segunda-feira, 14 de junho de 2010

Convenção do PT lança Dilma para presidente







Ou presidenta, no entender da grande quantidade de mulheres militantes que lá estava. Nem parecia um ato de lançamento de candidatura, mas uma comemoração do Dia Internacional da Mulher. Peças publicitárias enaltecendo o heroísmo e pioneirismo de várias mulheres na história do Brasil (Ana Neri, Anita Garibaldi, Pagu, entre outras) e induzindo à possibilidade de uma mulher pela primeira vez ser presidente eram mostradas a toda hora, antes dos discursos. Imensos painéis também fortaleciam essa tese. Num canto do auditório estavam as autoridades do PT e de outros partidos. Quase todos homens.

O auditório não estava lotado, com umas 2000 pessoas. Assisti a tudo de uma escada ao lado do telão, a menos de 10 metros do parlatório. Conseguia até ler os textos que passavam no "teleprompter" que ficava no chão e refletia nas lâminas de vidro, onde foram lidas por Dilma, única que não fez discurso de improviso.

Lula, como é do seu estilo meio roqueiro, pegou o microfone e saiu andando de lado a lado no palco. Fez balanços do seu governo, externou a preocupação cotidiana do seu governo fracassar e fechar as portas para um trabalhador chegar ao poder no futuro, e fez questão de deixar claro que Dilma foi criada a partir de uma de suas costelas, e que continuará o que fez até aqui. Ela completou dizendo que vai dar o toque feminino na continuidade, principalmente no amparo às pessoas. Lula se empolgou e disse que a campanha será dura, e que não quer ver ninguém de salto alto. A mulherada militante, pelo visto, vai ter que andar de sandálias...

Depois de Lula fazer seu discurso poderoso de vendedor de geladeiras no pólo norte e energizar a platéia, Dilma entrou com uma longa, porém necessária, apresentação do seu programa de governo, que em síntese é : Lula com upgrades. Bateu forte no problema das drogas. Disse querer que seu governo seja reconhecido como o que retomou o planejamento e a execução da infra-estrutura no país. Não criticou nenhum outro candidato, apenas disse que quer uma campanha de bom nível.

A porrada no Zé Serra foi dada pelo Dutra, com base em declaração do candidato de que "não haveria surpresas no seu governo". Ingenuidade do tucano, perfeita para alguém entrar chutando que o seu governo seria a continuação de outro, muito bem conhecido, e muito ruim também.

Na mesa estavam dirigentes de partidos da base aliada. Também foram chamadas diversas mulheres lutadoras, como Maria da Penha e Rose Marie Muraro. Michel Temer foi anunciado como presidente do PMDB e vice da chapa de Dilma, e entrou junto com ... Zé Sarney! O cerimonial não anunciou seu nome, mas quando Dutra falou no "companheiro Sarney", rolaram aqui e ali algumas vaias. E assim foi todas as vezes que falaram nele. Temer também tomou uma pequena vaia, menor que a do coronel maranhense.

Apesar da facilidade para entrar, não vi nenhum protesto sobre a intervenção do Diretório Nacional no Maranhão, para apoiar Roseana Sarney. Nem nota foi distribuída na porta. Os únicos panfletos que recebi foram do Comando de Greve dos funcionários do Ministério do Trabalho e da Central de Movimentos Populares, além da suculenta propaganda de uma churrascaria rodízio próxima do local. Por sinal, com preço de R$ 34,90 por pessoa, tal restaurante seria impensável para a grande maioria dos militantes do velho e bom PT da década de 80, mas razoável para a nova composição social da direção do partido.

Encontrei velhos amigos e adversários, em especial do Ceará. Alguns petistas notórios por acusações e processos circulavam como portadores de doenças infecciosas, nos quais ninguém queria encostar. Não vi Zé Dirceu nem Genoíno. Estranhei a presença do técnico Wanderlei Luxemburgo, mas como tinha gente de vários partidos, pode ser que seja filiado a algum deles e candidato a alguma coisa.

A média etária devia estar na faixa dos 50 anos. Praticamente não havia juventude, principamente aquela que se destacou na militância até há algum tempo atrás. Da esquerda que sobrou no PT, praticamente ninguém além de mim e outros poucos dinossauros e bichos em extinção.

4 comentários:

  1. Branquinho, não estive na convenção, mas recebi por e-mail a nota dos companheiros maranhenses presentes em Brasília dando conta da greve de fome de Domingos Dutra e Manoel da Conceição.
    "Fomos empurrados para este sacrifício. Com chantagens, dissimulação e bajulação, Sarney ampliou o poder que obteve na ditadura à custa de delações, exílios, prisões, torturas e mortes de muitos brasileiros(...)A fome de poder desse bruxo não tem limites. Esse homem tem a barriga do fim do mundo: ele agora decidiu se apossar do PT do Maranhão e privatizar a popularidade do presidente Lula para tentar reeleger a filha, Roseana Sarney", diz a nota dos companheios.

    eudes

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  2. Companheiros, o caso Maranhão é mais um dos tantos que já aconteceram. Tivessem todos tolerado menos desde o princípio, isso não estaria ocorrendo. Os companheiros do Maranhão poderíam citar Bertold Brecht... não dá mais. O PT se transformou em mais uma legenda eleitoral. Apenas isso. Companheiros de Brasilia, procurem Domingos Dutra e Manoel da Conceição e peçam que parem com a greve. Que voltem logo pro Maranhão e façam campanha para o Flávio Dino. E garanta sua reeleição pra federal e continue batendo nos Sarney. Lucio Faller-ES.

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  3. Da esquerda que sobrou no PT?... você se desligou do PSOL?...

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  4. Apesar da simpatia pelo PSOL, nunca saí do PT por entender que contribuo mais para o movimento fazendo o debate interno, mesmo sabendo da imensa dificuldade de mudar alguma coisa no rumo do partido.

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