sábado, 21 de janeiro de 2012

BBB, Brado Retumbante : A história na versão da Globo

Falo muito da Globo aqui, mas não fico o dia todo vendo TV. Se fizesse isso, teria muito mais a notar. Hoje (sexta), por exemplo, no Video Show, a retrospectiva da semana do BBB não falou da expulsão de um dos participantes, suspeito de estupro. Nos telejornais, já julgou e condenou o site Megauploads, chamando-o de "site de pirataria", quando o justiça ainda não chegou a tal conclusão.

Já vi uns dois capítulos da minissérie "de ficção" Brado Retumbante, para ver onde a Globo quer levar a estória, que fala de um político que assumiu acidentalmente a presidência com a morte do presidente e do vice num desastre. De ficção tem o palácio do governo no Jockey Clube Brasileiro, no Rio, com a presumível capital na cidade maravilhosa. No mais, uma situação onde um presidente assume um governo com ministros herdados do governo anterior, uma base aliada de centro-esquerda e muita corrupção.

Acho que já vi esse enredo, mas a coisa não para aí. Frases como "ONGs só servem para tomar dinheiro do governo", "os livros didáticos têm conteúdo ideológico falsificando a história do Brasil", mais as demissões de ministros "herdados", etc. Na tentativa de moralizar o governo, o presidente Ventura sofre um atentado e a primeira-dama poderosa envolve-se nos assuntos de governo, provocando a demissão de um ministro. Sua filha tem problemas mentais e vive dando carteiradas em nome do pai. O tio é um velho trambiqueiro político. A mãe também é cheia de armações. Para completar, o presidente é mulherengo.

Um balaio de gatos para que ninguém diga que estão puxando a brasa para a sardinha de alguém. Até aqui não dá para dizer que a série favorece Aecinho, o queridinho da Globo. A favor dele está gostar de mulheres e o desejo de fazer do Rio de Janeiro a capital federal (durante muitos anos foi capital de Minas...). Não, não é essa a missão da série. Numa das cenas de hoje, um político acusado de corrupção diz que tudo contra ele é "coisa da mídia golpista". A professora que vende livros superfaturados ao Ministério da Educação diz à primeira-dama que passa a diferença ao partido (de esquerda).

Vamos ver até onde isso vai. Os próximos capítulos devem mostrar mais indicadores das reais intenções dessa minissérie "de ficção". Será que o presidente vai dar uma guinada à direita, demitir todo mundo, aumentar os juros, fazer cortes nos gastos públicos, acabar com ministérios, atacar direitos dos trabalhadores, privatizar tudo, como no desejo esquizofrênico de algum mestre dos marionetes global?

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