quarta-feira, 26 de maio de 2010

Rio : Supervia perdeu o trem e usuários perdem a hora


A empresa responsável (ou irresponsável?) pelos trens urbanos do Grande Rio foi multada em R$ 590 mil (0,2% do faturamento) pela agência reguladora de transportes do Rio de Janeiro (AGETRANSP), por ter deixado um de seus trens trafegar sem parar por 4 estações sem maquinista. O episódio foi apelidado de "trem fantasma" da Supervia.

De vez em quando a gente vê na TV uma quebradeira nos trens da empresa, sempre tratada pela mídia como baderna de desocupados. A realidade é outra, mas a mídia não anda de trem para saber qual é. Pense no trabalhador que tem rígido controle de horário, pega várias conduções, entre elas o trem da Supervia, e chegando à estação, dia após dia, encontra trens lotados, atrasados, e muitas vezes sem condições dignas de transporte. Isso vai criando uma pólvora social que um dia explode, mas para isso não há punição da agência reguladora.

Imagino turistas ingleses, daqueles que sabem que no seu país há pessoas que acertam seus relógios pelo horário que o trem passa, chegando à Av. Presidente Vargas, olhando para o maior relógio de 4 faces do mundo (maior que o Big Ben londrino) e vê a indicação de dois horários nos grandes ponteiros : 3:55h e 8:35h, ou, dependendo do horário, 15:55h ou 20:35h. Se o curioso cidadão de Sua Majestade entrar na central, encontrará à sua disposição relógios igualmente parados mostrando 1:55h (ou 13:55h), 6:30h (ou 18:30) e 5:30h (ou 17:30h). O atônito inglês certamente optará pelo horário visível no painel de partidas do monitor LCD como o válido, que no momento que tirei todas as fotos marcava 14:38h.

Esse descaso com um quesito essencial como a hora certa mostra um pouco do que deve ser o resto da empresa. Há quem diga que se você quer conhecer uma empresa, deve tirar as conclusões a partir do que encontrar no seu banheiro. Numa empresa de transportes, pontualidade é o fator crítico, e parece que ninguém mexeu nos relógios desde que a velha Estrada de Ferro Central do Brasil, em cujo prédio histórico funciona a administração da Supervia, foi privatizada há uns poucos anos.

O que é mais exato? Um relógio parado ou outro que atrasa um milésimo de segundo por ano? Claro que é o parado, porque pelo menos duas vezes ao dia seus ponteiros mostram a hora certa. No caso do prédio da Central do Brasil, há pelo menos 10 opções de horários exatos nos seus relógios analógicos.


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