domingo, 2 de janeiro de 2011

Posse de Dilma - parte 6 - O público










A maior posse que já houve de um presidente foi a de Lula, em 2003, quando a Esplanada dos Ministérios quase lotou, e o esquema de segurança quase não conteve a grande massa, que acabou dando toques de Woodstock ao evento. Teve gente tomando banho no lago do Congresso e tudo. Lula foi agarrado em pleno Rolls Royce por um militante, um tumulto geral.

Em 2007 a posse foi menor. O desgaste de Lula junto à militância, que fez campanha mais para o PSDB e o PFL não ganharem que para ele vencer e o recente escãndalo do mensalão, além da chuva, contribuíram para uma posse de bem menor envergadura. Não fossem uns parentes que passaram o ano novo aqui em Brasília curiosos para ver, talvez eu não pisasse lá. Vi várias lideranças sindicais conhecidas no meio da multidão, ligadas ao grupo majoritário do PT, e poucas referências a movimentos de mulheres, GLBT, etc.

Agora mudou muita coisa. Primeiro, o esquema de segurança, que a área central do gramado do Congresso, ficando ali apenas os 4 canhões para ensurdecedora a salva de 21 tiros. Praticamente fecharam as pistas do Eixo Monumental onde iria passar Dilma, retendo as pessoas nas calçadas e gramados. Afastaram mais a multidão em frente ao Palácio do Planalto. Comparando as fotos de ontem com as de 2007, fica difícil ver qual posse teve mais gente, porque os espaços mudaram, mas, comentando com pessoas presentes no local, ficava a impressão que Dilma trouxe tanta ou mais gente que Lula em 2007. Não tive como estimar a quantidade de pessoas.

A composição da multidão mudou muito. Se em 2007 a maioria era visivelmente masculina, em 2010 tive a impressão de haver mais mulheres que homens. Do movimento sindical vi uma bandeirinha da CUT, uma faixa do Sindicato dos Bancários de Alagoas e praticamente mais nada. Logo na chegada vi dois militantes carregando um cartaz pedindo a Dilma que barrasse o aumento abusivo dos políticos, e foi o único em protesto. Uma bandeira da UBES, uma da UJS, algumas poucas bandeiras do Brasil, muitas vermelhas, do PT e PC do B, algumas do PMDB e do PSB. Nos postes, alguns galhardetes dando as boas-vindas a Dilma.

Havia pessoas vindas com sacrifício de lugares distantes para ver Lula e Dilma, portando cartazes curiosos com declarações de afeto. Em grande quantidade, bastante visível, o movimento GLBT e em menor número, o de mulheres, expressavam-se em faixas e cartazes. Entre elas, destacaram-se as que confeccionaram faixas presidenciais, as mulheres de Pernambuco e outros grupos uniformizados.

Um grupo trazia cartazes pedindo a Dilma para manter o estado laico, afastando-se da religião nas políticas públicas. Além disso, estavam presentes as figuraças que sempre chamam a atenção. Praticamente não havia panfletos pelo chão. Encontrei uma faixinha de um grupo de twitter #serranãomamãe, alusivo a um tal de Serra que ninguém sabia quem era.

No show das 5 cantoras, que começou antes de Dilma descer a rampa, na Praça dos Três Poderes, havia um público igual ou maior ao da posse de Lula em 2007. A impressão que fica é que o público desta posse era muito diferente da última de Lula. Praticamente não havia crianças nem adolescentes, pouca juventude e predomínio de pessoas de mais de 30 anos.

A chuva ia e voltava, e quem viu pela TV o início da transmissão deve ter se apavorado com a tempestade que caiu logo que Dilma deixou a Granja do Torto. Por volta das 16:30h deve ter havido o pico de público, que reduziu bastante quando Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto e foi embora. Em seguida houve mais chuva, e ficou a incerteza na descida de Dilma pela rampa. A fila de cumprimentos, que passava pelos telões da Praça, também desestimulou a espera.

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