quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Berlusconi ameaça Brasil com "punho duro"

O primeiro-ministro italiano, o magnata das comunicações Silvio Berlusconi, armou hoje junto com grupamentos de direita e parentes de pessoas mortas pela guerrilha da década de 70 um cerco às representações brasileiras em Roma e Milão. Depois de ter escapado por pouco de um voto de desconfiança, não apenas pelo desastre econômico mas por razões de cunho moral e ético (envolvimento com prostituta menor de idade, abuso de poder), ele precisa criar factóides para atrair opinião pública favorável. E escolheu o caso Battisti para sua promoção.

Os traíras da mídia nacional não falaram todos os termos que Berlusconi usou hoje. No jornal italiano La Stampa está em destaque:

Battisti, Berlusconi vede Torregiani
"Siamo pronti ad usare il pugno duro"

Berlusconi teria dito ao filho de uma das vítimas atribuídas a Battisti (Torregiani) que está pronto para usar o "punho duro", ou seja, para partir para a ignorância contra o Brasil. A mesma manchete diz que o ministro da Defesa, Ignazio della Russa, ao tomar ciência de uma informação pela qual a primeira-dama da França, a atriz italiana Carla Bruni, teria ligado ao presidente Lula para pedir que não extraditasse Lula, teria declarado que, se a informação fosse verdadeira, ele a censuraria.

É esse tipo de atitudes que confirma a correção da decisão brasileira, pois o clima no governo italiano, ao incitar a direita a fazer barulho com o caso Battisti, é de linchamento. Como praticamente toda a mídia de lá está nas mãos da turma de Berlusconi, fica fácil colocar esse assunto como cortina de fumaça para encobrir o massacre que o governo vem impondo aos trabalhadores, com medidas econômicas austeras de redução salarial e desemprego, e aos imigrantes, com a política xenofóbica de deportações.

Como bom demagogo fascista, Berlusconi diz à imprensa brasileira que "é um caso de justiça, que se resolve nos tribunais", e que a relação com o Brasil não será afetada por isso. Ao mesmo tempo, incita uma série de manifestações em representações brasileiras, e para o público interno esbraveja que vai usar de força contra o Brasil. E a nossa mídia ainda enche a bola desse fanfarrão...

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