quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bancos recebem ajuda, povos pagam a conta.

Hoje foi um dia sintomático: os principais bancos centrais do mundo se articularam para dar liquidez ao crédito no mercado, fazendo subir as ações dos bancos. Até a China diminuiu o compulsório dos bancos, abrindo mais crédito. No Brasil, pelo menos, o COPOM baixou em 0,5% a SELIC, que continua em escorchantes 11%.

Enquanto isso, trabalhadores da Inglaterra fizeram a maior greve em décadas, botando nas ruas 2 milhões de pessoas contra os cortes dos direitos sociais e de salários, o desemprego, privatizações e pioras na previdência. Em Portugal foi aprovado um pacote de mais sacrifícios. Em Los Angeles, os manifestantes que protestam contra as injustiças sociais foram presos e expulsos da praça onde acampavam.

Mais uma vez parece que a solução passa pelo fortalecimento dos bancos e empobrecimento dos povos. A euforia dos especuladores hoje nas bolsas não condiz com o cenário de crise vendido em cada país europeu como motivo para sangrar os trabalhadores

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fraude no Ministério das Cidades : O poder do parecer técnico

De tudo que vi e ouvi até aqui sobre a fraude num parecer do Ministério das Cidades, com denúncia patrocinada pelo jornal Estado de São Paulo e repercutida pela mídia interessada em desestabilizar o governo, parece-me que houve um grande conflito entre a análise do corpo técnico e a vontade política dos gestores do ministério. Isso é tão corriqueiro, que uma diretora do Ministério achou bem normal falar que o parecer do técnico tinha erros de linguagem e traduzia sua vontade pessoal, contrária à do governo. E que sua alteração seria algo pacífico, para se ajustar às ordens de cima.

Um parecer técnico deve ter um objetivo claro. No caso, o técnico deve ter sido chamado a emitir opinião, com base em elementos científicos, sobre opções de modais de transportes, ou seja, VLT (veículo leve por trilhos) e BRT (via rápida de ônibus). Parece evidente que se a análise for comparativa com base em custos, nem precisaria do parecer, pois o VLT implica em equipamentos bem mais caros e sofisticados que o BRT. É aí que o Estadão se baseia: a obra do VLT ficaria R$ 700 milhões mais cara. Verdade. São coisas bem distintas.

Quando a análise solicitada é sobre relação custo x benefício de longo prazo, pode ser que o VLT seja a melhor opção, mesmo com o maior preço. Os equipamentos têm vida útil muito maior que os do BRT, pois são trens de superfície. Considerado o tráfego projetado, o custo de implantação, a tarifa estimada e a manutenção, é possível que a solução por VLT se justifique, mesmo a preços maiores que os do ônibus expresso. Essa é uma questão a ser analisada pelos gestores dos recursos.

Em geral, no Brasil, as soluções de menor custo são as que vencem. Aí está a nossa gigantesca malha rodoviária servindo ao transporte de praticamente todas as cargas, um  modelo mais barato de fazer pelo menor custo da estrada asfaltada relativo ao do trem ou do transporte marítimo, porém de elevado custo operacional.

O mundo corporativo esconde disputas terríveis entre analistas e gestores. O técnico pega o assunto, faz o parecer de acordo com os objetivos, técnicas usuais de análise, e dá o seu parecer. Encaminha-o ao superior, nem sempre um técnico, com coisas do tipo "esse é o parecer, salvo melhor juízo superior". Ou seja, isso é o que o técnico pensa, se alguém quiser alterar, terá que ser outro técnico naquilo que é técnico. É aí que o problema acontece: feito o parecer, é praticamente impossível mudá-lo, a não ser que o autor concorde em fazê-lo, seja por convencimento ou por pressão.

O profissional não tem poderes para nada, já que não decide. Se um engenheiro diz que um prédio ameaça cair com base em elementos técnicos, recomendando ações para evitar desabamento, é praticamente impossível que um gestor, sem conhecimento técnico, tome uma decisão contrária ao que o especialista disse. O problema para o gestor é que ele se vê sem alternativa.

O que se verifica, na prática, é a pressão do gestor sobre o técnico para que altere seu parecer, orientando-o para as soluções políticas que dispõe. Vai que nenhuma providência é tomada e o prédio cai? O primeiro a ser arrolado nas responsabilidades é o técnico, que se for experiente terá uma cópia do seu parecer bem guardada, com alguma rubrica de um superior dando-lhe ciência. Mesmo assim, será responsabilizado até o fim do processo, já que os gestores contam com a estrutura da corporação para, se for o caso, criar e destruir documentos, e desmoralizar o técnico.

No caso do Ministério das Cidades, o que aconteceu? Pelos dados mostrados pela imprensa, um técnico fez um parecer favorável ao BRT. O governo de Mato Grosso, por suas razões, resolveu impor a solução do VLT, e conseguiu recursos para o propósito, junto a financiamentos para obras da Copa, mesmo que a obra não fique pronta no prazo. O Ministério, que é dirigido por políticos, deve ter dado a ordem para alterar todo o processo, favorecendo ao VLT, o que não aconteceu pela resistência do técnico.

Até a CGU foi contra, considerados prazos para desenvolvimento de projetos, etc. Diante do impasse, foi feito um parecer de mesmo número e colocado no processo. O técnico recusou-se a assinar.

Ao contrário de outras áreas de conhecimento, onde um profissional pode estar de um lado ou de outro do interesse, nas áreas de engenharia e de projetos econômicos isso não funciona assim. Existem um só lado. Não importa quem seja o técnico, dependendo da objetividade dos fatos e dados, só haverá uma opinião, um parecer, que poderá ser contestado por outro técnico que use ferramentas mais precisas de análise ou incorpore mais dados.

Acostumados ao "manda quem pode, obedece quem tem juízo", os burocratas do Ministério das Cidades fizeram toda essa besteira achando que seria mais um desses fatos de lutas internas ao governo, sem repercussão. Acontece que a coisa vazou, e todo mundo foi flagrado. A ANEINFRA - Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infra-Estrutura, publicou nota de solidariedade ao técnico autor do parecer e críticas aos seus superiores hierárquicos:

..."O fato publicado reitera a necessidade de reforçar não só os quadros operacionais dos ministérios com técnicos qualificados, mas também os quadros gerenciais. O técnico citado nas reportagens é Analista de Infraestrutura ingresso por concurso público em 2008 e sua postura reflete o posicionamento da carreira quanto à necessidade de avaliação minuciosa dos projetos, especialmente os de grande envergadura"...

É por essas e outras que as áreas técnicas de governo foram sucateadas por muitos anos. Sem análise técnica, os projetos de grande envergadura passam apenas pelas mãos de burocratas, diretamente articulados com os políticos que comandam os lotes do governo. E também é por isso que os técnicos da área estatal são tão odiados pelos superiores, que retaliam com baixos salários, ameaças de demissão, redução e extinção de quadros, terceirização, etc.

Mengão terá o prazer de fazer Vasco vice, de novo!

Pela incompetência do Fluminense, sobrou para o Mengão levar o Vasco ao lugar que lhe pertence : Vice do Brasileirão. Desde hoje o time do morro de São Januário não vai dormir mais. Nem a diretoria. Nem a torcida. Só de pensarem no Mengão como algoz no próximo domingo, até vão se esquecer do risco de levarem uma piaba no jogo da quarta, contra o time da colina (no caso, os Andes), a Universidad de Chile, da viagem de ida e volta que farão, do time cheio de gente impedida de jogar por causa dos cartões, da idade avançada dos seus atacantes, etc.

Quando o Fluminense empatou ontem, aqui no Rio houve muita comemoração. Nos poucos segundos que antecederam o segundo gol do Vasco, já se ouvia "vice de novo" e outras alusões a mais um fracasso vascaíno. Pensei : até que o Flu serviu para alguma coisa: tirar do Mengão o trabalho sujo de fazer o Vasco voltar "ad locum tuum", ou seja, o lugar que lhe pertence de vice (o mais correto seria a segundona). Não dá para confiar em time de terceira, nem prá fazer esse favorzinho. Mesmo com um gol irregular do Fred, com anulação de gol legal do Vasco, com o festival de cartões, não conseguiu empurrar ladeira abaixo o timinho de sofredores.

A nós, do Mengão, o que interessa é a vaga na Libertadores. Se estivéssemos garantidos e o jogo do próximo domingo não valesse nada, o Vasco poderia até pensar em ganhar. Afundar o Vasco é secundário, quase "default". Entregar o campeonato ao Corínthians é terrível, mas os caras não têm nem uma Libertadores, estão sendo agraciados com estádio, técnico da seleção, diretoria das seleções e logo com a própria direção da CBF. O Palmeiras, também carinhosamente chamado pelos corintianos de "os porco", terá a oportunidade de dar-lhes uma chinelada no domingo que vem. Levam o campeonato, mas sofrendo e contando com todo tipo de ajuda. Até do Mengão, que faz do time paulista o "spa" para seus jogadores doentes.




domingo, 27 de novembro de 2011

Hipocrisia : Matar e pedir desculpas

A indução midiática imperialista cria situações paradoxais de difícil degustação. No Egito, onde a junta militar tem o aval dos Estados Unidos e pretende ficar no poder com o seu apoio, cerca de 40 manifestantes contrários ao regime foram mortos em brutal repressão. Para não criar semelhanças com a repressão na Síria, onde os rebeldes têm apoio americano, a junta dos gorilas veio a público "pedir desculpas aos mortos" por tê-los matado.

No Iêmen o caso é idêntico. Uma farsa patrocinada pelos EUA e pela Arábia Saudita, fartamente noticiada, "mostrou" o ditador local "entregando o cargo" ao seu vice como "solução" para a crise política, mais uma dessas manobras para mudar a cara e manter os mesmos no poder. O povo não engoliu, foi às ruas e a toda hora vários são mortos pela repressão. Para manter as aparências, o governo do Iêmen ainda não pediu "desculpas" aos que matou.

Forças da OTAN matam soldados paquistaneses em solo paquistanês, e o seu comando pede "desculpas" pelas mortes. Foi apenas um "lamentável incidente". E se na Síria o ditador Bashar al Kacet pedir desculpas pelos massacres, também vai para o paraíso?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolsonaro : Pedindo para sair


Se você for à Câmara dos Deputados em Brasília e quiser saber notícias da comunidade gay, não tenha dúvidas: vá ao gabinete do Deputado Bolsonaro. Ele faz questão de afixar nos vidros do seu gabinete, sob título "Mural da Vergonha", cartazes alusivos às manifestações dos homossexuais.

Essa postura, por si só, já deixa bem claro que sua opinião contrária aos gays vai além do "não gostar", mas parte para o discriminar, o odiar, ofender, etc. No início do ano, por conta de uma perseguição á cantora Preta Gil, encarou a Comissão de Ética por acusação de homofobia, mas veio a turma do deixa-disso e livrou a cara dele.

Agora voltou à carga pegando pesado contra a Presidente Dilma, por quem tem um ódio á parte por ser mulher e estar no poder fazendo um governo melhor que o dos seus correligionários. Por conta de mais essa demonstração de ódio, o PT está pedindo a cassação do seu mandato. Na prática, Bolsonaro está pedindo para sair, e a sua permanência no Congresso, quanto mais demorada, mais caracterizará a falta de decoro como regra geral.


PT vai pedir a cassação de Bolsonaro por discurso ofensivo a Dilma

Em nota, partido diz que deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) 'agiu com total desrespeito à pessoa da presidenta Dilma Rousseff' com manifestação 'preconceituosa, discriminatória e homofóbica'. Bolsonaro já foi processado por homofobia no Conselho de Ética da Câmara este ano e foi absolvido.

BRASÍLIA – O PT, partido da presidenta Dilma Rousseff, vai pedir a cassação do mandato do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por conta de um discurso dele com insinuações sobre a relação de Dilma com a homossexualidade. Para os petistas, houve quebra de decoro parlamentar.

Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, diz que o partido repudia com “veemência” a “manifestação preconceituosa, discriminatória e homofóbica” de Bolsonaro e entende que o deputal “agiu com total desrespeito à pessoa da presidenta”.

Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados nessa quinta-feira (24), Bolsonaro criticou a tentativa do ministério da Educação de desestimular preconceito sexuais nas escolas e disse: “Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assuma. Se o teu negócio é o amor com homossexual, assuma”.

“O PT reafirma com orgulho suas bandeiras históricas contra qualquer tipo de discriminação e preconceito. Esta deve ser uma luta permanente de toda a sociedade que se queira democrática, tolerante e que respeite as diferenças, como, aliás, é da tradição cultural brasileira”, afirma a nota petista.

Bolsonaro já foi processado por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara pelo mesmo motivo – homofobia expressa no exercício do mandato - mas foi absolvido.

FANOAPÁ 0003 - Vamos jogar Belo Monte no lixo?

Qualquer nação do mundo, preocupada com a produção sustentável de energia, adoraria ter as condições de construir a terceira maior usina hidrelétrica do mundo (em geração, não em tamanho de lago) nas condições de Belo Monte, já em construção no Pará. O resultado poderia ser bem mais expressivo se pudesse produzir a plena capacidade o ano todo, mesmo em épocas de seca, mas isso exigiria um lago bem maior, incompatível com a sustentabilidade do projeto.

O preço estimado de R$ 30 bi é baixo, consideradas as alternativas eólica ou solar, que têm custos de investimentos proibitivos e também demandariam o uso de grandes áreas, maiores até que a de Belo Monte. Trata-se da terceira maior hidrelétrica do mundo, e a maior exclusivamente do Brasil (Itaipu é binacional). Quando se fala em gerar 11 mil megawattts de energia, onde arranjar tantas áreas com ventos constantes e sol abundante para as imensas quantidades de turbinas e placas fotovoltaicas necessárias?

Considerando imperativa a necessidade de ampliação da capacidade instalada de energia, para atender às demandas de investimentos e ao bem-estar de milhões de brasileiros que finalmente estão tendo condições de comprar um eletrodoméstico, a energia terá que ser produzida, mesmo que seja de fontes emissoras de gases de efeito-estufa, como termelétricas a gás ou diesel. Ou ainda de usinas nucleares. 

Para uma galera que ouve o galo cantar e não sabe onde, que faz show e depois o "mea-culpa" sustentável , tipo "plantamos tantas árvores para compensar a emissão de carbono", parece que não está claro que cada árvore eventualmente afetada pela construção da usina será milhares de vezes compensada com a produção de energia sem emissão de gases do efeito-estufa. 

A Falta de Noção que Assola o País (FANOAPÁ)  produziu uma peça de propaganda chamada Movimento Gota Água, que tem site, filminho com atores e atrizes globais, apelativo em termos de fazer quem assiste ir lá no site e votar numa petição pelo fim da obra de Belo Monte. Na propaganda há números que precisam ser analisados para não soarem como manipulativos. A área alagada, por exemplo, será um pouco maior que a normalmente afetada em épocas de cheia. O dinheiro público virá do BNDES, emprestado (e não doado) às empresas que fazem o investimento para ser pago depois, voltando aos cofres públicos. O que serà desmatado é muito menos que os fazendeiros destroem para plantar soja ( e de quebra expulsar índios da região). 

O filme ainda mente sobre a série de usinas que seriam construídas na Amazônia. depois de Belo Monte, sobre a realocação de índios e ribeirinhos e outras questões de forte apelo para quem só deve ter o trabalho de clicar numa petição sem se preocupar em pesquisar mais sobre o assunto. Essa usina foi maturada em décadas de estudos, aprovadas em órgãos ambientais, já está iniciada e agora vem esse movimento. Por que não tem uma manifestação desse tipo contra a mudança do Código Florestal, que vai permitir uma devastação bem maior e que poderá comprometer ecossistemas como os da Amazônia e do Cerrado? 

Continuando a falta de noção, deveriam fazer também filminhos pedindo o fim da Hidrelétrica de Itaipu, que alagou o Salto das Sete Quedas, contra a exploração depetróleo do pré-sal, porque pode haver vazamento, pela demolição do Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades que destruíram a Mata Atlântica, desalojaram índios, etc. Vamos lá, gente. Não faltam bons atores, boas atrizes, falta de noção e câmeras à mão. A Copa do Mundo vai custar 33 bi e ninguém faz movimento contra isso.

E a apelação à corrente mundial de protestos, que pretende fazer do assinante da petição um revolucionário? No fim, a atriz Maitê Proença tirando a roupa enquanto pede assinaturas não é pura apelação? E o sentimentalismo de apelar à Dilma por um mundo melhor para os netos é simplesmente piegas. E o "mande para 10 amigos"? Corrente de internet? Segue o link de um interessante texto do Luiz Nassif sobre esse debate que, pelo visto, continua cercado de desinformação, falta de noção e até de caráter. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MPF quer cassar concessões ilegais das emissoas Canção Nova e Aparecida

Falta de licitação e erro em uso de dispositivo legal para concessões de canais destinados à televisão educativa podem fazer as emissoras Canção Nova e Aparecida sairem do ar. O Ministério Público Federal detetou irregularidades em tais concessões e agora propõe ações para cassar as concessões que considera ilegais.

Na internet, desde já, circulam mensagens difamatórias atribuindo ao PT, que chamam de partido abortista e pró-homossexual, a autoria da "perseguição" às  TVs católicas. Esse assunto não pode chegar a esse nível, reeditando a baixaria da campanha eleitoral do ano passado, mas deve ser tratado pelas vias legais cabíveis.

Se as emissoras têm direitos, que os reclamem e impeçam pelos mecanismos jurídicos competentes. Se as ilegalidades forem comprovadas, que percam os canais. Isso é normal no estado de direito e na democracia. Ninguém pode passar por cima das leis, por melhores que sejam suas intenções. 

O banqueiro

Esta estória vai para quem se sensibiliza com os balanços sociais publicados normalmente junto com os econômico-financeiros dos bancos. Um exemplo de "preocupação social".
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O banqueiro

Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa em sua limusine quando viu dois homens à beira da estrada, comendo grama.

Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:

- Por quê vocês estão comendo grama...?

- Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - . Por isso temos que comer grama.

- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.

- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.

- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando- se para o outro homem, disse-lhe: - Você também pode vir.

O homem, com uma voz muito sumida disse:

- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!

- Pois que venham também - respondeu o banqueiro. E entraram todos no enorme e luxuoso carro.

Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:

- O senhor é muito bom... Obrigado por nos levar a todos!

O banqueiro respondeu:

- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A grama está com mais de 20 centímetros de altura!


"Quando você achar que um banqueiro (ou banco) está lhe ajudando, não se iluda, pense bem antes de aceitar qualquer acordo..."

Cartel de bancos escraviza o mundo

Toda vez que algum "economista de plantão" dá pitaco num telejornal falando em "mercado" para referir-se ao aumento das taxas cobradas por bancos para a rolagem de dívida dos países até os pixels de imagem têm vontade de pular da tela. Mercado pressupõe concorrência livre entre os ofertantes e livre escolha dos demandantes, mas isso não se aplica ao momento financeiro atual. Os países estão sendo achacados com juros cada vez mais altos, combinados entre os grandes bancos, e não têm nenhuma liberdade de escolha, que não seja o calote. Que já deixou de ser escolha, porque agora o cartel de bancos derruba governos democráticos e impõe os seus interventores tecnocráticos com a exclusiva tarefa de garantir a continuidade da sangria de recursos para os seus cofres.

Num dia, crise na Grécia. Quando ela se rende, do nada os bancos aumentam os juros para a dívida italiana. Nova capitulação de soberania. A direita toma posse na Espanha. Logo depois, os bancos começam a elevar as taxas de juros para obter compromissos com a manutenção do pagamento de juros, fazendo um governo capitular mesmo antes de tomar posse. No esquema de extorsão estão agências classificadoras de risco, que agem como instância máxima para julgamento de saúde financeira dos países, e ao seu bel-prazer orientam investimentos, com as notas de crédito. Agora ameaçam os Estados Unidos e a França de rebaixamento, o que é o sinal para os banqueiros e demais especuladores aumentarem os juros.

Aqui no Brasil fala-se de impostos altos, apenas referindo-se ao setor público. O fato é que metade do que se arrecada é apropriado pelos banqueiros na forma de juros de dívidas públicas. O recurso que cai nas mãos das famílias também é carreado para os bancos na forma de financiamentos e empréstimos com os maiores juros do mundo. O brasileiro se acostumou a pagar quase 300% ao ano em juros como parte do valor das mercadorias que consome. A corrupção política é fichinha perto da exploração dos bancos, mas o povo, orientado pela mídia financiada por banqueiros, só vê o lado mais fraco da coisa e atira apenas nisso.

O mundo vai pagar caro por ter respeitado o "mercado" financeiro na última reunião do G-20, quando se propôs a taxação das transações financeiras como forma de ter uma visão dos fluxos de capitais e criar um fundo de ajuda aos endividados. Não deu certo, porque não interessa aos banqueiros pagar para ter um concorrente supranacional. Quem barrou a proposta foram os Estados Unidos, que ainda vendem a idéia de um mundo orientado pelo livre mercado, enquanto a Europa e o resto do mundo já partiram para a intervenção estatal. O sistema financeiro agora parece querer sugar a todos, como um traficante que vicia pessoas e depois vende a droga por quanto quiser. A resposta a isso é a intervenção nos bancos e o fim dessa balela de "livre mercado" nesse ambiente mafioso. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EUA : Te cuida, Obama!

Pouco adiantou a prefeitura de Nova Iorque burocraticamente tentar acabar com o movimento Occupy Wall Street proibindo barracas, etc. O movimento continua firme, e agora já se espalha para muitas cidades americanas. Os ativistas se identificam como os 99% prejudicados pelos 1% de ricos que não querem pagar impostos, etc.

Anteontem a comissão suprapartidária que examina o equilíbrio orçamentário, fruto do impasse de agosto, quando quase os EUA deram um calote por falta de complemento de verbas, não chegou a acordo nenhum, e em 2013 deverá haver cortes compulsórios nas áreas de defesa e de gastos sociais. Entretanto, não haverá aumento de impostos, mesmo para os mais ricos, privilegiados na época de Bush.

O que é digno de nota nisso tudo é que em todos os países europeus onde havia movimentos de rua contra a crise, assim que se fizeram eleições as oposições ganharam, não interessando o matiz ideológico. Na Espanha, no último domingo, a direita ganhou com ampla margem, e poderá fazer o que quiser no congresso em nome de combater a crise. Aliás, poderá fazer o que os banqueiros quiserem, pois essa é a nova lógica européia. Os "indignados" da Praça do Sol fizeram algo como o peru votar a favor de ter Natal. Pagarão por isso, mesmo com as terríveis opções eleitorais que dispunham.

No Egito, agora os "indignados" vão às ruas para completar o que começaram, mas pararam porque foram engabelados por uma solução política arranjada pelas potências. Chegaram a comemorar o governo militar / civil de fachada, que deveria fazer as reformas democráticas, etc. Estão pagando com sangue o preço por não terem levado adiante a faxina revolucionária.

Será que teremos o incrível paradoxo de ver os movimentos Occupy alinhando-se com a oposição a Obama,  sem a noção de estarem agravando o problema que agora denunciam? A direita milionária americana é a oposição disponível por lá. O que causa tudo isso é a similaridade entre os projetos da direita e os do que sobrou da esquerda. Ninguém questiona mais o capital, e acaba dando nisso. Será que os americanos elegerão um republicano como "solução"?

Ditadura : responsáveis devem pagar indenizações às vítimas

Vivemos num país muito estranho. Há duas semanas, pela primeira vez na história, a Previdência Social entrou na justiça para exigir ressarcimento pela pensão por invalidez que paga a um trabalhador que foi atropelado por motorista alcoolizado. Faz sentido : por que a indenização não é paga por quem cometeu a infração que gerou a pensão, além das despesas hospitalares (mesmo da rede pública)?

A mesma lógica deveria ser aplicada às indenizações às pessoas e famílias que foram vítimas de perseguições e outros crimes praticados por prepostos da ditadura militar. Cada ato danoso deve ter um responsável, o que poderá vir à tona com a Comissão da Verdade recentemente criada. Por que não mandar a conta das indenizações para essas pessoas? Por incrível que pareça, os primeiros a reclamarem que o governo está pagando pensões a essas vítimas são justamente os que defendem os seus algozes, e até agora não vi ninguém dizendo que a fatura deveria ser repassada a quem abusou no passado. 

PIB : Crescimento zero é sinal para paulada nos juros

A notícia econômica mais relevante dos últimos dias é a divulgação do crescimento zero do PIB brasileiro no terceiro semestre. Isso é resultado das medidas adotadas pelo governo, na lógica de frear a inflação com a restrição ao crédito e manutenção de juros altos, contraditórias para uma conjuntura onde os capitais estrangeiros estão chegando aqui praticamente de graça por falta de opções, sobram mercadorias no mundo e nossas "commodities" mantém o superávit da balança comercial.

Nunca foi tão bom o ambiente para acabar com a cultura dos juros altos, aquela que atrai especuladores em busca de grandes ganhos sem nenhum risco e trabalho. E para acabar com a marra dos banqueiros, que ganham em cima de títulos públicos, altos juros e praticamente se sustentam só com as tarifas que exploram os clientes. Nunca houve tanto investimento estrangeiro direto, ou seja, aplicação de capitais na produção, com retorno de longo prazo.

O que o governo está esperando para reduzir drasticamente a SELIC e tirar do Brasil da condição de pagador da maior taxa de juros do mundo, sem necessidade concreta? A baixa da SELIC estimulará a migração de recursos para atividades produtivas, seja na forma de busca de participações acionárias ou de empreendimentos novos. Hora de dar uma grande porrada na inflação, reduzir os encargos com dívidas, alcançar o superávit nominal e acabar com o ciclo especulativo que drena a economia há décadas. 

Nova tarifação elétrica será vantajosa?

A Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou ontem um sistema de tarifação por consumo de energia elétrica em baixa tensão diferente do atual, onde se paga a qualquer hora do dia o mesmo valor por kWh. O consumidor poderá optar por um sistema horo-sazonal, onde durante três horas no horário de pico de consumo (entre17h e 22h, dependendo da concessionária)  pagará cinco vezes o valor da tarifa normal, e três vezes mais que no horário intermediário, de uma hora antes e uma hora depois do mais caro. No resto do dia, deverá haver desconto sobre a tarifa convencional. A nova tarifação será opcional, e apenas poderá ser aplicada nos pontos de consumo onde houver medidores eletrônicos.

O que significa isso? Em primeiro lugar, economias nos sistemas de geração e distribuição de energia. Normalmente nos horários de pico há forte sobrecarga no sistema elétrico, podendo haver apagões por dimensionamento insuficiente das redes para atender a um consumo crescente, e na geração, que busca atender ao excesso dessa  sazonalidade com o acionamento de usinas termelétricas, que consomem combustíveis geradores de efeito-estufa. Se houver um uso mais racional de energia no horário de pico, as térmicas não precisarão ser acionadas, e será reduzido o risco de apagão por excesso de concentração de consumo.

O horário de verão no Brasil já tenta minorar esse problema de sobrecarga, pois a cada ano são instalados mais condicionadores de ar sem praticamente haver redimensionamento das redes das distribuidoras. Como os dias são maiores no verão, empurra-se para mais tarde o acendimento de lâmpadas, dando um alívio ao sistema. Tarde da noite, quando normalmente todos os condicionadores estão ligados, já não há tanto problema porque grande parte do consumo comercial e industrial deixa de existir.

Vai valer a pena optar pelo sistema de "tarifa branca"? Depende do perfil de consumo de cada caso. Hoje esse tipo de tarifação já existe para o fornecimento em alta tensão, normalmente usado em finalidades comerciais e industriais. Se a  empresa consegue reduzir substancialmente suas atividades durante o horário de tarifa cara, transferindo para os horários de energia barata alguns dos seus consumos, certamente terá vantagens. Exemplo: há sistemas de ar condicionado de grande porte que produzem e estocam água gelada durante os horários de energia barata, que é colocada para circular nos equipamentos de ventilação durante os horários de energia mais cara. Outra opção bastante usada é acionar grupos geradores a diesel nos horários de pico para sustentar as cargas mais pesadas, como faz a maioria dos supermercados.

E em casa? Só se houver muita disciplina. Significará não usar chuveiros elétricos, ferros de engomar, ar condicionado ou quaisquer outros equipamentos de grande consumo nesse horário. Se o aquecimento for a gás ou, melhor ainda, solar, ajudará bastante. Caso contrário, a opção poderá se desastrosa, com aumento absurdo na conta mensal. Dependerá das informações que os medidores eletrônicos disponibilizarão, para determinar com mais exatidão o perfil de consumo. Há concessionárias que disponibilizam dados a cada 15 minutos, para consumidores em alta tensão, o que permite um bom gerenciamento. Além desse perfil, será necessário saber que desconto haverá, em relação à tarifa convencional (que valerá para quem não optar pelo novo sistema) nas 17 horas fora do pico.

No mais, é continuar o esforço por racionalização, colocando lâmpadas eletrônicas, comprando equipamentos de padrão "A" da ANEEL, usar energia solar em aquecimento, isolar melhor os ambientes a condicionar (preferencialmente com equipamentos tipo "inverter"), e tentar reeducar o consumo para quando chegar a hora da nova tarifa verificar se vale realmente a pena. 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Egito : Chegou a hora da verdade

Não adiantou muito a troca de seis por meia-dúzia no Egito : saiu um governo bancado pelos militares, de Mubarak, e entraram os militares sem intermediários. Ou melhor dizendo : com um primeiro-ministro de fachada, a quem caberia organizar um governo de transição para uma nova constituição democrática e eleições gerais. Para os Estados Unidos e Israel foi uma solução razoável, porque mantém os acordos de paz, deixa os partidos islâmicos fora do poder, e ganha-se tempo.

Acabou a lua-de-mel. Explodiu uma nova revolta porque os militares querem ser um poder acima dos demais. Já era assim, só que agora caiu a ficha. A repressão matou somente ontem 33 pessoas, um placar digno de Siria. Os civis do governo entregaram os cargos, em retaliação ao massacre. As eleições parlamentares marcadas para a próxima segunda-feira estão correndo risco de não acontecer. E as de presidente... empurradas para a frente, sem data!

Derrubar Mubarak foi fácil. Era só um anel, e foi entregue para preservar os dedos. Agora o povo egípcio vai bater de frente com o poder armado, com possibilidade de grandes massacres, se um novo acordo político não vier logo, submetendo os militares ao poder civil democrático e com o calendário eleitoral explícito, especialmente para eleições presidenciais. O governo militar já tachou as manifestações populares de "coisa de pistoleiros". O mesmo papo da Síria. A diferença é que no Egito os mortos serão "bandidos", e na Síria, o governo é que não presta. Lá tem petróleo...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Espanha elege novo algoz

Os espanhóis mostraram nas urnas porque conseguem encarar touros em arenas e soltos nas ruas. Chega de intermediários para fazer todo o saco de maldades encomendado pelos bancos. Os social-democratas até que tentam, mas não são autènticos como a direita para tirar direitos, privatizar, entregar tudo o que é pedido pelo capital imperial. Esse é mais um trágico capítulo da ocupação sistemática que os banqueiros estão fazendo nos governos dos países europeus falidos. No link abaixo está uma charge do cartunista Maringoni que diz tudo.

http://blogln.ning.com/forum/topics/occupy-europe

Ah, se fosse a Petrobrás...

É mais fácil fechar o vazamento de notícias para a mídia que fechar um vazamento de petróleo. Aliás, é mais fácil empurrar o petróleo poluente para o fundo do mar que limpá-lo que é o que criminosamente a empresa norte-americana vem fazendo na Bacia de Campos. Até agora a mídia coloca o fato como "passível de multa" por "poluição ambiental". Detalhe : quem fez esse estrago foi a mesma terceirizada que causou a lambança para a BP no Golfo do México.

Se a Petrobrás jogasse ao mar um copo de petróleo, a mídia privatista cairia de pau, falando de incompentência estatal e todo o discurso encomendado pelos grandes do setor, que encontram no Brasil meios de comunicação ávidos por um jabá para publicarem  "press-releases". Até os infalíveis "economistas" de plantão, capazes de dissertar com profundidade de parto de macaco a atracamento de navio, botam a colher na coisa para arranjarem desculpas para a multinacional Chevron / Texaco sair bem na fita.

A multa para um desastre dessas proporções é de apenas R$ 50 milhões. Uma ninharia. O resto do prejuízo fica socializado com os ecossistemas do litoral fluminense e para cobertura pelos mesmos royalties que outros estados não produtores de petróleo querem agora "socializar". Deviam mandar para eles também o óleo dos vazamentos, os animais sujos ou mortos, as areias contaminadas das praias, etc. Como pouco sai na mídia, aí vão alguns artigos de quem está vendo o problema de perto, mas não está com os olhos sujos de óleo.

http://www.viomundo.com.br/denuncias/fernando-brito-omissao-criminosa-da-chevron-texaco-com-indulgencia-da-nossa-imprensa.html

http://www.tijolaco.com/se-fosse-a-petrobras-mas-e-a-chevron/

http://www.tijolaco.com/obrigado-pelo-vazamento-chevron/

http://www.tijolaco.com/chevron-enfim-vira-caso-de-policia/

http://www.tijolaco.com/a-mancha-da-vergonha/

http://www.tijolaco.com/globo-se-arrependeu-e-cortou-a-pf-do-caso-chevron/

http://www.tijolaco.com/que-licao-petrobras-socorreu-a-incapaz-chevron/

http://www.tijolaco.com/chevron-assume-culpa-ela-escondeu-o-vazamento/

http://www.tijolaco.com/a-criminosa-omissao-da-chevron-e-maior-ainda/




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ONU pede fim da Lei da Anistia brasileira

Enfim, e mesmo capenga, saiu uma Comissão da Verdade, para investigar os crimes praticados por agentes públicos e paramilitares na ditadura militar. O Brasil era um dos últimos do continente a fazer essas investigação, mas terá como obstáculo a Lei da Anistia que livrou criminosos torturadores da cadeia. Agora a ONU quer o fim da Lei da Anistia, para que todos venham a ter julgamentos. Se pode mudar lei para atender à FIFA na Copa, por que não colocar novamente em discussão essa lei que só livrou a cara dos que agiram nas sombras do poder?
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/11/onu-pede-julgamento-de-violadores-dos-direitos-humanos-no-brasil-1.html

Flamengo -1 x 0 Figueirense - Jogo da Vergonha

Tirei uns dias para descansar da ressaca da viagem, e desde domingo não postava nada no blog. Não por falta de assunto, mas de vontade mesmo. Sem disposição para nada, resolvi ir ao Engenhão ver o Mengão jogar contra o Figueirense, para ver se reanimava, mesmo sabendo do risco do time tomar um "sacode" já que o time catarinense vem embalado, e o rubro-negro vem aos trancos e barrancos, ora vence bem, ora perde feio.

Não esperava ver o que vi. Se ao final do jogo fosse feita uma enquete entre os flamenguistas, perguntando qual foi o adversário do time, muita gente diria que era o Ronaldinho R10. Numa partida onde a maior comemoração foi a defesa de um pênalti pelo goleiro Paulo Vitor, e a mediocridade campeou, estava evidente que a falta de motivação do craque prejudicou toda a equipe. Nunca vi tanta gente xingando tanto. Nem as barbaridades da arbitragem tiveram tantos esculachos como as centenas de erros de passes.

Parecia que o Mengão estava ganhando de goleada. O Figueirense até que fez o seu papel de coadjuvante, criando aqui e ali algumas jogadas de risco, mas, tirando o pênalti defendido, o jogo não teve nenhum lance que impedisse os goleiros de ir embora para uma festa sem tomar banho após a partida. Falando em farra, Ronaldinho teve momentos de esquizofrenia: passava a bola para alguém que só ele via, causando estranheza até nos adversários. Até o craque novato Tomás, que tentou dar um ritmo no final do jogo, acabou sendo ineficiente diante de tanto corpo mole de jogadores que queriam as bolas servidas na bandeja.

No final do primeiro tempo, o coro de "timinho" já estava rolando. Ao final do jogo, as torcidas que encheram o estádio (ingresso barato e vendido em muitos lugares) cantavam " vergonha, vergonha, time sem vergonha". Ficou patente que a esperança de título acabou ali. Pior: o Mengão deu o abraço de náufrago no Figueirense, acabando com a possibilidade deles chegarem junto do grupo que ainda tem alguma chance de título: Corinthians, Vasco e Fluminense.

Vai dar Corinthians, porque tudo favoreceu o time paulista e prejudicou o Flamengo por todo o campeonato. A convocação do ataque do Mengão para a seleção de Mano Menezes, quando o time vinha embalado, sem que nenhum atleta do Corínthians tivesse feito parte da equipe é um forte indicador da intenção de prejudicar o Fla. As arbitragens também sempre foram muito generosas com o time paulista, enquanto erros crassos prejudicavam o Flamengo, e, pior, criavam situações de reclamações que terminavam em fartos cartões para os nossos jogadores. O Mengão chegou a ficar 10 jogos sem ganhar, por conta dessas armações. Até pesquisa fajuta dizendo que o Corinthians tem a maior torcida do país fizeram, desaparecendo com milhões de rubro-negros.

Agora é Libertadores. Briga de foice entre Fla, Flu, Figueirense, Botafogo, Inter. Na outra ponta da tabela há a luta contra o rebaixamento, que levará ao desespero algumas equipes que ainda jogarão com os líderes. Se o Vasco for competente, será o vice.


domingo, 13 de novembro de 2011

Rio : Retomada histórica da Rocinha

Trabalhei numa das empreiteiras que em 1982 participou das obras do sistema de drenagem da Rocinha. Para ter tranquilidade, a empresa negociou com a associação de moradores, fachada  do tráfico que já dominava a área, empregando pessoas, inclusive com bons cargos para "seguranças", dando materiais e fazendo algumas obras comunitárias. Estive lá algumas vezes, chegando a presenciar um tiroteio em plena área do Valão, local da obra. Naquele tempo já ouvia relatos da extensão do poder real dos traficantes. Eram o próprio estado. Os assuntos da comunidade, de briga de casais a questões entre vizinhos e a ocupação por novas casas eram tratados pelo alto comando do crime. Sua lei era mais forte que as do país e da cidade.

Na mesma época, a duplicação da Grajaú-Jacarepaguá era outra obra em meio a favelas onde também soubemos que para acontecer sem incidentes, houve concessões ao crime organizado. Outros colegas que também participaram de outras obras em encostas e favelas relatavam o mesmo, tanto no pagamento de proteção pelas empresas como da organização local tendo como poder o crime organizado. Esses  fatos marcam a longevidade do controle territorial do tráfico em áreas recentemente ocupadas pelas UPP. Como esse poder não começou ali, e há quem diga que teve origem nos cárceres da Ilha Grande, quando guerrilheiros combatentes da ditadura foram colocados ao lado de criminosos, por volta de 1972.  São 40 anos de ditadura do crime. Uma geração inteira de pessoas sofreu com esse regime.

A cidade inteira passou a "respeitar" o crime e seus prepostos. Bastava um moleque descer o morro até o comércio e gritar "o patrão mandou fechar tudo" que o comércio baixava suas portas. Qualquer incursão da polícia era respondida com grandes manifestações dos moradores, tangidos pelos  criminosos para colocar nas forças de segurança a culpa por qualquer morte, etc. Enterros de traficantes eram eventos com milhares de pessoas, levadas por veículos controlados por traficantes. Até o governo estadual, em nome de uma equivocada política de direitos humanos, fez acordos globais com o crime, assumindo a ocupação territorial, na política do "polícia não sobe morro, bandido não desce para o asfalto". Isso deu estabilidade ao tráfico no domínio das favelas.

Durante todo esse tempo houve conluio de forças policiais com o crime organizado. Era comum ver colegas falando que se roubassem um carro ou um toca-fitas (coisa da época...), bastava ir à delegacia e oferecer recompensa que tudo reaparecia. Havia, portanto, uma linha direta entre policiais e bandidos, com ampla corrupção por conta dos altos valores negociados pelo tráfico de drogas e armas. Com a corrupção crescente, cada vez mais insaciável, alguns policiais descobriram que poderiam subjugar o tráfico, tornando-se em algumas áreas os verdadeiros chefões.

As milícias foram o ato seguinte, estendendo o poder paralelo a áreas que não eram diretamente afetadas pelo domínio criminoso, como a oferta de proteção em áreas da cidade por empresas de segurança de fachada. Essa promiscuidade chegou a altas esferas do estado, e hoje conta na folha de pagamento com magistrados, parlamentares, executivos, etc. Tudo que está no filme Tropa de Elite 2 é a pura realidade.

Quando as pessoas de fora do Rio assistem às imagens da ocupação da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu pela TV neste domingo, não entendem como os moradores não saem às ruas comemorando, como em cenas de guerra onde o exército de libertação retoma as áreas ocupadas pelos inimigos. Não está claro quem é o inimigo, para a pessoa que passou toda a vida sob o jugo do tráfico. Tudo que acontece lá é muito estranho para os moradores. Havia uma ordem, mesmo corrompida, que mantinha um sistema previsível. Agora o temor é que essa ordem continue, de forma implícita, conviva com uma nova ordem, que dependerá do humor das tropas de ocupação, e mais uma ordem, que é a cidadania.

Essa estratégia de UPPs não é o fim do tráfico, mas fecha uma etapa importante do processo de retomada pelo estado das áreas estratégicas para o crime organizado, que migrará para áreas mais afastadas e mesmo para outros estados, com o "know-how" organizativo, armamentos e recursos que dispõe. Um outro impacto será sentido na área policial, dependente do "arrego" (propina") do tráfico. Segundo o traficante Nem, metade do que arrecadam é pago em propinas à polícia. Estima-se que o movimento de drogas na área sob seu domínio chegava a R$ 100 milhões por ano, apenas com o comércio a partir da área agora retomada.

Quem suprirá os policiais corruptos com os R$ 50 milhões que farão falta, pelo menos em parte, já que o tráfico não acabará, mas será bem reduzido? Esse montante, essencial para o padrão de vida de centenas de corruptos, será retirado de outro lugar, possivelmente na forma de milícias ou de tráfico no asfalto.

Ninguém está livre para comemorar a queda de alguns bandidos em alguns lugares, enquanto o sistema estiver perfeitamente operante, mesmo um pouco mais debilitado. As pessoas continuarão com medo de ligar para o Disque Denúncia, achando que do outro lado da linha tem alguém que passará os dados para os traficantes que matarão o denunciante. O cidadão continuará olhando para a polícia com receio, sem saber que interesses estão ali representados pela farda.

Mesmo que o tráfico fosse reduzido aos níveis "normais", existentes em qualquer lugar do mundo, sem armamentos nem domínio territorial, sem poder real sobre as pessoas, uma nova cultura teria que tomar o espaço vazio. Uma nova geração teria que surgir, confrontando os resíduos do medo desse domínio. Historicamente, o tráfico carioca será lembrado como o cangaço nordestino, idealizado por alguns que viram legados culturais a partir dos saques, estupros e chacinas que cometeram. Essa "cultura do tráfico" vai ficar, até nas relações das pessoas que não moravam nas comunidades, por muito tempo. Para uma cidade como o Rio, que até hoje tem gente que ainda acha que mora na capital federal, dá para ter idéia do espaço de tempo para apagar memórias.

A Rocinha é um símbolo para o crime e para a cidade, assim como o Complexo do Alemão e a Favela da Maré, como sedes das facções que aterrorizam os cariocas. A "queda da Rocinha" alimenta a auto-estima geral e aumenta a sensação de segurança, mas ainda não é suficiente para o cidadão comum, morador ou não da comunidade, confie nas autoridades a ponto de começar um amplo movimento de resistência ao poder do crime. Ainda demorará muito até que as pessoas digam "não" às ordens do tráfico e dos seus prepostos, mesmo que venham de uma criança drogada.

É bom ver esses "donos de morro" enxotados, destituídos dos seus impérios, quase capitanias hereditárias. Há informações sobre a "passagem de poder" para um novo "dono do morro" com a saída do Nem. Esse continuará o tráfico num perfil mais "light", sem armas, sem ostensividade, usando a mão-de-obra residente, afinal, boa parte dos colaboradores do tráfico não tem ficha criminal, são filhos do local, e continuarão morando por lá, identificados pelos moradores com alguém que já foi próximo do poder. No Rio, ser amigo do primo do vizinho do ex-subsecretário de porra nenhuma do prefeito do interior é credencial para carteirada. Vide o "cônsul honorário" do Congo que dava cobertura à fuga do Nem.

O Rio tem o que comemorar. Não temos que olhar para os benefícios em função de Copa, Olimpíada, mas como algo que era devido aos cariocas há décadas. Que essa vitória seja permanente, sustentável, e não mais um arrobo político, para que a cultura do tráfico desapareça definitivamente do nosso cotidiano. Aqui vão algumas matérias do blog sobre o assunto:

http://blogdobranquinho.blogspot.com/2011/11/nem-uma-prisao-varias-polemicas.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2010/08/rio-estranha-tregua-na-rocinha-e.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2011/02/rio-policia-expulsa-exercito-do-trafico.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/03/rio-justica-paralela.html
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2010/11/rio-trafico-quer-parar-upps.html

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Nem : Uma prisão, várias polêmicas




























A prisão do traficante Nem, que aterrorizou as comunidades da Rocinha, do Vidigal, que matou e mandou matar muita gente, que esculachou moradores e até outros bandidos, que corrompia deus e todo mundo, é uma notícia excepcional no Rio. Sua queda, e de outras lideranças do seu bando, mais a estratégia da polícia de sufocamento da sua facção em outras comunidades, acende a esperança de livrar a Rocinha e o Vidigal de uma histórica ditadura do tráfico.

Nas ruas comenta-se de tudo. Hoje parei em frente a uma banca de jornais e, como sempre, tinha um grupo comentando as capas dos jornais. A prisão do Nem estava em todas, com direito a esculachos e tudo. O primeiro comentário inquietante foi sobre a foto do cabo da PM que teria recusado a propina de R$ 1 milhão, mostrando a sua casa, e o próprio, com uma camisa do Flamengo. Logo percebi que o grupo era anti-flamengo, porque todos duvidavam da honestidade do policial por conta da camisa. Fiquei na minha. Um dos homens falou que o policial seria um babaca, porque se fosse ele, pegava a grana e soltava. Os outros foram na mesma linha. É aquela estória : ética e honestidade é coisa para os outros.

A outra polêmica foi a que envolveu um delegado da polícia civil de Maricá, município situado a 50 km do Rio, chamado pelo advogado de Nem enquanto ele ainda estava oculto no porta-malas do carro e não tinha ocorrido a proposta de propina ainda. O delegado chegou lá querendo tomar a frente do processo, para levar o carro até a delegacia da Gávea, etc. Nisso o advogado faz ao PM a proposta de dinheiro, recusada, e é dada ordem de prisão por tentativa de suborno. Isso tudo com um dos passageiros do carro de Nem dizendo ser diplomata e dando carteirada.

Tudo muito esquisito. Depois apareceu um superior da Polícia Civil, dizendo que aquilo foi ordem dele, que estava negociando a rendição do Nem, mais uma estória entre tantas outras mal contadas envolvendo a prisão de Nem. O secretário de Segurança Beltrame disse que não entendeu a intromissão desses policiais no caso.

Na cadeia, Nem disse que metade do que apura é para pagar propinas à polícia. Palavra de bandido não é coisa que se acredite, mas é bastante razoável entender porque tinha policiais civis fazendo a escolta de outros bandidos do seu grupo, e o interesse de tantos policiais em "protegê-lo". 

Num avião em 11/11/11 às 11:11h.

Comprei uma passagem antecipada para ir de Brasília ao Rio. No site, o dia 11 era o que tinha o melhor preço dentro do horário pretendido. Mais uma viagem de avião? Não percebi que, coincidentemente, era o dia 11/11/11 e que saindo de Brasília às 9:40h e chegando ao Rio às 11:30, estaria às 11:11h em pleno vôo. Teve gente que disse que isso poderia ser fatídico, por questões cabalísticas, numerológicas, superstições, etc.

Entrei no vôo na habitual tranquilidade. Quando chegou a tal hora 11:11h, sabem o que aconteceu? Absolutamente nada. Eu estava lendo, o avião descendo, e só vi o relógio na hora do pouso, e aí me lembrei de toda essa baboseira. Agora há pouco, nos telejornais, vi entrevistas com "autoridades" místicas falando das "energias" dessa coincidência, etc e tal. Falta de assunto nas pautas, ou o desejo de alimentar essas crendices no imaginário popular?

Europa : Bancos ocupam governos da Grécia e Itália

Enquanto empresas de petróleo fazem lambança financiando guerras de ocupação, os banqueiros têm um estilo mais "light", de efeitos tão ou mais perversos que os de uma guerra: simplesmente chantageiam os países, ameaçando estrangulá-los por falta de dinheiro, e depois tomam os seus governos, que passam a aprovar pacotes de medidas para tirar dinheiro dos pobres para pagar os juros das dívidas.

Numa mesma semana, tecnocratas ligados ao núcleo de poder da Comunidade Européia (Alemanha e, bem pequenininha, a França) e ao Banco Central Europeu (sindicato de bancos alemães e franceses) se tornam primeiros-ministros na Grécia e na Itália. Novas eleições só acontecerão depois de consolidados os congelamentos de salários, a elevação de idade para aposentadorias, privatização das principais empresas, a velha fórmula do FMI que bem conhecemos.

Acabou a democracia. Agora é a lei do cão. Deveu, não pagou, o banqueiro vai lá e toma o governo. Tem eleições agora na Espanha. Certamente entrará  alguém do agrado dos banqueiros. Portugal está na fila, assim como todos os outros endividados. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sugestão para Dilma

Querida Presidenta:

Segue a foto de uma sugestão de instrumento para seu uso, quando do tratamento com ministros arrogantes que se acham donos de cargos mesmo sentados sobre um lamaçal de denúncias de corrupção.

As bolas pretas sob o equipamento não são bolas 7 da sinuca, mas servem para acabar com o jogo de uns caras folgados, quando aplicadas no aparelho.

Isso deve ser suficiente para quem diz que precisa de bala de grande calibre para ser retirado do cargo. Não deixe ao alcance da oposição. 

DF : Cúmplices de Arruda querem a cabeça de Agnelo

Há dois anos estourava uma série de escândalos que culminou com o afastamento e prisão do ex-governador José Roberto Arruda, do DEM, que tinha o PSDB no seu governo. Agora esses mesmos grupos pedem o impeachment do governador do PT, Agnelo Queiroz, com base em uma gravação feita por duas deputadas do esquema de Arruda com uma pessoa que diz ter pago propina a Agnelo quando ele era da ANVISA, que logo depois, gravou outro vídeo desmentindo tudo e dizendo que foi pago para dar a declaração anterior.

Tudo tem que ser apurado, mas cabe perguntar: se Agnelo tiver mesmo recebido propina no tempo da ANVISA, cabe impeachment no seu atual cargo? Ainda nesta semana tomou posse um ficha-suja, Cassio Cunha Lima, do PSDB, no Senado Federal, porque entendeu-se que a lei da ficha limpa não poderia retroagir. O que os demo-tucanos estariam fazendo com os pedidos de impedimento então seria uma mera provocação política, sem finalidade prática. Agnelo precisaria ser condenado por corrupção na ANVISA e preso para perder o cargo, pois tal crime não teria sido ato do seu governo atual.

Aqui prá nós, Agnelo : a gente aprende no serviço público a não ter qualquer relação pessoal com fornecedores, para que não pairem suspeitas sobre o funcionário público de qualquer privilégio. Deve-se evitar qualquer favor, e até encontros fora do local de trabalho, como almoços, viagens, etc. Como é que você, em cargo de chefia, na hipótese que mais lhe é favorável, empresta dinheiro a um funcionário de uma empresa fornecedora e dá sua conta para ele depositar depois a devolução? No mínimo, promíscuo, para não dizer suspeito.

Rio prende traficantes. São Paulo prende usuários.

Há uma diferença fundamental entre as políticas de segurança do Rio e de São Paulo. Depois da proposta de ocupação de comunidades para destruição do domínio territorial do tráfico e implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, amplas populações de favelas e dos entornos passaram a ter uma sensação de segurança que não se via há muitos anos. O desmantelamento do crime organizado no Rio fez o foco do noticiário policial nacional se deslocar para São Paulo.

Apesar das maiores dimensões do estado, e da blindagem do governo do PSDB na mídia, o que aflora de informações é que a criminalidade está se intensificando. Pior: a polícia parece mais preocupada em pegar dois ou três usuários de droga numa universidade que combater o tráfico por trás da Cracolândia. Essa política de varejo é a principal responsável pela criminalidade onipresente na capital e no interior do estado.

A captura do traficante Nem, hoje, é mais um passo importante na guerra contra o poder do tráfico, longe de terminar, no Rio. Os elementos envolvidos na captura mostram a complexidade do crime e a necessidade de investimento em inteligência, formação de policiais e integração entre as polícias. No total foram presas 15 pessoas, entre elas 3 policiais civis , um PM reformado e um ex-PM, que davam cobertura a dois traficantes ontem,  uma pessoa que se disse cônsul honorário do Congo e dois advogados, que formavam a quadrilha que tentou tirar Nem de dentro da Rocinha.

No fim de semana deve acontecer a tomada do complexo Rocinha / Vidigal pelas forças de segurança, para implantar novas UPPs. Para quem não conhece o Rio, essa área muito populosa fica no bairro nobre de São Conrado, entre a rica zona sul e a emergente Barra da Tijuca. É a última cidadela com domínio territorial do tráfico nas áreas de classe média de maior PIB da cidade. A queda da Rocinha / Vidigal deverá trazer uma redução substancial nas receitas do tráfico no Rio de Janeiro, e em tudo de ruim a ele associado. Assim esperamos. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Patrões pagam diversão de juízes do trabalho

Essa matéria abaixo chega a enojar pela desfaçatez de algumas declarações. O Banco do Brasil "investiu" no evento porque se trata de um setor de alta renda, interessante aos negócios. Ora, quem tem alta renda, pode muito bem pagar para se divertir. Além do mais, é espúria a relação de uma empresa com juízes que têm que analisar os milhares de processos trabalhistas dos seus funcionários por horas-extras sonegadas, assédio moral, entre outros. E a CHESF, que nem tem esse dinheiro todo, nem interesse negocial?
E o magistrado que fala em "momento difícil" para a magistratura, que pleiteia hoje salários muito acima do teto nacional? Fala sério...

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/11/01/dinheiro-publico-ajuda-pagar-jogos-de-320-juizes-em-resorts-em-pe-925721283.asp#ixzz1cZmpwksC

Código Florestal : Senado facilita a vida de desmatadores com truculência

Em meio à truculência da desocupação da USP, passou despercebida a truculência da polícia do Senado ontem contra manifestantes, que protestavam pela votação, em uma das comissões, de uma proposta que dá mais facilidades aos desmatadores no novo Código Florestal. Um estudante, que já estava rendido, com as mãos para cima, levou uma descarga elétrica de uma arma da polícia do Senado. Aí vai a nota do
Comitê Brasil em Defesa das Florestas:


EM CLIMA DE TRUCULÊNCIA
COMISSÃO APROVA DESMONTE DO CÓDIGO FLORESTAL
Numa tumultuada sessão, as comissões de agricultura e de ciência e tecnologia
aprovaram o texto base do senador Luiz Henrique (PMDB/SC) para o novo Código
Florestal.
Na avaliação dos integrantes do Comitê Brasil em Defesa das Florestas o
projeto aprovado, mesmo com as eventuais modificações que poderão ocorrer, não
resolve os principais problemas do texto aprovado na Câmara dos Deputados.
Continua a abertura para anistiar todos  os desmatamentos ilegais feitos até
três anos atrás, a falta de regras diferenciadas para os pequenos agricultores, a
ausência de regras claras para evitar novos desmatamentos em beiras de rio e
nascentes, pastagens em encostas, dentre vários outros que haviam sido elencados
pelo comitê. E, dependendo das emendas que serão aprovadas, pode piorar ainda
mais.
A truculência da polícia do senado, que violentamente acabou com a
manifestação pacífica de estudantes contrários à aprovação do projeto, foi outra
marca do triste episódio desta tarde. Os membros do comitê manifestam seu repúdio
à violência praticada contra os manifestantes e exigem apuração e punição dos
responsáveis.
O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável
conclama a  sociedade brasileira a, mantido o texto atual, iniciar uma ampla
campanha pelo veto da Presidenta da República, Dilma Rousseff para evitar um dos
maiores retrocessos na legislação ambiental brasileira em toda sua história.
Brasília – DF, 08 de novembro de 2011
Comitê Brasil
em Defesa das Florestas
e do Desenvolvimento Sustentável

HOAX : Graviola cura o câncer


Deixo o esclarecimento de mais essa infelizmente falsa informação que está circulando pela internet com o pessoal do Quatrocantos:
http://www.quatrocantos.com/lendas/133_graviola.htm

Há séculos o curandeirismo faz a riqueza de alguns às custas das esperanças e das vidas dos outros. Eu era criança quando se "descobriu" que o chá da casca do ipê roxo "curava" o câncer. Coitadas das árvores, com tanta gente arrancando o seu "couro" para fazer vender a quem queria fazer chá. Hoje há quem diga que a árvore ajuda a reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. Um outro medicamento com o ipê-roxo é produzido pelo Lafepe - Laboratório Federal de Pernambuco, o Lapachol, classificado como anti-neoplástico, ou medicamento cuja finalidade é evitar ou inibir o crescimento e a disseminação de tumores. Isso também não significa cura, apenas auxilia no tratamento. Além do mais, qualquer substância que se diga medicinal deve passar pelo crivo médico antes de ser ingerida. E a ANVISA adverte para não sair comprando coisas milagreiras, em especial pela internet.

Há pessoas que afirmam ter melhora em seus sintomas a partir de uma substância que nada tem a ver com a sua doença. Isso é o chamado Efeito Placebo. E há os espertalhões que se apropriam de um ou outro depoimento ou caso de sucesso para sair divulgando remédios populares inertes, criando falsas esperanças nos doentes e nas suas famílias. Clique neste link para ver o interessante artigo do Dr. Dráuzio Varela com o título "A cura do câncer" para entender melhor a complexidade do problema, o nível de desconhecimento que envolve o tema e a dificuldade de uma cura alternativa.

HOAX : Nota da Shell sobre celulares causando explosões em postos

Deixo o esclarecimento desse hoax com o site Quatrocantos: http://www.quatrocantos.com/lendas/74_celular_gasolina.htm

Muitas informações contidas na mensagem que circula fartamente na internet com o título "Pronunciamento da Shell Oil Co." têm procedência, mas o método é o de sempre: disseminar medo usando o nome de uma empresa de grande porte, que, por sua vez, tendo uma marca mundialmente conhecida (Shell), jamais usaria num comunidado ao público o nome "Shell Oil Co."

Como o mundo do eletromagnetismo ainda é misterioso, até hoje há polêmicas sobre a ação de ondas usadas em celulares para fritar o cérebro dos seus usuários ou dos que moram perto das suas antenas, assim como dos que ficam próximos a linhas de transmissão de energia elétrica. No Rio de Janeiro há lei municipal que proíbe o uso de celulares em postos de gasolina. Vi isso por toda a Europa também.

A questão da eletricidade estática também é concreta. Pela baixa umidade, aqui em Brasília é comum as pessoas andarem numa sala atapetada, criando cargas elétricas, e tomarem choque ao pegarem numa maçaneta. Nos veículos em situações semelhantes há acúmulo de cargas na parte externa da carroceria, que causam choques (e pequenas centelhas) a quem os toca logo que param. Daí a isso provocar incêndio, é outra coisa, até porque os tanques de combustível dos carros mais modernos têm dispositivo de fechamento, que só é aberto com o bico da mangueira, e esta também trava automaticamente se a pessoa que a abastecer largá-la incendiando, cortando a alimentação do incêndio.

Essa mensagem é um "meio-hoax", porque mistura informações corretas com coisas sem comprovação, sabe-se lá para atender a que interesses. Talvez o de repassar a mensagem a rodo, levando alguma coisa maliciosa que irá se instalar no computador de quem a abrir.


Alkmin quer transformar USP em UPP

Enquanto todo o estado de São Paulo reclama de falta de policiamento, até no Morumbi, onde mora o governador, 400 homens da PM são deslocados com armamento letal, cavalos, helicópteros e o apoio de mídia (vergonhoso) para desalojar 70 "perigosos estudantes baderneiros maconheiros mimados safados filhinhos de papai vagabundos" que ocupavam a reitoria da USP. Isso é coerente com a ideologia de Alkmin e dos tucanos : tudo pelo (combate ao movimento) social. Vejam a foto deste link. Não precisa ninguém ser especialista para ver um policial mirando uma escopeta num estudante que está de mãos para cima.

Hoje o Morumbi apresenta números que nem o Complexo do Alemão ou a Cidade de Deus mostram mais, depois da ocupação policial e militar. Segundo o Bom dia Brasil, neste ano já foram roubados 1200 veículos, assassinadas 15 pessoas, há uma avenida com assaltos a todo momento e também há ocorrência de sequestros-relâmpago. Isso numa das zonas mais ricas de São Paulo, onde as pessoas têm grana para fortificar suas casas, pagar seguranças e andar em carros blindados. Se os bacanas sofrem assim, o que se dirá na periferia, que é onde a criança chora e a mãe não vê, e a mídia não vai.

Falando em mídia, foi vergonhosa a cobertura da ocupação de ontem. Com a PM, nesse tipo de ação, as coisas são bem diferentes do que acontece no Rio, em confrontos como o que matou o cinegrafista da Band no último domingo: primeiro entra a turma do "prende e arrebenta", chutando portas, quebrando equipamentos, revirando móveis, tudo para assustar os estudantes, e eventualmente plantar evidências de outros crimes, o usual "forjado". Não sei como não encontraram uma tonelada de maconha lá dentro.

Um tempo depois, entra o cinegrafista da PM, que registra tudo revirado e quebrado, as evidências de crimes e os alunos sentados no chão com as mãos na cabeça. Tudo dominado. Aí vem a mídia aliada ao governo, que diz o que quer. A repórter mostrou uma impressora direitinha, e disse que estava destruída, e foi maximizando tudo que via pelo caminho, sempre deixando entender que os estudantes eram vândalos e em nenhum momento deixando dúvidas sobre a possibilidade da PM ter feito o estrago. Noutros telejornais a coisa foi mais cautelosa, mostrando que os estudantes não mexeram nos documentos, e que ninguém poderia saber se a destruição foi coisa deles ou da ação policial. O fato é que se tentou reduzir o repúdio à presença da PM no campus ao "direito de fumar maconha" dos alunos.

Hoje na Favela da Rocinha, no Rio, a PM colocou 50 homens do Batalhão de Choque para cercar todos os acessos e impedir a saída dos traficantes. Apenas 50, para enfrentar pessoas que não têm nada a perder, fortemente armadas, assassinos cruéis. No domingo fará a ocupação para posterior implantação da UPP. Para se ter idéia da assimetria da força policial de Alkmin contra estudantes desarmados, a maioria das UPPs no Rio não tem 400 policiais.

Parece que que Alkmin quer transformar a USP em UPP - Unidade Prisional Política. Deve achar que assim tira espaços para outros tipos de manifestação, como a Marcha da Maconha ou a greve de professores, onde a sua PM baixou a porrada sem dó recentemente. Os estudantes começam agora uma greve para denunciar os abusos da PM e pedir a sua retirada do campus.

Por que o governo de São Paulo não faz como em outras universidades, e contrata seguranças da própria universidade ou particulares para fazer o policiamento? Por que o governo que ter, a qualquer momento, olhos, ouvidos, cassetetes e armamentos para oprimir a autonomia universitária, para cercear a liberdade da juventude?  Nem na ditadura militar era assim, tão ostensiva, a intenção de controlar e proibir tudo. O que virá agora será a resposta a essa situação que criaram. 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

USP : Alckmin quer ensinar democracia com repressão da PM

Não é sem razão que a comunidade universitária tem alergia à presença de polícia nos territórios universitários. E isso não é só pela lembrança de tempos ditatoriais : os policiais militares não têm preparo para tolerar o ambiente de liberdades e de tolerância que há nas universidades. No caso da USP, a pretexto de combater crimes de sequestro, estupros e até assassinatos no campus, a universidade, que é dirigida por um reitor que não é reconhecido como legítimo, fez um convênio com a PM e a partir de então há perseguições a estudantes, buscas sem mandados em centros acadêmicos atrás de drogas, etc.

Na semana passada, três estudantes foram presos fumando maconha no estacionamento. Evidentemente isso não é a causa de tudo, mas foi a centelha que fez explodir o descontentamento, culminando com a ocupação da reitoria. Numa escalada de repressão, hoje a PM entrou com mais de 400 homens contra 70 estudantes, mais helicópteros, cavalos, fora o armamento, como se estivessem ocupando uma zona com traficantes fortemente armados. E por falar em armado, apareceram 7 coquetéis Molotov cuja fabricação foi atribuída aos estudantes, dentro da reitoria. Daí para a mídia acusar todo mundo de baderneiros, de terroristas, de maus elementos, não foi muito difícil. A versão vendida pelos meios de comunicação é : os baderneiros da USP, em vez de lutarem por coisas mais nobres, partiram para a destruição do patrimônio público pelo direito de fumarem maconha.

O governador Alckmin deu o recado no seu estilo: botei um reitor que ninguém aprovou (era o segundo da pouco democrática lista tríplice), que saiu fazendo desmandos que desagradaram a todo mundo, e agora boto a polícia para mostrar que movimentos sociais serão tratados com toda a truculência. E ainda diz que os estudantes precisam de "aulas de democracia". Pelo visto, Alckmin já está providenciando isso, fazendo da PM o corpo docente que aplicará a sua cartilha ao movimento estudantil e depois a todos os demais "carentes de democracia".

Tudo que aconteceu veio a corroborar o sentimento de desconfiança da comunidade universitária na PM dentro do campus. A repressão de hoje certamente será o estopim para mais mobilizações, greves, etc. Até onde Alckmin vai insistir em tentar submeter a USP ao seu autoritarismo? Escolheu uma péssima hora, pois em todo o mundo jovens e estudantes estão nas ruas e praças lutando por liberdade, por participação e contra as ditaduras. Isso não vai ficar barato. 

HOAX : Convidada de "ménage à trois" ganha na justiça união estável

A mensagem com o título "CONVIDADA DE "MÉNAGE À TROIS" GANHA NA JUSTIÇA O RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL " é mais uma dessas coisas que ficam no limbo entre o absurdo e a remota possibilidade de algum magistrado dar uma sentença original polêmica. A mensagem fala de uma moça que teria conhecido um casal numa casa de swing e passou a ter relação com ambos, e o caso durou por mais de dois anos até descobrirem que ela também estava se envolvendo com a filha de 17 anos do casal. Terminado o caso, a moça teria entrado na justiça pelo reconhecimento da relação estável com o casal e teria ganhado na 13a Vara de Família do Rio.

Já escolado com o monte de bobagens que as pessoas crédulas passam adiante, fiz o primeiro teste consultando o site do Tribunal de Justiça do RJ e descobrindo que o citado juiz não é da 13a Vara de Família. No mesmo site vi que sequer existe esse juiz em qualquer lugar do tribunal. Como o texto fala que a relação teria terminado em outubro de 2010, e dada a morosidade da justiça, a possibilidade do juiz ter se aposentado e não constar na lista é remota. Na pesquisa por autor, de 2010 para cá, ninguém com o nome da pessoa citada em qualquer Vara de Família. O teste definitivo: procurar pelo assunto na internet, descobrindo que um copiou o outro e nenhum citou fonte alguma. O hoax é até bem escrito, com a foto de uma pessoa e tudo, mas é mais uma dessas coisas de gente que abusa da credibilidade dos outros.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Itália : A ruína da vez

Hoje vai se concluir a jogada política da Grécia, com o blefe de plebiscito de Papandreu se convertendo no voto de confiança que o manteve no cargo, do qual renunciará quando for formado um governo de coalizão para executar o plano de maldades econômicas imposto pelos bancos. A tragédia grega vai sair dos holofotes globais, afinal, as greves e manifestações que virão não dão ibope.

A bola da vez é a Itália. Berlusconi foi à reunião do G20 meio calado, sem fazer as pavonices de praxe. Hoje o que se comenta na Itália é a iminente renúncia dele, em meio ao agravamento da crise econômica. Para lançar títulos de 10 anos, os italianos vão pagar 6,6% de juros aos especuladores, uma taxa absurda para os padrões europeus. As pressões por mais cortes em gastos públicos, em programas sociais e na previdência, sob chicote do FMI, aumentam tanto pela Comunidade Européia como pela ala mais à direita do seu partido.

O pior de tudo é que a insatisfação na base parlamentar de Berlusconi é por um programa mais à direita ainda! Seis deputados deixaram de apoiá-lo exigindo um decreto que faça cumprir, imediatamente, todo o programa de cortes acertados com os bancos alemães e franceses (leia-se: Comunidade Européia). Estão considerando Berlusconi frouxo, porque está demorando a fazer toda a maldade contra o povo italiano que é pedida pelos capitalistas estrangeiros! Desse jeito, vai ter gente achando que era feliz com o homem do "bunga-bunga" e não sabia...




Homs : A "Faixa de Gaza" da Síria

Onde no mundo um regime mantém uma região cercada, submetida a bombardeios e assassinato de civis por forças militares, privada de remédios e comida, impedida de receber assistência externa, fechada a jornalistas e observadores estrangeiros, por um regime opressor que não respeita nenhum apelo de respeito aos direitos humanos? Não, não é a Faixa de Gaza, campo de concentração de palestinos sob jugo de Israel. É Homs, na Síria, submetida ao ditador Bashar al Assad.

A cidade tem refinaria de petróleo (que certa vez foi bombardeada por Israel), uma população de cerca de 1 milhão de habitantes de várias religiões, estratégica para os transportes do país, e virou o foco da resistência ao regime de Assad. Pouco adianta a ONU, os BRICs (entre eles o Brasil), a Comunidade Européia, a Liga Árabe e entidades de direitos humanos pedirem o fim da selvageria: Assad não respeita ninguém, e continua a matança. Na Faixa de Gaza é a mesma coisa. Israel mais uma vez impediu um barco com ajuda humanitária de chegar lá, e no ano passado assassinou 9 pessoas que tentaram fazer o mesmo.

Agora os grupos de oposição pedem intervenção internacional para acabar com o bloqueio de Homs, da mesma forma que os palestinos fazem há décadas, mas não são ouvidos.  Assad tem que encontrar um limite, assim como Israel, que quer atacar o Irã e abrir uma perigosa guerra na região, como hoje deixou claro o governo da Rússia. O mundo tem que pedir o fim do massacre em Homs, sem esquecer o da Faixa de Gaza. O problema é que Gaza não tem petróleo, e os humanos de lá parecem não ser, aos olhos das potências imperialistas, tão humanos quando os da Síria, da Líbia, etc. Logo poderemos ter "bombardeios humanitários" da OTAN em defesa do petróleo, digo, do povo da Síria.


domingo, 6 de novembro de 2011

Itália : Porto Venere é opção a Cinque Terre ainda sem acesso

No post "Cinque Terre arrasada por chuvas" falei rapidamente de Porto Venere, onde acabamos ficando hospedados devido à situação de calamidade das chuvas em algumas das localidades da região.

Hoje os jornais de Gênova (onde houve grande enchente ontem) diziam que a partir do dia 15 de novembro o transporte ferroviário entre Gênova e La Spezia, que é um dos melhores meios de conhecer Cinque Terre, possivelmente estará restabelecido, e que a estrada A12 também já está com uma das pistas liberadas.

Corniglia, Rio Maggiore e Manarola, que são as três "terres" próximas a La Spezia, praticamente não sofreram com as chuvas, e são as que se pode caminhar a pé a partir de qualquer uma delas pela trilha Via del Amore.

Se o trem for restaurado, valerá a pena ir a essas três. De Riomaggiore a Manarola são 20 min a pé, e de Manarola a Corniglia se gasta cerca de 1,5 hora. Voltando o trem também dá para ir a Vernazza e Monterrosso, que já ficam mais distantes, mas pelas cenas que vi na TV a destruição foi grande, passando verdadeiros rios de lama pelos vales.







Porto Venere fica a poucos quilômetros de La Spezia e já deve ter restaurado as linhas de barcos para Cinque Terre, mesmo que parcialmente. É outra boa maneira de ir lá, com o adicional de ver os povoados do mar. Também é um bom lugar para ficar, especialmente para quem quer fazer um "bate e volta" em Cinque Terre de barco. Ou de trem, por La Spezia, cidade portuária vizinha. Aí vão fotos de Porto Venere. Se for por lá, não deixe de visitar a Gruta Byron, o Castelo Doria e o cemitério que fica ao lado, de ver o por-do-sol na igreja de San Pietro,  na ponta do penhasco, de andar pelas ruas medievais, de apreciar a baía de La Spezia com os Montes Apeninos ao fundo, e de tomar uma cerveja ao entardecer num dos bares do cais. 

Rio : Cinegrafista morre em tiroteio em Antares




Não adianta a Band dizer que o cinegrafista Gelson Domingos da Silva tinha colete à prova de balas e mesmo assim foi morto por um tiro de fuzil cobrindo a ação policial perigosíssima na favela de Antares, na zona oeste do Rio. Esse tipo de colete é fino, não dá a devida proteção para tiros de fuzil, armamento normalmente usado pelos traficantes cariocas. O uso desse tipo de proteção dá a falsa sensação de segurança aos seus usuários.

Nas fotos ao lado, vemos a equipe da Rede Globo que cobriu, em 17 de outubro de 2009, a guerra contra traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, que culminou com a derrubada de um helicóptero da PM. Os coletes são finos. Na outra foto estão os coletes dos policiais do BOPE, bem mais robustos, mais adequados aos cenários de enfrentamento.

As empresas de comunicação precisam conter a pressão por imagens inéditas em áreas de risco, em especial para os programas sensacionalistas, onde o link ao vivo dos profissionais no local com apresentadores adiciona  risco em busca de audiência. Isso vale tanto para as equipes que acompanham os policiais como para os helicópteros, já que os traficantes têm armamento anti-aéreo.

Nas horas mais críticas, os policiais não têm como impedir o avanço das equipes de jornalismo para dentro dos teatros de guerra, daí a orientação a favor da segurança ser uma obrigação das empresas. Certas imagens incomodam as forças policiais, principalmente quando no tiroteio morrem inocentes, que eventualmente poderiam ser colocados na conta dos criminosos pelas autoridades.

Além do mais, sequer há remuneração pelo risco que esses trabalhadores correm no exercício das suas funções. O empregador é responsável pela segurança do trabalhador, e se o equipamento de proteção individual não tem as características necessárias ao enfrentamento do risco, o trabalho não deve ser feito. Têm que coibir essa exposição excessiva ao risco. 

sábado, 5 de novembro de 2011

ONGs : Organizações Neo-Governamentais?

Já houve tempo que uma Organização Não Governamental (ONG) era algo mantido por pessoas, empresas ou entidades para atuar em finalidades onde não havia interesse do Estado, ou para lutar de forma autônoma e independente por causas ambientais, sociais, etc. O nome diz tudo : não governamental! Não tinham fins lucrativos, seus dirigentes não eram remunerados, eram um tipo de organização independente e até voluntária.

No rastro da destruição do Estado começada por Collor, aprofundada por FHC e atenuada por Lula, nacos inteiros da ação social estatal ficaram a descoberto, permitindo a ocupação por instituições que apresentavam aos governos projetos para atuação em áreas anteriormente cobertas pela ação social ou política governamental. Na falta de estrutura, os governos passaram a "contratar" organizações não-governamentais para fazer o seu papel em algumas áreas. Hoje em São Paulo hospitais são praticamente privatizados para organizações sociais, e esse é um processo crescente por lá.

Como repassar dinheiro público para entes privados é uma coisa temerária, sem uma adequada estrutura de controle, foi criada uma nova forma de organização, as   OSCIPs - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - que para conseguir um projeto financiado pelos governos deveriam se sujeitar a especificações e a concorrência, e ainda à fiscalização estatal (CGU, TCU, etc). Sua estrutura deveria atender a um modelo estabelecido em lei, de acordo com o interesse público.

Aproveitando a sistemática destruição do Estado, essas organizações, mais as de Utilidade Pública, muitas delas ligadas a políticos, constituiram-se em muletas para os governos, e em boas oportunidades de desvios de dinheiro público, dada a baixa capacidade de fiscalização. Muitas funcionam apenas com testas-de-ferro, sem nenhum funcionário, terceirizando tudo. Outras são verdadeiras empresas, que pagam bons salários aos seus proprietários, travestidos de funcionários.

Assim como a terceirização, que vem sendo combatida no setor público pelo Ministério do Trabalho e pela justiça, a substituição das organizações do chamado Terceiro Setor (nem público, nem privado) deveria ser uma meta do estado, na sua recomposição. As remanescentes deveriam tomar o formato de OSCIP e enquadrar-se na legislação mais rigorosa. A proliferação dessas entidades, que aparecem nos noticiários acompanhadas de acusações de fraudes e corrupção, deve ser contida com a desprivatização do Estado e da apropriação da sua responsabilidade com o social.

Enquanto tivermos em áreas desprezadas pelo Estado como saúde, educação, assistência social, esporte e meio-ambiente, entre outras, essa porção de "organizações neo-governamentais", mais teremos a comprovação da falta de prioridade governamental para as políticas nesses setores. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ENEM : Quem vai pagar pela quebra de sigilo?

Interessante a quantidade de armamentos apontados para o ENEM. É a forma mais democrática de preencher vagas no ensino público, mas descontenta a muita gente, desde os que querem desmoralizar o ministro Fernando Haddad, que será candidato do PT às eleições municipais em São Paulo, a quem ganhava de alguma forma com a pulverização dos vestibulares para cada faculdade.

Um colégio de Fortaleza passa como exercício uma lista de questões aos seus alunos, que depois se verificou serem iguais às da prova do ENEM. Os alunos depois fazem a prova oficial e dão de cara com as questões, e teoricamente levam vantagem sobre os demais, que não as viram antecipadamente. Alguns comentaram o assunto nas redes sociais e o caso chegou ao conhecimento de um  procurador que levou o problema à justiça. O que se pediu, de imediato, foi a anulação das questões na prova do ENEM para todos.  Até agora, uma instância do judiciário resolveu o seguinte: os alunos do tal colégio terão essas questões excluídas na apuração da nota, para não prejudicar os demais participantes.

Até aqui não vi ninguém falando em crime, e  a Polícia Federal quer saber como alguém teve acesso às questões antes da data do concurso. Tem que ser apurado, e a punição para os autores da falha tem que ser exemplar, para que não se faça o de sempre: botar a culpa na organização do concurso e, por tabela, desmoralizar o próprio concurso. Ninguém foi preso depois de vazar a prova do ano passado. Vai continuar a impunidade? No final, alguns alunos que não tiveram acesso às questões vão pagar o pato. Não tem solução justa para isso. O que não se pode fazer é prejudicar os outros 4 milhões de alunos que concorreram honestamente.