terça-feira, 26 de outubro de 2010

EUA : segurança anti-terror ostensiva

Bom, se o Rio de Janeiro tivesse demolidos dois prédios com a morte de 2.000 pessoas, acho que seria mais ou menos a mesma coisa. O fato é que nada se faz em Nova York, sem levar uma revista, uma geral, como chamamos no popular no Brasil, "baculejo". Aqui é o "baculation".

Peguei no Rio um avião de empresa americana, que ia passar por São Paulo, Washington e chegar a Nova York. No total, já descontados os fusos horários, mais as trocas de avião, 20 horas de viagem. A primeira pessoa que te aborda no caminho do check-in é o Supervisor de Segurança, que pergunta coisas estranhas, mas que fazem sentido na lógica da segurança anti-terror: quem arrumou a mala, está levando alguma coisa para alguém, depois de pronta alguém chegou perto, etc. Depois do check-in e do tradicional baculejo do raios-x, na hora de entrar no avião, dentro do corredor do "finger", lá estava de novo o Supervisor de Segurança fazendo as mesmas perguntas. Depois, outra revista, com detetor de metais e abertura de bagagem de mão.

Em São Paulo, tudo de novo. Salta todo mundo, entra todo mundo, outra revista, e enfim, viagem. Ao chegar a Nova York, veio mais uma esquisitice: por amostragem (e acho que por cara suspeita), chamam algumas pessoas para um teste no "ion-scanner", ou seja, passam levemente um papel na palma da tua mão, botam num aparelho que mostra uma porção de gráficos e no meu caso, felizmente, deu uma luz verde com OK, e o cara te manda ir embora. Depois fui ver o que era: o aparelho detecta rastros de explosivos ou drogas na pele.

Por toda parte em Nova York onde há aglomerações, como os metrôs, há cartazes tipo "se vir algo suspeito, denuncie", com um número de telefone 0800. Hoje no passeio à Estátua da Liberdade tivemos que passar por uma barraca enorme, cheia de detetores de metais e máquinas de raios-x, para poder entrar no barco. A gente mesmo começa a ficar preocupado. Vai que um maluco resolve atacar justo quando estamos aqui...

No final da tarde, passamos no local onde existiram as torres do World Trade Center e aí deu para imaginar o sentido que tudo isso faz. Nove anos depois, o tráfego no local ainda está desviado, o metrô que passava por baixo dos prédios tem acesso ainda precário, agora que estão começando as obras para ocupar o local novamente, e os pedestres têm que ralar por espaços estreitos, subir e descer escadas improvisadas, etc. Todos os dias as pessoas passam por ali e são forçadas a se lembrar.

Fiquei imaginando dois prédios de 110 andares implodindo naquele pequeno espaço. Depois, num memorial que tem na rua próxima, em frente à igreja de St Paul, as imagens e objetos mostraram muito mais que as cenas de TV que vimos à distância. Que clima de consternação que não deve ter tomado a cidade. Aí se entende também como a partir dessa tragédia o oportunista do Bush conseguiu apoio popular para começar duas guerras...

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