domingo, 6 de março de 2011

Dia da Mulher - demagogias corporativas

No dia 8 de março comemora-se o Dia da Mulher. Para quem chegou ao mundo e não tem noção das coisas, é bom saber que há uma diferença histórica em direitos trabalhistas, sociais e acesso ao poder entre homens e mulheres, e uma luta permanente pela igualdade. Ao longo da história, lutas de mulheres contra as várias formas de opressão ganharam dimensões revolucionárias, algumas rechaçadas com massacres em empresas e perseguições religiosas.

Desde 1975 o Dia Internacional da Mulher - 8 de março - é comemorado em diversos países do mundo como lembrança dessas lutas contra a desigualdade, que ainda está presente nos lares, empresas e na sociedade como um todo. E comemoração dos avanços obtidos heroicamente.

O Dia da Mulher teve origem no confronto com as péssimas condições de trabalho, com excessivas jornadas de trabalho, salários menores que os dos homens, maus tratos, desrespeito, proibição do voto, etc.

Nos tempos mais recentes, mesmo mantendo a diferenciação de gênero, empresas capitalistas públicas e privadas e mesmo governos fazem do dia 8 de Março uma festa da demagogia, porque não apresentam avanços reais na eqüidade de oportunidades no cotidiano corporativo. Uma rápida olhada pelos balanços das principais empresas brasileiras é suficiente para ver que a presença feminina nas altas esferas de poder é praticamente inexistente.

No Itaú, há mulheres em extrema minoria em todas as altas instâncias de poder. No Bradesco, também. Este banco, no seu balanço, destacou o peso das mulheres na organização:
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Oportunidades para Mulheres
Ao final do ano de 2010, o quadro de funcionários do Bradesco apresentava 46.909 mulheres, o equivalente a mais de 49% do total. Dentre elas, 22.058 ocupam posição de chefia, inclusive na Diretoria e no Conselho de Administração. No segmento Prime, 74,4% do quadro são do sexo feminino.
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Tais afirmações, entretanto, não resistem a detalhamentos na vida prática: há mulheres em cargos de chefia, e mesmo no "filé mignon" da empresa, mas geralmente em posições inferiores à dos homens.

Na Vale, presidente e 11 membros do Conselho de Administração são homens. Na Diretoria Executiva, de 8 membros há uma mulher.

No setor público, foi mais fácil eleger uma mulher presidente que equilibrar o poder real em todas as esferas da administração. Dilma Roussef tentou quebrar essa supremacia masculina, mesmo timidamente, escolhendo várias mulheres para os principais cargos da sua administração. Dos 37 cargos com status de ministro, 9 são agora ocupados por mulheres, um recorde histórico.

Apesar de Dilma Roussef e Marina Silva terem obtido nas últimas eleições presidenciais a ampla maioria dos votos para presidente, a bancada feminina na Câmara dos Deputados recuou de 47 para 43 mulheres, em 513 membros. No Senado, a presença das mulheres aumentou de 8 para 12, em 81 vagas.

Das 6 diretorias executivas da Petrobrás, apenas uma é ocupada por mulher, sendo homem o presidente. Na CEF, a presidente é mulher, e há uma vice-presidente entre 11 cargos. No BNDES, presidente e todos os vices são homens, apesar do Programa de Equidade. No Banco Central, mais um time de futebol masculino: presidente e 7 diretores homens. O Banco do Brasil é o grande Clube do Bolinha: presidente, vices e diretores, todos são homens. São 48 cargos, e ainda falam em programa de eqüidade de gênero.

É por essas e outras que a luta de todos pela igualdade das mulheres ainda tem um longo caminho pela frente. A cada ano, pela falta de divulgação do real significado do 8 de Março, até entre as mulheres, ganha terreno uma inócua versão do papel da mulher na sociedade, difundida pela mídia do capital. Em 2011 a maior bizarrice que vi foi uma grande empresa distribuindo sandálias Havaianas com a mensagem Feliz Dia da Mulher e uma rosa impressas. Alô, dona Dilma: dentro dos teus domínios tem gente deixando o significado do Dia da Mulher no chinelo!

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