terça-feira, 9 de agosto de 2011

Dilma e a âncora ética

Interessante a desfaçatez dos corruptos neste país: a Polícia Federal, que não é nenhum ente autônomo, mas ligada ao Ministério da Justiça, vinha investigando e hoje deu um bote em 33 suspeitos de dar sumiço em cerca de R$ 3 milhões do Ministério do Turismo. A reação do PMDB, que é responsável pelo povo acusado, ao invés de ser a de prestar esclarecimentos a Dilma e desmentir tudo, foi de reclamar pela ação da polícia.


Esse valor chega a ser simbólico, perto de outras maracutaias que já foram denunciadas, mas por essa quantia foi criado mais um impasse ético para o governo Dilma. Até o n° 2 do Ministério do Turismo está no rolo. Gente do Amapá, terra eleitoral de Sarney, foi convidada a passar uma temporada na cadeia. A mídia cai de pau, esperando que dessa vez o governo se enfraqueça para tentar alguma manobra que tire a oposição do degredo.

Dilma está num dilema: ou continua acatando as denúncias e fazendo a faxina, sem se importar com danos a aliados, agradando ao eleitorado udenista, em nome da ética, ou deixa a coisa rolar, defendendo o indefensável e a impunidade, botando a culpa na imprensa, etc. Ética é que nem âncora: ou segura para não deixar o governo à deriva, ou pesa tanto que afunda o barco.

A presidente deve aproveitar o bom momento do seu prestígio para seguir Maquiavel : o mal deve ser feito todo de uma vez. Antes que se estabeleça uma retaliação generalizada no Congresso, e o governo comece a perder votações, deve fazer o maior estrago possível e construir um clima de respeito que pelo menos faça as quadrilhas terem maiores pudores na hora das malandragens, para que não sejam pegas facilmente.

Ela não pode parar agora, porque está criada a expectativa de faxina ética. Se vacilar, e trair essa esperança, rapidamente verá o seu prestígio afundar. Denunciou, afasta e apura. Se for inocente, volta. Senão, rua. Isso deveria valer para qualquer um, de qualquer partido e até de nenhum partido, que use da função pública para a locupletação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário