sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A tortura do ENEM / SISU

Agora há pouco terminou a reunião da presidente Dilma Rousseff com o Ministro da Educação, Fernando Haddad, que deu entrevista dizendo que não houve falha de sistemas, de aplicativos, de internet ou outros no Sistema de Seleção Unificada (SISU). Também anunciou que todas as liminares concedidas por tribunais locais, como a do Rio que pretendia manter as inscrições no SISU só no estado até o dia 24, e a das revisões de provas, no Ceará, foram cassadas, e que o calendário vai ser cumprido, com a apresentação dos resultados no dia 24 de janeiro.

Os números do ENEN e do SISU são muito grandes, e as expectativas dos concorrentes e suas famílias, maiores ainda. Foram cerca de 3,5 milhões de inscritos no ENEM. No SISU, etapa de escolha das universidades participantes, foram cerca de 2 milhões de inscrições para 83 mil vagas disponíveis em instituições de ensino federais. Encerrado o SISU, abre-se o PROUNI, Programa Universidade para Todos, do Governo Federal, que subsidia estudantes pobres em universidades particulares. Qualquer alteração nesse calendário do ENEM/SISU significa prejuízos a grandes contingentes de pessoas, e deve ser por essa razão que nenhum juiz de bom senso aceita cancelar esses eventos ou atrasá-los.

Mais uma vez tivemos erros banais. Provas com páginas em branco prejudicaram cerca de 20 mil participantes, que, por sua vez, não tiveram a iniciativa de rejeitar as provas defeituosas e preencheram os cartões de resposta do mesmo jeito. O MEC teve que aplicar novamente a prova a esse grupo. Liminares de diversas origens foram rejeitadas. No SISU, o acesso foi torturante durante todo o período, que acabou ampliado. Dados puderam ser acessados por concorrentes, denúncias de possibilidade de alteração de cadastro de terceiros, zeramento de notas, e novas liminares. Com o adiamento da publicação do resultado para o dia 24, as matrículas ficaram muito em cima, e cada instituição exige uma gama de documentos que podem não ser conseguidos em tempo hábil. As aulas começam em 14 de fevereiro, e até lá ainda haverá a segunda etapa do SISU, para preencher as vagas não ocupadas nas matrículas.

O MEC pisou na bola, e a presidente Dilma deve ter dado uma chamada no ministro e no seu pessoal. Não dá para aguentar tantas falhas num processo crítico para a democracia como o acesso ao ensino gratuito estatal. Que os erros sirvam para corrigir e aperfeiçoar o sistema nas próximas edições.

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