, papos de esquerda, etc. Mais para fazer churrasco em sítio em Guaratiba que festa chique em cobertura na zona sul. Nesse grupo estavam principalmente os filhos de europeus e os judeus, além de outros que vieram do interior. Gente rica e culta, que tinha noção da riqueza mas se comportavam o mais normalmente possível, por segurança, para evitar aproximação de interesseiros e condenar as pavonices.

Esse "reality show" da Band que vai ficar no ar nas férias do execrável CQC parece mais um desserviço à educação e à cultura das pessoas, trazendo maus exemplos como coisas aceitáveis ou até copiáveis para uma parcela da população. Criar desejos de consumo e, como subproduto, o desprezo pela pobreza e pelas pessoas que nelas vivem. Na prática, criando eleitorado para a direitona, ambiciosa, perdulária, fútil.
Esse programa joga por terra os avanços da luta pela emancipação das mulheres, para promover a ostentação como um valor aceitável. Promove as Terezas Cristinas e detona as Griseldas e Dilmas.

Um comentário:

  1. É a miséria humana. Mas ryca.
    http://coisascato.wordpress.com/2012/01/03/mulheres-rycas/

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