quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Juros : A dívida de Lula e Dilma

Fechamos mais um ano pagando mais juros que o que gastamos com saúde. O pior é que quanto mais pagamos, mais a dívida aumenta. A dívida externa, em especial, voltou à atenção a partir das denúncias do livro Privataria Tucana, por servirem a intrincado mecanismo de evasão de recursos e lavagem de dinheiro, o que pode ser trazido à tona se sair a CPI da Privataria.

Lula e Dilma nos devem uma explicação para não terem feito uma renegociação soberana da dívida, a exemplo da Argentina, que chamou os banqueiros para um papo reto e conseguiu expressivas reduções dos saldos e parcelas. No caso brasileiro, com Meireles à frente do BACEN fazendo a alegria dos banqueiros, não tivemos a menor condição de abrir essa discussão. Simplesmente pagamos, alongamos prazos, mas sempre com os maiores juros do mundo. Aqui vão alguns números dessa derrama, mostrados na matéria "2011/2012 - Aquilo que nos devora" da Carta Maior:

2011/2012: AQUILO QUE NOS DEVORA


"Em 12 meses até novembro,  R$ 137,6 bilhões em receitas fiscais foram desviados de projetos prementes na área social e de infraestrutura e canalizados ao pagamento de juros da dívida pública brasileira. O valor equivale a 3,34% do PIB previsto para 2011. Mas não é tudo; a despesa efetiva com os rentistas é bem maior. A economia feita pelas três esferas de governo até agora, mais as estatais, cobre apenas uma parte do serviço devido, da ordem de R$ 240 bilhões este ano, sendo a outra incorporada ao saldo principal, elevando-o.

Em 2011, essa 'capitalização' (deles)  acrescentará outros R$ 110 bilhões à dívida, somando-se assim um total da ordem  5,6% do PIB em juros. Consolida-se  assim um caso clássico de Estado capturado pela lógica da servidão rentista na qual quanto mais se paga, mais se deve. Em dezembro de 2009 a dívida interna pública era de R$ 1,39 trilhão; em dezembro de 2010 havia saltado para R$ 1,6 trilhão; em 2011 deve passar de  R$ 1,8 trilhão (bateu em R$ 1,75 trilhão em novembro). De janeiro a novembro ela cresceu R$ 148,67 bilhões. Valor este R$ 53,5 bilhões superior ao total dos investimentos realizados no período pela União (R$ 32,2  bi)  e pelo conjunto das 73 estatais brasileiras (R$ 72,2 bi), que a propósito cortaram em R$ 16,5 bilhões seus projetos este ano em relação a 2010.

É tristemente forçoso lembrar que enquanto a despesa com os rentistas esfarela 5,6% do PIB em juros, o orçamento federal em saúde é da ordem de 3,5% do PIB, com as consequências vistas e sabidas. E o valor aplicado numa área crucial como a educação gira em torno de 5% do PIB. Discute-se calorosamente elevar esse percentual para 7% ou 8%... em uma década. A distancia em relação ao naufrágio europeu permite enxergar melhor o absurdo que consiste em trilhar uma rota que coloca o Estado e a sociedade a serviço das finanças e não o contrário.

Sem uma política corajosa de corte na ração rentista o Brasil  cruzará décadas apagando incêndios no combate à miséria e às deficiências de   infraestrutura. É melhor que a regressividade demotucana. Mas insuficiente para embalar a travessia histórica de um país injusto e subdesenvolvido para uma Nação rica,compartilhada com a sua gente"

(Carta Maior; 5ª feira; 29/12/ 2011)



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