domingo, 28 de novembro de 2010

Rio : planejamento foi arma do sucesso na guerra

Gosto de planejamento, de um bom projeto, onde todas as variáveis sejam estudadas aumentando as chances de sucesso e permitindo, se necessário, replanejamentos táticos. Infelizmente, o pouco de cultura de planejamento que existiu no Brasil se perdeu ao longo de mais de 30 anos de governos caóticos, seja por incapacidade administrativa ou por liquidação do estado na organização social.

Mantega e Dilma são bons nisso. Trouxeram de volta os grandes planos de investimento através de intervenções planejadas do Estado. Se Lula inaugurou obras, deve agradecer a Dilma. E ao Zé Dirceu, que se lascou no mensalão e abriu caminho para a chegada de Dilma à Casa Civil e à organização do PAC, Minha Casa, Minha Vida, além do Luz para Todos.

Outra figura que deve ter o reconhecimento por prezar a organização é o Secretário de Segurança do Rio, Luiz Beltrame. Ele é o responsável pelo cronograma de reequipamento da polícia à medida que se implantam as UPPs, e sua equipe planejou e executou, em tempo recorde, as operações de tomada do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, tidas como fortalezas inexpugnáveis do tráfico. Todos os detalhes foram pensados, dos tanques da Marinha aos hospitais de campanha, passando pelas equipes de identificação do Instituto Félix Pacheco e pelo melhor uso de cada recurso.

O resultado foi uma operação com nenhuma baixa do lado das forças de segurança, poucas baixas do lado do tráfico, muitas prisões, apreensão de drogas, armas e veículos roubados em quantidades inimagináveis, e efeitos de motivação nas tropas e na população. Deram um show para o mundo ver, dando prazo para rendição, dando suporte à transparência pela mídia, focando na demonstração da capacidade do Rio gerir sua segurança e garantir os grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Beltrame não cedeu às pressões para sair aceitando a intervenção da Força Nacional ou o controle da operação pelas forças armadas. Simplesmente arranjou para cada força aliada uma tarefa dentro da operação, e todos sairam ganhando. Sabe que não tem condição de instalar uma UPP conforme padrões naquela área agora, debilitando as demais ou abrindo fragilidades para milícias ou retomada pelo tráfico, por isso deverá acelerar o cronograma de obtenção dos recursos para fazer tudo direito.

A mídia tentará desviar o foco para o endeusamento e glorificação dos policiais e soldados diante dessa vitória que se canta como definitiva. Os políticos tentarão puxar para si os resultados. A equipe técnica, que fez da operação policial um sucesso, não deverá ter os espaços de holofotes dados aos outros, mas merece o reconhecimento pelo planejamento. Um exemplo para outras áreas de governo.

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