terça-feira, 5 de abril de 2011

Câmbio : Brasil é vítima da credibilidade internacional

No dia 30 de março, o panfleto de oposição direitista O GLOBO dizia que a ameaça de retorno da inflação e elevação do risco fiscal deveriam fazer o Brasil perder pontos nas agências de classificação de risco, na ladainha de ter que aumentar os juros para engordar banqueiros e especuladores. Clique aqui para ver a matéria agourenta.


Ruim para os cada vez mais desacreditados oposicionistas é que menos de uma semana depois a agência de classificação de risco Fitch elefou a nota de risco soberano do Brasil de BBB- para BBB, com perspectiva estável. Segundo a Fitch Ratings, o ritmo de crescimento do país deverá permanecer forte, com o avanço da demanda doméstica e o crescimento da classe "C". Isso pode ser lido no pé da página 19 (caderno de economia) do mesmo jornal grande que noutro dia dizia o contrário. Sem destaque, é claro.

A mídia de direita atravessa uma forte crise. Numa hora diz que o governo Lula foi um desastre, e que deixou uma herança maldita para Dilma. Depois dizem que Dilma está "corrigindo" tudo que Lula fez. Aí vem a verdade galopante e mostra que há continuidade de ação governamental, e que esse é o sucesso que faz do Brasil um dos países de maior credibilidade entre os capitalistas do mundo.

Não é por acaso que muita gente da direita está debandando do DEM e do PSDB para o mais novo membro da base aliada, o PSD do prefeito de São Paulo, Kassab. Não dá para negar os fatos e viver de notícias esquizofrênicas. Na falta do que dizer para justificar a perda de espaços nas mídias, a Globo agora investe no combate à regulamentação das comunicações no Brasil, fazendo terrorismo com o embate entre o governo argentino e as empresas Clarín, suas similares de lá. O papo é de ditadura, fim de liberdade de expressão, etc, mas o que está em jogo é o fim de uma era de privilégios, abrindo espaços para a multiplicidade no ramo de comunicações. Temem a democracia no seu quintal.

O problema do Brasil agora é outro: com a melhoria da credibilidade para o capital, a enxurrada de dólares que levou o câmbio a R$ 1,60 ontem deverá manter seu fluxo ou aumentá-lo, trazendo problemas para o equilíbrio da balança comercial e de pagamentos. Uma boa parte vem porque encontra possibilidades de bom retorno no setor produtivo, com mercado aquecido. Outra vem atrás de aplicações em papéis especulativos, mantidos pelas mais altas taxas de juros do mundo.

Já que esses dólares estão vindo de graça, porque nos países desenvolvidos não conseguem obter rentabilidade, por que o governo não pega empréstimos baratos no exterior, a juros muito menores que os daqui, e simultaneamente não faz a negociação soberana do montante da dívida, deixando de pagar o que já foi pago através de juros extorsivos, e impondo taxas que determinará aos contratos em vigor? Assim, reduzirá a atratividade para a especulação, baixará a taxa de juros e aumentará a produção interna com os investimentos diretos, reduzindo os riscos de inflação de demanda.

O governo também poderá restringir o fluxo de entrada de capitais, selecionando os setores onde será estimulada a participação estrangeira, e aumentar o IOF para aplicações especulativas. O Brasil tem a faca e o queijo na mão para enterrar de vez o mecanismo de sucção de riquezas dos pobres e do governo para os banqueiros e especuladores. Pelo menos, trazê-los a níveis "civilizados", no padrão de economias capitalistas avançadas, o que já seria revolucionário, considerada a nossa história de saques e pilhagens selvagens pelos ricos nacionais e estrangeiros. Dilma tem condições para ousar mais e pode ditar para onde tais recursos deverão ser alocados.

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