domingo, 4 de dezembro de 2011

A pior hora para uma guerra

Nas últimas duas semanas o mundo rico vem se lastimando da impotência diante da ditadura dos bancos e das agências classificadoras de risco. As democracias ocidentais balançam diante do intervencionismo dos banqueiros, como nos casos flagrantes de Grécia e Itália, países chantageados onde os primeiros-ministros foram impostos pelos credores. Assimetrias dentro da eurozona, com possibilidade de desagregação. Perspectivas nefastas de retorno ao crescimento e movimentos sociais começando forte reação às medidas anti-sociais. Esse é o cenário.

Diante de tudo isso, aumenta a tensão entre as potências e o Irã. Isso sem falar no verdadeiro "Pearl Harbor" que os americanos fizeram nesta semana com os paquistaneses, bombardeando suas tropas sem aviso prévio. O  Paquistão tem armas nucleares. O Irã pode vir a ter, e é essa incerteza que tem o foco dos países que buscam desesperadamente por petróleo. Novas sanções econômicas foram aplicadas, exceto sobre o petróleo, do qual dependem Itália, Espanha e outros países europeus. Israel ameaça fazer um ataque surpresa ao Irã. Hoje um avião não-tripulado (drone) norte-americano teria sido abatido pelos iranianos.

Outro risco de acordarmos um dia sabendo que o mundo está em guerra está no descontrole do governo americano sobre o governo que patrocinam com dinheiro e armas em Israel. Em 2012 haverá eleições nos Estados Unidos, e Obama vem retirando tropas do Iraque como forma de mostrar ao eleitorado que não quer guerra. Se Israel resolver atacar sem o "sinal verde" americano, mesmo assim a retaliação do Irã seria anti-americana, pois sabem quem banca o inimigo. Poderia ser desencadeada uma onda de terrorismo inédita contra alvos americanas, suas bases no Iraque poderiam ser atacadas, bem como a frota no Golfo Pérsico, já que o Irã tem mísseis com alcance suficiente.

O que aconteceria se tivéssemos agora uma guerra quente contra o Irã? Há analistas realistas nos Estados Unidos que recomendam que se esqueça isso. Aliás, há outros caras mais sensatos ainda que defendem a estratégia de redução de dependência norte-americana em relação ao petróleo do Oriente Médio, como forma de não intervir mais na região. Uma coisa é certa: o preço do petróleo, nem que fosse por algumas semanas ou meses, poderia chegar a patamares estratosféricos. Já há quem fale em 250 dólares o barril, contra os atuais cerca de 90 dólares.

De um lado, os sanguessugas do grande capital querendo extrair mais de todo mundo. De outro, a possibilidade do petróleo aumentar os custos das economias já combalidas. Se a isso se acrescenta uma guerra que pode chegar às raias nucleares, não haverá oráculo capaz de prever o que acontecerá em caso de conflagração, mesmo que pontual. 

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