quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Brasil se desculpa por ter perseguido Betinho

Quem não se lembra de Elis Regina cantando "O bêbado e a equilibrista", lá pelos idos de 1978, na campanha pela Anistia, em especial do trecho "...Meu Brasil / que sonha com a volta do irmão do Henfil / de tanta gente que partiu, num rabo de foguete"... . Pois é, ele voltou ao Brasil com a Anistia, criou a Campanha de Combate à Fome, que denunciou aspectos da miséria que a ditadura escondia, e somente agora, depois de morto, recebeu oficialmente o pedido de desculpas do estado brasileiro pela truculência cometida no passado. O texto abaixo é do Informes PT:

"A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu ontem anistia política ao sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho, falecido em 1997. O pedido oficial de desculpas do Estado brasileiro ocorreu durante a 41ª Caravana da Anistia, realizada no auditório Nereu Ramos. A solenidade fez parte do 4º Seminário Latino Americano de Direitos Humanos e Anistia Política, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Betinho foi um dos fundadores da organização marxista Ação Popular (AP) e um dos símbolos da campanha pela anistia. Natural de Minas Gerais, é o terceiro filho de oito irmãos. Em 1962, graduou-se em Sociologia e Política e também em Administração Pública na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

Com o golpe de 1964, passou a atuar na resistência contra a ditadura militar, dirigindo organizações de cunho democrático no combate ao regime. No começo da década de 1970, foi para o exílio. Morou no Chile, Panamá, Canadá e México.

Em 1979, retornou ao país. Dedicou-se ao Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (Ibase) e defendeu intensamente o direito à vida e a dignidade dos portadores do vírus da aids. Hemofílico, contraiu a doença em uma transfusão de sangue.

Além de Betinho, outros seis brasileiros foram anistiados durante a 41ª Caravana da Anistia: o jornalista Mário Alves de Souza Vieira, o camponês José Moraes Silva, o escriturário Raul de Carvalho, o diplomata Jom Tob de Azulay, o militar Jeferson Cardim de Alencar Osório e a professora Maria do Socorro. A caravana já percorreu 18 estados e apreciou publicamente mais de 800 processos. Entre os anistiados estão personalidades como o educador Paulo Freire, o líder seringueiro Chico Mendes, o jornalista Ziraldo, o cartunista Jaguar, o ex-governador Leonel Brizola e o ex-presidente João Goulart."

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