quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dilma condena todos os holocaustos

Acabo de ver na NBR, ao vivo, a cerimônia alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Foi há 66 anos, no dia 27 de janeiro, que as tropas do Exército Vermelho da União Soviética tomaram o campo de extermínio de Aushwitz, na Polônia, e libertaram cerca de sete mil presos em péssimo estado de saúde. Uma resolução da ONU oficializou a data internacional.


O que se chama de holocausto é a perseguição sistemática de pessoas pelo nazismo, o genocídio industrial, a banalização da violência que resultou na morte de 6 milhões de judeus e mais milhões de divergentes do III Reich (comunistas, socialistas, social-democratas, democrata-cristãos), pessoas com deficiências (eugenia), ciganos, negros, homossexuais, enfim, todos os que estavam fora dos projetos de Hitler e do seu conceito de "raça superior".

Presentes à solenidade na Federação Israelita do Rio Grande do Sul, a presidente Dilma e diversos ministros, governadores e prefeitos. Nos discursos que antecederam ao de Dilma, mensagens sobre a atuação da diplomacia brasileira em relação ao Irã, cujo presidente nega a existência do holocausto e pede a destruição do estado de Israel, e apelos à condição de vítima de regime totalitário da presidente para buscar palavras de alinhamento às visões da comunidade judaica no trato com os povos do Oriente Médio.

Dilma fez um discurso irretocável, em meio ao campo minado deixado pelos oradores anteriores. Foi a sua primeira atividade pública como presidente. Ela estendeu o conceito de holocausto para fora dos limites de massacre de judeus na segunda guerra mundial, para toda e qualquer violação sistemática de direitos humanos e intolerâncias praticadas pelos estados. A toda e qualquer ditadura, a todo e qualquer país, inclusive o Brasil, deixando clara a necessidade do exercício da memória como forma de permanentemente ser combatidas idéias de submissão de povos a outros por diferenças religiosas, étnicas e políticas, como "inferiores" aos que estão no poder. Dilma condenar violações dos direitos humanos no Irã não significa aceitar as violações de Israel.

Foi bastante aplaudida, mas seu discurso certamente não atendeu aos que queriam tirar dela o abono a tudo que o Estado de Israel pratica contra os Palestinos e demais povos vizinhos do Oriente Médio. Dilma disse que a posição do governo brasileiro é de negociar a paz com todos. Nem aos que entenderam que sua ênfase na necessidade de conhecer a fundo os fatos para exercitar a memória para evitar novas barbáries tem a ver com a investigação do passado recente da ditadura brasileira.

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