segunda-feira, 31 de maio de 2010

Obama fala manso com criminosos de Israel

Enquanto o mundo todo critica a ação de Israel e pede investigações e sanções para deter seus crimes impunes, a Casa Branca publica uma nota que diz que, por telefone, Obama falou com o primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, que está no Canadá, e iria se encontrar com o presidente americano hoje.

Segundo a nota, transcrita abaixo do site da Casa Branca , a reação de Obama a toda a lambança de Israel foi "compreender o motivo do adiamento da reunião e da volta de Netanyahu a Israel", "reagendar o evento", "lamentar profundamente a perda de vidas no incidente de hoje", "mostrar preocupação com os feridos, muitos dos quais tratados em hospitais israelenses" e também expressar "a importância de conhecer todos os fatos e circunstâncias em torno do trágico incidente desta manhã o mais breve possível".

Incrível a diplomacia da nota. Só faltaram prestar condolências a Netanyahu pelos ferimentos nos seus soldados, se é que houve. Aqui no Rio quando alguém se comporta assim diz-se que "está arregado". Qual o "arrego" que Israel dá aos EUA? O que justifica o apoio incondicional da maior potência do mundo a um regime terrorista, que a todo momento mostra insanidade? Não enxergam que a falta de limites ao regime israelense os incentivará a novas aventuras, colocando em risco todo o mundo? Obama, devolve o Nobel da Paz porque você não o merece.


The White House

Office of the Press Secretary

Readout of the President's Call with Prime Minister Netanyahu of Israel

“This morning between 10:00 and 10:15 AM CDT, the President spoke by phone with Prime Minister Netanyahu. He said he understood the Prime Minister's decision to return immediately to Israel to deal with today's events. They agreed to reschedule their meeting at the first opportunity. The President expressed deep regret at the loss of life in today's incident, and concern for the wounded, many of whom are being treated in Israeli hospitals. The President also expressed the importance of learning all the facts and circumstances around this morning's tragic events as soon as possible.”

Flamengo : Zico vai gerenciar futebol

Enfim, uma boa notícia vinda da Gávea: Zico vai ser o executivo de futebol do clube, e deverá vir um técnico experiente para o clube. Zico, além de ter sido um dos melhores jogadores do Brasil, tem larga experiência em organização de futebol. Fez o futebol japonês acontecer, e até ganhou estátua por lá. Tem um centro de treinamento e um time de futebol jogando nas divisões de base do campeonato carioca. E, o melhor, é rubronegro e gosta do Flamengo, o que parece óbvio, mas nem todo mundo lá pela Gávea parece gostar do time e faz besteiras que comprometem a imagem do clube e fazem a torcida sofrer igual à dos outros três times de segunda divisão cariocas. Tomara que seja a chegada do profissionalismo ao futebol hexacampeão brasileiro.

Adriano é convocado

O jornal carioca O DIA traz na sua primeira página de hoje duas fotos polêmicas do ex-jogador (ainda bem) do Flamengo, Adriano Imperador, e a manchete que diz que a polícia desconfia de ligações do craque com o grupo de traficantes que derrubou um helicóptero da PM no ano passado.

Numa das fotos Adriano aparece ao lado de uma pessoa, cujo rosto foi ocultado eletrônicamente na edição da foto, ambos portando armas. Na outra, Adriano faz com as mãos as iniciais "C.V". Se não for uma dessas armações de edição de foto, o jogador poderá entrar na seleção da prisão. A convocação já saiu, mas não foi do Dunga: foi da 38a DP, de Brás de Pina. Vai ter que explicar a "brincadeira".

Gaza : Israel acusa mortos de ligações com o terror

Vendo as imagens do ataque de um comando da marinha de Israel ao barco Mavi Marmara, de bandeira turca, e lendo o Haaretz, o Turkish Press e procurando informações sobre a entidade não-governamental IHH (The Foundation for Human Rights and Freedoms and Humanitarion Relief) , que organizou a missão humanitária para Gaza, concluo que haverá uma forte movimentação de mídia para dizer que os mortos eram culpados. Parece até quando a polícia do Rio ataca nos morros: quem morreu era bandido, traficante, e se uma criança morre de bala perdida, é porque o bandido atirou.

Procurei maiores detalhes sobre essa organização turca IHH em www.ihh.org.tr, mas a página está em turco. Em compensação, uma outra página dedicada a dizer que todo mundo que não gosta dos EUA e Israel é terrorista, http://www.terrorism-info.org.il/malam_multimedia/English/eng_n/html/hamas_e105.htm , diz (sem provar nada) que o IHH é uma organização terrorista, que apoia o Hamas, que trafica armamentos, que tem ligações com a Al Qaeda, etc e tal. Tudo para criminalizar as vítimas.

No Haaretz, um ministro israelense diz que seus comandos tiveram que atirar para se defenderem do linchamento por parte dos ativistas. Pobres marines de Israel: treinados para matar, com equipamentos de primeira geração, coletes, força física, o escambau, levando porrada de um bando de intelectuais, deputados alemães, ecologistas e outros civis que não têm condição de encarar a gorilada invasora do barco. Sem armas, nada. Um massacre, onde os mortos certamente serão culpados.

No rastro de um massacre podem vir outros. Nas ruas da Turquia bandeiras de Israel estão sendo queimadas, e o governo retirou o embaixador turco de Israel, e se apressa em dizer que a segurança dos judeus turcos está garantida. Os armênios e os curdos já conheceram bem essa "segurança" dos turcos.

Gaza : Israel assassina ativistas internacionais

Seis barcos com 10 mil toneladas de alimentos para ajuda humanitária à Faixa de Gaza (Palestina) e 750 ativistas de várias nacionalidades tentaram furar o bloqueio marítimo imposto por Israel, e foram atacados pela marinha israelense, que matou 10 pessoas na invasão dos barcos. Israel alega que os ativistas atacaram primeiro. Isso em águas internacionais, onde nenhuma ação desse tipo poderia ter acontecido, um ato de pirataria. Mais uma vez Israel alega que os outros atacaram, mas nenhum soldado deles saiu ferido.

Diversos países condenaram a violência, mas os Estados Unidos, como sempre, adotam posição de não condenar o ato criminoso de Israel. O Conselho de Segurança da ONU está reunido para discutir o caso, mas certamente não adotará nenhuma sanção porque os EUA vetariam.

Dois pesos, duas medidas. Enquanto se tenta impor ao Irã um cerco ao programa nuclear, a ONU não consegue que Israel adira ao Tratado de Não-Proliferação nuclear. O governo de Israel mata e faz terror à vontade, e fica por isso mesmo. Terroristas são os outros. Gaza é um campo de concentração a céu aberto, onde Israel faz de tudo e o mundo não vê. A ação dos ativistas era para desmascarar a desumanidade de Israel no gueto de Gaza, e teve como resposta uma violência assimétrica, bem ao estilo dos assassinos de Tel-Aviv.

Israel vai parar por aí? Duvido. O mundo não será suficientemente duro para impor sanções e boicotar o terrorismo de estado praticado por Netanyahu, Lieberman e outros sádicos, e poderá ter a surpresa de um ataque contra o Irã, deflagrando uma onda inimaginável de violência por todo o mundo.

Obama, cadê você? Vai se esconder debaixo das saias da Hillary? Vão dizer que os barcos tinham armas para o Hamas, e que a Turquia está patrocinando isso porque é "laranja" do Irã? Vai sobrar até para o Brasil nessa, afinal, o acordo com o Irã que irritou a Casa Branca também teve a participação da Turquia.

sábado, 29 de maio de 2010

Eleições 2010 : Marina deve entrar no páreo

Hoje varria o quintal e me ocorreu um "insight": por que a eleição se polarizaria entre dois candidatos sisudos, representando dois projetos que apresentam poucas nuances entre si, se em 2002 elegemos Lula bem mais diferenciado politicamente do que é hoje? Quem seria o portador das esperanças que levaram à militância espontânea em torno de Lula? Quem seria o seu herdeiro, a pessoa que mais se aproxima de sua história de "filho do Brasil"? Certamente não são Dilma nem Serra, por razões e visões diferentes.

Essa eleição está descendo "quadrada" na goela de muita gente. Uns querem evitar o mal maior de ver tucanos e demos de volta, votando em Dilma porque é a candidata com maior chance de derrotar Serra. Incluo-me entre estes, porque vejo avanços no governo Lula. Até para os mais céticos, que não notam Lula revertendo as políticas deixadas por FHC, lanço a reflexão: se Serra tivesse ganhado em 2002, o patamar de perdas de direitos não seria o atual, mas muito abaixo, porque a política de arrocho ditada pelo Consenso de Washington exigiria isso e os tucanos fariam exatamente o que mandassem, piorando mais para os trabalhadores.

Poderíamos chegar a 2010 com muito menos que FHC nos deixou em 2002. É o que consola, quando vemos que no Banco do Brasil, onde trabalhei, só se repôs a inflação no salário, sem a reposição de mais de 80% de perdas, sem reverter a maldade da perda de isonomia dos novos funcionários, sem respeitar a jornada de seis horas. Bem, com mais 8 anos de tucanos continuaríamos no congelamento salarial, basta ver o que pena o funcionalismo de São Paulo com 20 anos de tucanato mandando por lá. E bancos, eles privatizaram ou venderam tudo. O BB a esta hora teria a logomarca do Bradesco, do Santander ou do HSBC.

Se Dilma é a continuação de Lula, sem o seu carisma, Serra é a certeza da continuidade de FHC, e isso não interessa a muita gente. A candidatura demo-tucana está fazendo água, e a postura do pré-candidato tem deixado margem a críticas até da imprensa sua aliada. Noutro dia falou em aumentar o tamanho do estado, em parar de privatizar, em ampliar programas de transferência de renda, e isso desagradou até a alguns colunistas da Globo. Agora a polêmica com a Bolívia, de difícil defesa pelos aliados da mídia, mostrando que o pré-candidato pensa baixo. E logo teremos um mar de esgoto saindo da campanha eleitoral de São Paulo, onde Mercadante pegará pesado contra os 20 anos de tucanato e poderá faturar a eleição em cima do Alkmin, o popular "picolé de chuchu". Serra ficará na berlinda, podendo cair mais nas pesquisas.

Serra não consegue um vice. O que seria ideal, Arruda, do DEMO, vez por outra é convocado para passar uns dias na concentração da Polícia Federal. O Aécio não topou, porque a lei do menor esforço manda que seja senador tranquilamente por Minas. O Tasso Jereissati não topou porque sua superexposição poderia trazer revelações negativas dos 20 anos de tucanato no Ceará, mesmo sob risco de não se reeleger senador. Tasso depende do PT não lançar o ex-ministro José Pimentel candidato ao senado, para ter chance eleitoral. Hoje dizia que queria um vice "que não o apurrinhasse". Fica difícil assim, talvez uma múmia topasse.

Se Serra não tem condições de subir mais, e Dilma conseguiu o feito de crescer nas pesquisas mesmo fora do governo há quase dois meses, sem os palanques de sempre, temos as eleições definidas? Não creio. Sem desprezar que o PT está se tornando uma máquina eleitoral do nível do PMDB, de mais profissionais que militantes, e isso já está trazendo retorno a Dilma, e sem considerar que Lula ainda não a pegou pelo braço e saiu por aí fazendo campanha prá valer, deduzo que Dilma não perderá votos para Serra. Nem para uma eventual inflação de outra candidatura. Ciro Gomes estava certo em querer ser candidato, porque poderia entrar nesse vácuo de oferta de produtos eleitorais, mas esbarraria no próprio passado e nas suas posturas destemperadas. Dilma deve crescer mais. Quanto? Dependerá do seu potencial, da qualidade eleitoral dos seus aliados, e do que os adversários poderão fazer para que não cresça e perca votos, se possível.

Marina Silva é uma pessoa sem problemas éticos, não se envolvendo em nenhum escândalo, mesmo no mensalão. Tocou seu mandato no senado e no Ministério do Meio-Ambiente com honestidade e seriedade, e bateu de frente com diversas áreas do governo Lula quando se propôs conservacionista, obstaculizando os projetos que o governo entendia como estratégicos para a retomada do desenvolvimento. Caiu quando não aguentou mais engolir sapos. Tem uma história de vida parecida com a de Lula, da pobreza ao poder sem máculas. Tem como vice um empresário que constrói a imagem de sustentabilidade nos produtos da sua empresa, e portanto seria um bom candidato complementar.

Marina não dirige o PV. Seu grupo é pequeno nas instâncias partidárias. Seu nome é maior que o partido, e certamente enfrentará boicotes à sua candidatura para que não cresça demais e comece a ameaçar os donos da legenda. Estes, por sua vez, nada têm de verdes. Estão bem maduros na política de direita, compondo onde podem com o PSDB e o DEMO. O PV está tensionado, com Marina candidata e o partido identificado com a direitona contra Lula o tempo todo. Marina não tem toda essa oposição ao governo Lula, mas para não aumentar a crise não se coloca como a sua continuação.

A mídia já percebeu que Serra sangra e pode ficar anêmico, diante de uma campanha pujante e vitoriosa de Dilma com Lula. Estão sem alternativa, como em 1989, onde chegaram ao ponto até de tentar lançar Silvio Santos candidato para barrar Lula, e acabaram abraçando Collor mesmo não gostando dele, porque era um populista perigoso, de vertente caudilhesca. Seu candidato poderia ser Ciro Gomes, mesmo não sendo o ideal, mas para o bem de todos e felicidade geral da nação o PSB abortou essa ameaça. Marina poderia preencher esse espaço?

Se Serra já era complicado para parte da direita, com alguns dizendo até que ele seria comunista (foi perseguido na ditadura, anistiado, etc), Marina seria muito mais, porque ninguém sabe prá que lado ela iria em caso de vitória. Se prevaleceria a sua vertente petista, fazendo um governo de quadros e base aliada do PT, já que o PV elegerá uma meia-dúzia, ou se o partido se imporia, forçando a política de alianças mais à direita, com o envolvimento do PSDB, DEMO e alijamento do PT da base de alianças. Marina só tiraria votos de Dilma afirmando o seu compromisso com a continuidade do governo Lula e comprometendo-se a manter os demo-tucanos fora do seu governo, com um discurso mais avançado de reforma sociais. Difícil, mas não impossível.

Ao meu ver, podem acontecer dois cenários: Dilma continuar crescendo com Marina crescendo sem tirar votos de Dilma, ou Dilma começar a ser afetada pela perda de votos em função do crescimento e eventual viabilização da candidatura de Marina. Claro, considerando que Serra não crescerá mais, que é a premissa de toda esta simulação. A maior tarefa da direita, no momento, é evitar a liquidação da eleição no primeiro turno, e nesse particular o crescimento de Marina é importante, pois não permitirá, salvo em caso de colapso da candidatura Serra, o que acho difícil, que Dilma chegue a mais de 50% dos votos válidos. Algo tipo Dilma 40%, Serra 35% e Marina 25%. Com Serra e Dilma no segundo turno, o espólio eleitoral de Marina seria o fiel da balança.

De qualquer maneira, arrisco-me a dizer que Marina não ficará no patamar que está. Uma parte da classe média descontente com Lula mas que rejeita os DEMO-tucanos como alternativa está em cima do muro, parte dela atualmente votando em Dilma por falta de opção. Acho que logo veremos Marina em torno de 20% nas pesquisas, e aí a criatividade da manipulação de números terá o céu como limite. A mídia poderá estimular a defecção de votos de Dilma em função de Marina, através da cessão de maiores espaços de propaganda, e trabalhar para uma disputa entre Marina e Serra. Bom, tudo isso é especulação, mas os próximos números das pesquisas, em especial a do Ibope, que são os mais fiéis aos oposicionistas, dirão se essa hipótese se realizará.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Crise : a receita de Bruxelas

Enquanto o Brasil surfa na crise, aumentando empregos, renda, gastos públicos e transferências governamentais, um novo padrão de destruição de economias e acumulação para o capital está sendo praticado nos países mais pobres da zona do Euro : Portugal, Itália, Espanha, Grécia. E outros entrarão no esquema. Até a França já está tentando aumentar a idade mínima para a aposentadoria. Para ver como as coisas acontecem de forma encadeada, aí vai um artigo do jornalista Flávio Aguiar, correspondente internacional da Carta Maior em Berlim, comparando o Consenso de Washington, receituário que FHC nos impôs, com o que chama de Consenso de Bruxelas, em aplicação nos países europeus em crise.

Do Consenso de Washington ao Consenso de Bruxelas

O receituário de Bruxelas para a crise, que já está sendo aplicado, além de à força na Grécia, “voluntariamente” na Espanha, na Itália e em Portugal, vai na direção dos cortes orçamentários, congelamentos e reduções de salários, aposentadorias e pensões, e da adoção de políticas claramente recessivas, “para reconquistar a confiança nos mercados”.

Flávio Aguiar

* Disciplina fiscal.
* Redução dos gastos públicos.
* Reforma tributária.
* Juros de mercado.
* Câmbio de mercado.
* Abertura comercial.
* Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições.
* Privatização das estatais.
* Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas).
* Direito à propriedade intelectual.

Este é o decálogo do Consenso de Washington, criado inicialmente sob a batuta do FMI, do Banco Mundial e do Tesouro dos EUA. Passou a ser a receita básica do FMI, primeiro, para a América Latina, depois para outras nações “em desenvolvimento” ou em crise nas suas finanças públicas. A seguir, tornou-se uma espécie de “Maravilha Curativa do Dr. Humphreys” ou de “Regulador Gesteira” para as economias mundiais. Curava de tudo, das dores de cabeça às unhas encravadas das finanças públicas; da prisão de ventre às diarréias nas bolsas d o planeta. Era capaz de fazer um organismo engravidar ou, ao contrário, de servir-lhe de contraceptivo, conforme necessitasse de crescimento (sempre comedido) ou de desinchaço recessivo (sempre excessivo).

As conseqüências desse receituário são conhecidas. Entre outras coisas, pulverizou as economias da Argentina, do México, empobreceu mais ainda as populações já pobres dessa e de outras regiões, atolou a Rússia recém saída do comunismo num pântano de privatizações e corrupção, comprometeu seriamente a capacidade de ação e reação do Estado brasileiro diante das sucessivas crises mundiais, e destroçou as economias asiáticas nos anos de 1997/1998. Pode-se dizer também que nas bordas desse consenso os Estados Unidos criaram seu maior contingente de pobreza, em termos absolutos, de toda a sua história.

Houve reações contra ele e seu império. Não só surgiu o Fórum Social Mundial, como ele se implantou enquanto seu congênere financeiro e financista de Davos via sua influência declinar. No continente asiático, a República da Malásia, que fez tudo ao contrário do que o FMI recomendava, se recuperou antes e de modo mais firme do que a Coréia do Sul e a Tailândia. Um dos resultados daquela crise é hoje o conflito, que só tende a se aprofundar, na Tailândia, entre a população campesina pobre, setores de classe média que querem uma maior participação nas esferas de poder, e a elite que se apóia na brutal repressão dos movimentos pelas Forças Armadas e por uma monarquia constitucional de fachada que disfarça a ditadura. O Brasil só não afundou completamente e até mesmo saiu mais depressa da recente crise de 2007/2008 porque não seguiu completamente a receita, preservando, ainda que não de todo, a Petrobrás e o setor bancário público. Uma curiosidade: o bloqueio orquestrado pelos Estados Unidos ao Irã preservou os bancos iranianos dessa recente crise, o que agora aumenta as d ores de cabeça da secretária Hillary Clinton.

O consenso sobre o Consenso de Washington se implantou pari passo a uma crescente em proporção geométrica, depois estratosférica financeirização da economia mundial, concebida como uma brutal transferência de dinheiro público para capitais privados, sob a forma do (des)controle das dívidas federais, estaduais e municipais, e como um modo de (des)regradamente ganhar dinheiro com a especulação pura e simples, numa espiral que, como efeito colateral, formou uma casta dentro desse sistema através dos bônus e recompensas pagas por quem o administrava para enriquecer poucos e empobrecer ou privar de serviços essenciais muitos.

Esse circo explodiu, como já vinha se esperando, em 2007 e 2008, semeou escombros nas principais economias do mundo em 2009 e preparou uma inflação de desgraças na Europa em 2010. A primeira vítima dessa situação no que antes era vista como uma verdadeira Arca de Noé frente ao dilúvio universal foi a Grécia. Ou melhor, foram os trabalhadores gregos, convocados a pagar a conta dos estragos e rombos produzidos por anos de desregramento nas finanças, sonegação e desconstrução da capacidade de fiscalização por parte do Estado. Tudo isso ficou na conta de que “o sistema de seguridade social grego era custoso demais”. Para recuperar a “confiança” do mercado e dos investidores, chamou-se não só a receita do FMI como o próprio para dentro da arena da União Européia.

Num expressivo artigo publicado no New York Times em 6/5, Peter Boone e Samuel Johnson (este último tendo sido um dos principais economistas do FMI), os autores, depois de analisarem que a aplicação da receita recessiva do FMI ao paciente grego pode matá-lo de inanição, recomendam uma solução alternativa que envolveria:

1) Promover a paridade do euro com o dólar, o que poderia favorecer o crescimento em toda a zona do eur o.

2) A queda do euro poderia provocar uma crise nas letras do tesouro na sua periferia; para conter o pânico, seria necessário criar um fundo de amparo emergencial [essa parte a União Européia pôs em pôs em prática, depois de um dramático confronto entre Sarkozy e Ângela Merkel];

3) Através de um acordo com o G-20 [indispensável nessa altura] manter o euro desvalorizado; sempre que houver risco de insolvência na periferia, comprar as letras desses países.

4) Somente nessa altura, promover a reestruturação das dívidas e da administração dos países mais endividados.

5) Recapitalizar os bancos europeus [que é o que está acontecendo desde agora, com a transferência de fundos da União Européia e do FMI da ordem de quase 90 bilhões de euros para o sistema bancário através da Grécia e da “honra” de sua dívida], mas desde que suas diretorias fossem substituídas. A crise veio de uma incapacidade conceitual do “grupo do euro”, inclusive dos políticos, mas [para os autores] é inegável que os executivos dos bancos foram irresponsáveis e deveriam ser demitidos em massa.

Para finalizar, dizem os autores: “Na medida do possível, as perdas decorrentes deveriam ser compartilhadas com os bancos credores. No entanto, tenham cuidado; os banqueiros são poderosos por uma razão: eles construíram estruturas vitais, mas frágeis no coração das nossas economias. Essas estruturas devem ser desmanteladas, mas com cuidado”.

Mas esse crivo conceitual é muito difícil de implantar e deixar crescer. Vai completamente no sentido contrário de tudo o que se firmou como consenso quando se criou a União Européia, com sede em Bruxelas, e se implantou o euro como moeda única preferencial. O receituário de Bruxelas para a crise, que já está sendo aplicado, além de à força na Grécia, “voluntariamente” na Espanha, na Itália e em Portugal, vai na direç ão dos cortes orçamentários, congelamentos e reduções de salários, aposentadorias e pensões, e da adoção de políticas claramente recessivas, “para reconquistar a confiança nos mercados”.

Saneamento do ralo financeiro em que se transformou o sistema bancário e financeiro? Por ora nem pensar. Um ajuste aqui, outro ali, no máximo.

O que comprova aquele ditado pampiano: “cachorro que comeu ovelha, só matando”.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

Serra : desastre diplomático para o Brasil

A falta de visão além dos muros do seu estado faz muito mal ao candidato José Serra. Com tanta coisa para dizer de política externa, escolheu a pobre Bolívia para saco de pancadas, dizendo que o país não faz nada para conter o tráfico de drogas que entram no Brasil. É tão limitado que chega a ser ridículo. Criou um problema diplomático que só não foi pior porque Evo Morales sabe que Serra não sabe o que diz.

O que aconteceria com o trabalho que Lula e Celso Amorim fizeram nesses últimos anos, em relação à política externa brasileira, numa trágica eleição de Serra? Primeiro, Serra venderia o Aerolula e voltaria a andar de Sucatão, afinal, a crítica dos seus aliados à aquisição do Airbus presidencial parecia querer fazer o presidente andar de ônibus. Depois, viagem aos Estados Unidos para beijar as mãos dos presidentes de lá (Obama e Hillary), pedir desculpas pela "insanidade" de Lula na questão iraniana e colocar o país a postos para quaisquer retaliações.

Iria à reunião da Unasul para dizer que o Brasil não quer papo com Chavez, Evo, Cristina Kirchner, Fidel, Nicarágua, Equador. Reataria relações com Honduras e peitaria a OEA para tirar a condenação do organismo ao isolamento de Honduras. Invadiria a Bolívia para retomar as refinarias da Petrobrás e as terras dos latifundiários brasileiros. Moveria os pauzinhos para a comissão do Prêmio Nobel tirar Lula da lista para o Nobel da Paz e na ONU para impedir que ocupe qualquer cargo.

Iria a Israel botar uma coroa de flores no túmulo de Theodor Herzl, como queria o ministro de relações exteriores israelense, pedindo perdão por Lula não ter beijado a mão do sionismo. Mandaria os palestinos mudarem o nome da rua principal em frente ao parlamento, tirando o nome de "Brasil". Seguraria os investimentos do pré-sal até aprovar um marco regulatório que permitisse o amplo loteamento das áreas de exploração entre empresas estrangeiras. Travaria a compra dos aviões franceses e adquiriria os americanos. Deixaria colocar bases americanas na Amazônia para combater as FARC.

Para completar o desastre, Serra se comprometeria com as grandes potências a participar das próximas "joint-ventures" militares, com a participação dos nossos jovens como alvos para morrerem em gloriosas batalhas pelos interesses de Tio Sam no petróleo alheio. Parece exagero tudo isso? De jeito nenhum. É só ver como a oposição se posicionou em relação a cada assunto desses para ver que a negação do que foi feito seria mais ou menos isso. De nação aspirando à soberania passaríamos a ser um país vira-latas, com o presidente recebendo aqui e ali os prêmios de reconhecimento por submissão, como no tempo de FHC.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CONFEA : lançado manifesto anticorrupção

O Movimento Anticorrupção da Engenharia, Arquitetura e Agronomia lançou um manifesto onde exige postura ética dos profissionais do sistema CONFEA-CREAs. Na retomada do processo de desenvolvimento nacional, a participação das engenharias e da arquitetura será fundamental, e as verbas disponibilizadas atingirão patamares inéditos na história, daí a mobilização das forças da sociedade para exigir a fiscalização na adequada aplicação dos recursos públicos. O documento destaca as tentativas de alteração da Lei de Licitações (8666) no sentido da flexibilização para que obras de engenharia venham a ser licitadas praticamente sem definições de projetos, em nome da pressa para cumprir metas de programas governamentais como o PAC, programas estaduais e municipais, compromissos para a Copa do Mundo e Olimpíadas, etc.

Como membro da Associação Nacional dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do BB, tenho orgulho de ter participado das reuniões promovidas pelo CONFEA e contribuído para a redação do documento. Agora é cobrar e fiscalizar.
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Manifesto

Movimento Anticorrupção da Engenharia,
da Arquitetura e da Agronomia

A prática da corrupção compromete a economia, a gestão pública e a privada, o
desenvolvimento sustentável e a democracia. Segundo relatórios da Transparência
Internacional, organização não-governamental reconhecida pelo combate à corrupção,
estão no comércio internacional de armas e nas relações entre o setor público e a
iniciativa privada, ai incluída a construção, os maiores riscos de corrupção.

Na iniciativa privada, empresas continuam tendo um papel destacado no pagamento
de propinas a agentes públicos, membros de governos e partidos políticos, seja na
forma de extorsão ou oferecidas de forma espontânea. Corruptos e corruptores são
lados de uma mesma moeda.

Para corrigir essa grave distorção, não basta o denuncismo. Medidas efetivas devem
ser tomadas com urgência para estancar a sangria de recursos, que são perdidos
anualmente no Brasil e que poderiam estar sendo utilizados para redução das
desigualdades sociais e na conservação do planeta. A corrupção é um verdadeiro
terremoto a devastar a vida social e a integridade das instituições.

Os profissionais e empresas da área tecnológica brasileira têm muito a contribuir no
combate à corrupção. Em que pesem iniciativas importantes na área pública no que
tange ao assunto, a sociedade brasileira carece de um envolvimento maior dos
agentes econômicos da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia na discussão,
proposição e adoção de medidas que levem ao aperfeiçoamento dos processos de
contratação e fiscalização de obras, projetos e serviços nessas áreas.

A corrupção ameaça a qualidade e segurança das obras e serviços prestados, rebaixa
direitos sociais, contribui para a degradação ambiental, impede a concorrência leal, os
preços justos e a eficiência no mundo inteiro. Segundo o Relatório Global de
Corrupção 20091, cartéis de fixação de preços, por exemplo, causaram perdas diretas
aos consumidores, com superfaturamentos superiores a U$ 300 bilhões no mundo, no
período de 1990 a 2005.

Para diminuir os índices de corrupção, os contratantes e prestadores de serviços na
área tecnológica, públicos e privados, diante de situações de risco de corrupção,
devem buscar parcerias na sociedade civil e no Estado, por meio de organizações não
governamentais, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União e dos Estados
e Tribunais de Contas.

A transparência nas licitações e contratos deve, além de permitir o acesso à
informação, apresentar mecanismos de controle e fiscalização por parte da sociedade.
Da mesma forma, em suas relações comerciais, governos e empresas devem adotar
cláusulas antissuborno que impeçam a saída irregular de divisas.

Empresários e profissionais liberais devem ser encorajados a abrir mão de práticas
que ensejam a corrupção com receio de diminuírem suas perspectivas de negócios.
As empresas com programas de combate à corrupção e normas éticas sofrem até
50% menos corrupção e estão menos sujeitas a perder oportunidades de negócios do
que as empresas sem esses programas2.

(1-2) Transparency International (Relatório sumário – Abracci)

A conduta de cada indivíduo é importante nesse processo de conscientização, mas
não podemos reduzir o problema da corrupção ao aspecto moral. É necessário
aperfeiçoar processos, introduzindo mecanismos de transparência e controle social,
recompor as estruturas técnicas de planejamento, fiscalização e controle e exigir a
implantação de medidas anticorrupção em cada negócio.

O aparato legal existente deve ser protegido e aperfeiçoado, impedindo com rigor
qualquer tipo de flexibilização que abra brecha para a ameaça da corrupção. Nesse
sentido, a discussão do Projeto de Lei 6.616/2009, que considera crime hediondo a
corrupção praticada por agentes públicos, merece ser apoiada por todos, bem como a
transparência no financiamento público e privado de campanhas eleitorais.

Já em relação às alterações da Lei de Licitações, em discussão na Câmara dos
Deputados e no Senado, consideramos indispensável que sejam incluídas: a
obrigatoriedade da existência, previamente à licitação do empreendimento, de projetos
técnicos completos, com nível de detalhamento necessário, orçamentos detalhados
com responsabilidade técnica claramente identificada e punições rigorosas para casos
de comprovada corrupção. Consideramos ainda que as modalidades de contratação
de serviços e obras na área tecnológica, por sua natureza técnica especializada, não
podem ter o mesmo tratamento das contratações de compras de bens e serviços
comuns. Isso enseja graves riscos de distorções na qualidade e na relação custobenefício,
comprometendo desnecessariamente recursos públicos no médio e longo
prazos.

Cientes de suas responsabilidades com a sociedade brasileira, as organizações
signatárias abaixo lançam o presente Manifesto, comprometendo-se a envidar todos
os esforços para apresentar ao País os melhores caminhos para superar as práticas
de corrupção nas áreas da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia, valorizando e
reconhecendo relações sociais e econômicas pautadas pela ética e pela
transparência.

Brasília, 08 de abril de 2010
CONFEA – CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
CONSELHOS REGIONAIS DE ENGENHARIA, ARQUITRA E AGRONOMIA
SINAENCO - SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA
CONSULTIVA
CBIC – CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
ANEOR – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EMPRESAS DE OBRAS RODOVIÁRIAS
IBRAOP - INSTITUTO BRASILEIRO DE OBRAS PÚBLICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS EM INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS E ARQUITETOS DA CAIXA ECONôMICA
FEDERAL
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS E ARQUITETOS DO BANCO DO BRASIL
PINI SERVIÇOS DE ENGENHARIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS DE ALIMENTOS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS AGRÍCOLAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS ELETRICISTAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS CIVIS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ENGENHARIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
ASSOCIAÇÃO DE BRASILIEIRA DE ENSINO TÉCNICO INDUSTRIAL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA
ASSOC. NAC. DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TECNÓLOGOS
CONFEDERAÇÃO DOS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS DO BRASIL
CONSELHO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE TÉCNICOS INDUSTRIAIS
FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE ENGENHEIROS DE MINAS DO BRASIL
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE ENGENHEIROS
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GEÓLOGOS
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AGRIMENSORES
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TÉCNICOS INDUSTRIAIS
FISENGE - FEDERAÇÃO INTERESTADUAL DE SIND. DE ENGENHEIROS
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ARQUITETOS E URBANISTAS
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS
INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL
INSTITUTO BRAS. DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENGENHEIROS FLORESTAIS
SOCIEDADE BRASILEIRA DE METEOROLOGIA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA

Irã : Lula critica política do "ou dá, ou desce" americana.

Se o acordo conseguido pelo Brasil com o Irã foi um feito memorável para a nossa diplomacia e um passo importante para a paz mundial, todo mundo viu no mesmo dia. O que se sucedeu, entretanto, desmascarou os Estados Unidos e outras grandes potências, cujo intuito não seria exatamente a paz com o Irã, mas mantê-lo permanentemente sob tensão, seja para alimentar a possibilidade da intervenção militar em busca de petróleo, ou para diminuir sua liderança no Oriente Médio no enfrentamento com Israel.

A Secretária de Estado Hillary Clinton, que já havia jogado uma urucubaca em Lula às vésperas da viagem ao Irã, dizendo que não conseguiria nada de concreto, logo em seguida ao acordo jogou uma pá de cal no esforço e foi logo falando em novas sanções. Desautorizou Lula e a Turquia, e deixou todo mundo boquiaberto, exceto Obama, que ficou de boquinha bem fechada, omisso, e tinha suas razões para isso: em carta a Lula, deu o roteiro para o acordo que seria satisfatório para os EUA, e que foi exatamente o que a diplomacia conseguiu. Ou seja, um diz "consegue isso prá nós", e, depois de atendido, vem outro e diz que não era isso que queriam.

A Folha publica hoje a íntegra da carta de Obama a Lula. Quem compara o documento com o acordo feito no Irã, vai ver que é a mesma coisa. E o Irã fez a sua parte, ao entregar a proposta à Comissão Internacional de Energia Nuclear, da ONU, no prazo de uma semana. Será surpreendente se eles recusarem o mesmo que propuseram em novembro do ano passado e o Irã recusou.

A truculência norte-americana, além de deixar patente que as prévias do partido democrata não terminaram há dois anos e existe uma dualidade de poder entre Obama e Hillary, mostra que não querem ficar de fora dos acordos. Ou é feito por eles, ou não presta. Não aceitam perder o protagonismo nas ações internacionais. O feito brasileiro abriu espaço para que outras potências emergentes e mesmo as principais saiam por aí fazendo política internacional ao arrepio da vontade do império americano. Para quem se acha "Number One" do mundo e diz por aí "we are the best and fuck all the rest", o acordo com o Irã foi uma bofetada.

Lula criticou as pressões americanas e o desprezo pelo acordo que conseguiu às duras penas. E principalmente a política do porrete, do "dá ou desce", nas suas palavras. Mais uma vez joga com a contradição das grandes potências, em busca de afirmar a liderança brasileira enquanto país emergente e de mostrar soberania, inclusive de relativa independência em relação a Tio Sam. O jornal New York Times publicou um artigo criticando a rebeldia de Lula, e censurou os comentários que apoiavam a sua atitude , publicando apenas os que concordavam com o articulista.

Cada vez mais a América se revela um gigante com pés de barro: não cumpre acordos onde não dite os termos, censura opiniões contrárias, agride quem quiser na hora que achar conveniente e, principalmente, é uma grande desorganização, onde a economia vai à bancarrota sem regras para a especulação, petróleo vaza mais de um mês num poço sem nenhuma providência, parece ter dois presidentes e, o pior, nenhum deles tem maioria no congresso. Obama até agora já se revelou uma decepção. Tende a ser um desastre.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Rio : a "anarquitetura" de Matta-Clark no Paço Imperial


O centro do Rio tem coisas fantásticas e, melhor, gratuitas, como a exposição "Desfazer o Espaço" do arquiteto americano Gordon Matta-Clark no Paço Imperial, que vai até 25 de julho. Pelo menos uma hora é necessária para ler os conteúdos das plaquetas e ver os filmes, além das peças que estão expostas, principalmente desenhos.

Logo na entrada está o filme "Splitting", que mostra o trabalho de Matta-Clark cortando uma casa inteira da periferia de Nova Iorque, que estava por ser demolida. O seu trabalho artístico é quase todo feito em prédios em vias de demolição para renovação urbana. Depois de cortar a casa como se fosse uma faca, corta o baldrame e inclina uma das partes, mostrando dimensões inimagináveis. Como suas realizações acabaram demolidas, sobraram os filmes, as fotos e os desenhos para contar.

A obra do arquiteto faz parte do caldo cultural do final da década de 60 e início dos anos 70, da contracultura. Cria o movimento "anarquitetura", onde critica a arquitetura moderna através de intervenções radicais na arquitetura de várias cidades, principalmente fatiando prédios. O artista boicotou a bienal de 1971 no Brasil, e assinou manifesto contra a ditadura brasileira. Também contestou o Muro de Berlin fazendo uma instalação junto a ele. Queria abrir um buraco no muro, mas alguns amigos o seguraram.

Defendeu a reciclagem de materiais, e uma de suas obras, o Garbage Wall (muro de lixo), foi replicada e instalada no espaço central do térreo do Paço Imperial. Foi um dos pioneiros da idéia de sustentabilidade. Vale a pena ver a exposição, e, para quem não conhece, todo o Paço Imperial, que fica na Praça XV. Mais informações em http://www.pacoimperial.com.br/ .

Vascaínos : a vida imita a arte


Ainda se encontram aqui pelo Rio alguns outdoors de propaganda de um jornal alusivo ao Vasco, com o chamamento "Vascaíno Hollywoodiano" e a foto do ator Rodrigo Santoro, que já não está mais nas bancas. Para os vascaínos que só conhecem o ator de um anúncio onde realmente representa um vascaíno, de uma operadora de celular que o maltrata muito e o faz sofrer, ver o termo "hollywoodiano" deve trazer a idéia de propaganda de cigarro, mas faz parte, e é por isso que o tal jornal é cheio de fotos e desenhos.

O dificil para o jornal é arranjar vascaínos bem sucedidos, até porque se algum chegar a esse ponto a primeira coisa que deleta do currículo é ter sido vascaíno um dia. Até as mulheres que botam no jornal são de segunda divisão, e se acham alguma melhorzinha, a foto fica ruim. Coitado do Santoro! Eu não sabia que ele tinha esse problema. O fato é que o bom ator fez uma carreira de papéis polêmicos, como o prisioneiro homossexual que se casa com um parceiro de cela em "Carandiru", o esquisitíssimo Xerxes em "300" e certamente fará sucesso no filme que irá estrear em breve como primeiro namorado do ator americano Jim Carrey , que faz o papel de um homossexual golpista em "O golpista do ano".

O sucesso do ator parece ter inspirado o cidadão Walter Oliveira, vulgo Russinho, conhecido assaltante em uma das favelas do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Resolveu mudar de ramo de negócio, e partiu para o tradicional 171, ou estelionato. Fez escova e escureceu os cabelos, deu um retoque nas sombrancelhas, na barba, colocou lentes de contato verdes, vestiu uma cueca com enchimento para as nádegas e completou a caracterização do seu personagem com uma camisa nova do Vasco, daquelas do crucifixo onde eles se imolam, e foi com uma identidade roubada e uma cúmplice tentar sacar o PIS numa agência da CEF na Vila da Penha.

Apesar do disfarce de vascaíno tipico, Walter não esperava que sua carreira como ator tivesse um fim tão rápido. A identidade que sua cúmplice apresentou tinha sido roubada de uma funcionária da própria agência da CEF. Diante de tamanha burrice, a caixa da Caixa acionou a segurança, que os prendeu em flagrante. O verdadeiro sofrimento veio depois, com a descoberta, pela polícia, "da cuequinha com enchimento que usava para deixar o bumbum arrebitado", conforme matéria da página 7 do jornal Meia Hora de 26/05/10. Santoro é famoso por fazer do seu trabalho como ator uma arte que lhe traz fama. Já o meliante preso ficará famoso por fazer péssima arte. Segundo o jornal, agentes da delegacia de polícia de Olaria comentavam que "o Russo mudou de vulgo. Agora é Zé Bundinha". O famoso "Zé Bundinha".

Lula não cumpre acordo : Ibama em greve

Caminhando pelo centro do Rio, ao meio-dia, vi um piquete na porta do Ibama, formado por funcionários, alguns já mais idosos, embaixo de uma faixa onde reclamavam o cumprimento de um acordo que o Governo Lula fez e não cumpriu. Como manda a boa solidariedade de classes, parei e conversei para saber mais detalhes, e soube que a greve foi considerada legal, apesar do governo tentar de todas as formas detoná-la.

Procurei mais detalhes no Google, e o que a mídia entope a cabeça do infeliz desinformado é com coisas como:
- greve no Ibama adia para junho o leilão de seis hidrelétricas (O Globo - 25/05/10);
- greve no Ibama pode atrasar linhas de transmissão (O Globo - 25/05/10);
- greve de servidores do Ibama impede acesso ao Cristo (Terra - 26/05/10).

Como sempre, a mídia joga os trabalhadores contra os usuários ou interesses coletivos. No caso da notícia do Terra, quem lê pensa que estão fechando portas de templos religiosos, na tentativa de impedirem o acesso ao ícone religioso, descumprindo a liberdade de religião prevista na Constituição Federal. Devem ser um bando de ateus comunistas, ou ligados ao terrorismo islâmico, no mínimo, é o que a mídia do capital tenta vender aos incautos.

O que não falam é que o governo Lula, às vezes, não se lembra nem do que escreve. Do site da Associação dos Servidores do Ibama, há a nota de ontem do Comando de Greve, que promoveu manifestações em Brasília dos diversos órgãos do Ministério do Meio-Ambiente (e meio-salário, pelo visto), com assembléia de avaliação para o dia 27/5. Parece que no governo federal tem umas figuras que adoram detonar a imagem de Lula, porque não tem cabimento descumprir um acordo tendo dinheiro no orçamento. É só prá forçar a greve e depois pagar do mesmo jeito? Por que não encurtam o caminho, e pagam logo o que devem?

Rio : Supervia perdeu o trem e usuários perdem a hora


A empresa responsável (ou irresponsável?) pelos trens urbanos do Grande Rio foi multada em R$ 590 mil (0,2% do faturamento) pela agência reguladora de transportes do Rio de Janeiro (AGETRANSP), por ter deixado um de seus trens trafegar sem parar por 4 estações sem maquinista. O episódio foi apelidado de "trem fantasma" da Supervia.

De vez em quando a gente vê na TV uma quebradeira nos trens da empresa, sempre tratada pela mídia como baderna de desocupados. A realidade é outra, mas a mídia não anda de trem para saber qual é. Pense no trabalhador que tem rígido controle de horário, pega várias conduções, entre elas o trem da Supervia, e chegando à estação, dia após dia, encontra trens lotados, atrasados, e muitas vezes sem condições dignas de transporte. Isso vai criando uma pólvora social que um dia explode, mas para isso não há punição da agência reguladora.

Imagino turistas ingleses, daqueles que sabem que no seu país há pessoas que acertam seus relógios pelo horário que o trem passa, chegando à Av. Presidente Vargas, olhando para o maior relógio de 4 faces do mundo (maior que o Big Ben londrino) e vê a indicação de dois horários nos grandes ponteiros : 3:55h e 8:35h, ou, dependendo do horário, 15:55h ou 20:35h. Se o curioso cidadão de Sua Majestade entrar na central, encontrará à sua disposição relógios igualmente parados mostrando 1:55h (ou 13:55h), 6:30h (ou 18:30) e 5:30h (ou 17:30h). O atônito inglês certamente optará pelo horário visível no painel de partidas do monitor LCD como o válido, que no momento que tirei todas as fotos marcava 14:38h.

Esse descaso com um quesito essencial como a hora certa mostra um pouco do que deve ser o resto da empresa. Há quem diga que se você quer conhecer uma empresa, deve tirar as conclusões a partir do que encontrar no seu banheiro. Numa empresa de transportes, pontualidade é o fator crítico, e parece que ninguém mexeu nos relógios desde que a velha Estrada de Ferro Central do Brasil, em cujo prédio histórico funciona a administração da Supervia, foi privatizada há uns poucos anos.

O que é mais exato? Um relógio parado ou outro que atrasa um milésimo de segundo por ano? Claro que é o parado, porque pelo menos duas vezes ao dia seus ponteiros mostram a hora certa. No caso do prédio da Central do Brasil, há pelo menos 10 opções de horários exatos nos seus relógios analógicos.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

EUA : Obama impotente diante de vazamento de petróleo

Há quase um mês jorra petróleo do fundo do Golfo do México, depois da explosão de uma plataforma da British Petroleum, que não consegue estancar a sangria. A mancha de óleo causa danos ambientais inestimáveis, e está chegando aos ecossistemas da Florida, onde há um dos maiores bancos de corais do mundo e muitas espécies ameaçadas de extinção.

Logo que começou a tragédia, o presidente Obama ficou revoltado com a inoperância da agência reguladora de petróleo deles, por agir mais como advogada dos interesses da British Petroleum que do governo americano. E ficou só nisso, sem nenhuma penalidade aplicada pelo governo. Agora se fala em multa de US$ 70 milhões, mas o óleo está lá, vazando, sem solução. Obama não apita nada. E o tempo vai passando, sem ações concretas.

Os republicanos dizem que o vazamento é o furacão Katrina de Obama. Na época do Katrina, o governo Bush foi desastado e incompetente para dar uma resposta ao problema. Outros acham que o momento é de Obama aumentar os impostos sobre a gasolina para desenvolver energias alternativas e fugir ao vício do petróleo, que paradoxalmente enriquece países inimigos da América.

Governo liberal é assim, e era esse modelo que FHC e sua turma se basearam para criar as agências reguladoras brasileiras, que ficariam acima do governo e da sociedade, autônomas. Lula já deu umas cacetadas nas agências brasileiras, mas não as controla. Mesmo com a descoberta do pré-sal, a Agência Nacional do Petróleo estava encaminhando a concessão de lotes de exploração de risco em áreas sem nenhum risco. Isso foi barrado.

Acho que até no Brasil um crime ambiental desses já teria dado cadeia, nem que fosse para soltarem depois, como é a praxe envolvendo gente de colarinho branco. Lula, que agora é midiático mundial, deveria oferecer a ajuda da Petrobrás para resolver essa lambança. Nossas plataformas afundam mas não vazam. E a Petrobrás tem experiência de sobra em águas profundas para botar um tampax naquele poço.

Rio : Marina Silva rifada no lançamento de Gabeira

A pré-candidata Marina Silva (PV) saiu do PT porque não conseguia mais engolir sapos de dimensões amazõnicas do governo Lula. Aguentou transgênicos, BR-163, mas achou que poderia fazer mais indo para o PV, acreditando na possibilidade de fazer o partido voltar às origens ambientais. Lá só encontrou cobras, lagartos e muitos bichos rastejantes, que no Rio e em outros estados têm como aliados preferenciais espécimes como os tucanos do PSDB e as antas do DEMO. E que no Rio, que é lugar de peixe, apoiam para presidente o do tipo Serra, rifando a candidata do próprio partido.

Ontem no Rio, no lançamento da candidatura de Fernando Gabeira ao governo estadual, as faixas com o seu nome foram escondidas debaixo das que continham o nome do candidato. No melhor estilo de engolidora de sapos, Marina declarou à imprensa que só esconderam as suas faixas para evitar problemas com a justiça eleitoral. Ah, claro, perfeitamente justificado... As faixas do Gabeira não teriam problema nenhum com o TRE... Deve ser porque candidato a governador pode fazer campanha antecipada... Legal, Marina, muito procedente a sua preocupação. Vai um salzinho no sapo aí? Com uma desculpa esfarrapada dessas, até o Acre, sua terra natal, tremeu com um inédito terremoto de 6,5 pontos na escala Richter. Veja mais nos sites abaixo:

http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/marina+minimiza+ausencia+de+seu+nome+em+ato+no+rio/n1237634191456.html

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/terremoto+de+magnitude+65+atinge+o+acre/n1237634411195.html

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Avanço científico : Genoma sintético cria vida artificial

Ontem, 20 de maio, o cientista e Prêmio Nobel J. Craig e sua equipe anunciaram pela revista Science (http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/science.1190719) a síntese de uma bactéria com uma sequência de genoma criada em computador. A célula viva é completamente controlda pelo cromossoma sintético. O único DNA nas células é o da sequencia sintética, inclusive trechos marcados e mutações adquiridas ao longo do processo de construção. Segundo a nota de Craig, espera-se que as novas células tenham propriedades fenotípicas e sejam capazes de contínua auto-replicação.

Depois da clonagem, está aberta a temporada para o obscurantismo religioso cair de pau na ciência, que cada vez mais brinca de deus. Para alguns, o medo. Para outros, a esperança de desenvolvimento de curas de doenças e solução de problemas como a construção de organismos específicos para despoluição, etc. E, claro, alguns já devem estar pensando no uso militar dessas coisas.

Herança maldita : faltam profissionais qualificados

Matéria de hoje da BBC baseada em pesquisa internacional afirma que 2/3 dos empregadores brasileiros têm dificuldades para preencher vagas de trabalho com profissionais de perfis adequados, por insuficiência de qualificação.

É o resultado de décadas de prioridade para o setor financeiro do capital, deixando de lado a educação, cultura, saúde e outras áreas necessárias à constituição e reposição da força de trabalho apta às oportunidades do mercado. Recentemente, já no governo Lula II, é que se duplicou o número de escolas técnicas, obedecendo a uma descentralização que leve a mais pólos regionais a oportunidade do ensino técnico.

Agora que a produção começa a ganhar espaço frente à especulação financeira, aparece o gargalo, que poderá comprometer a retomada do crescimento econômico sustentável. Diferentemente de obras públicas, onde o gestor pode colocar placas dizendo que "isto foi feito na administração de fulano", com educação não dá para ninguém andar por aí com os dizeres gravados no corpo: "formado no governo de sicrano".

São vários governos, um descaso que atravessa gerações. Espero que estejamos começando a reverter isso, para daqui a uns 20 anos colher os resultados, senão as opções serão: parar de crescer ou importar mão-de-obra qualificada.
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http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/falta+de+mao+de+obra+deixa+vagas+em+aberto+no+pais/n1237630655011.html
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Falta de mão de obra deixa vagas em aberto no País

Segundo pesquisa internacional, 64% dos empregadores não conseguem preencher postos por escassez de trabalhadores qualificados

BBC Brasil | 21/05/2010 09:20

Quase dois terços dos empregadores brasileiros encontram dificuldades de encontrar pessoas qualificadas para preencher cargos disponíveis, segundo pesquisa realizada pela consultoria internacional de recursos humanos Manpower. Segundo o levantamento, que ouviu mais de 35 mil empregadores em 36 países, a escassez de mão de obra qualificada no Brasil só não é maior do que a no Japão.

Entre os empresários brasileiros, 64% disseram ter dificuldades para preencher suas vagas com profissionais qualificados. No Japão, esse percentual foi de 76%. Na média dos 36 países pesquisados, 31% dos empregadores disseram ter dificuldades em encontrar profissionais qualificados.

A crise econômica mundial, a partir de 2008, ajudou a reduzir o problema na maioria dos países. Em 2006, a média de empregadores que não conseguia encontrar profissionais qualificados em quantidade suficiente era de 40% nos países pesquisados.

Nos Estados Unidos, esse percentual caiu de 44% para 14% entre 2006 e 2010. Na Irlanda, país com menor escassez declarada de mão de obra qualificada, com 4%, tinha 32% em 2006. Na Grã-Bretanha, o percentual caiu de 42% em 2006 para 9% em 2010. A Espanha, outro país fortemente atingido pela crise, teve o percentual reduzido de 57% em 2006 para 15% neste ano.

Em movimento inverso, muitos países em desenvolvimento, que foram menos atingidos pela crise mundial, viram a escassez de mão de obra qualificada aumentar. Na Argentina, 41% dos empregadores diziam ter dificuldade de preencher seus cargos com gente qualificada em 2007, primeiro ano em que o país aparece na pesquisa. Neste ano, esse percentual aumentou para 53%.

Na China, o percentual era de 24% em 2006, caiu para 15% em 2008, mas subiu a 40% em 2010. Na Índia, houve um aumento menos acentuado: de 13% em 2006 para 16%, depois de chegar a 20% em 2009.

Previdência : Lula pode fazer história

Ficará nas mãos de Lula a decisão de aprovar ou rejeitar o reajuste de 7,7% para os aposentados que recebem acima do mínimo, e o fim do fator previdenciário, que confisca os benefícios da previdência prejudicando os trabalhadores. Se aprovar os 7,7%, fará algo que não se vê há décadas, beneficiando muitos velhinhos, que, por sua vez, acharão pouco, e vão continuar esculachando o governo, qualquer governo, porque a perda foi muito grande até aqui. Se aprovar o fim do fator previdenciário, eliminará uma grande maldade feita por FHC, mostrando que seu governo tem algo muito diferente que o anterior. Fará história se tiver coerência com tudo o que o levou ao poder. Também fará história se mostrar incoerência, e isso terá um preço alto.

A mídia não sabe o que faz. Na Rede Globo, por exemplo, há um conflito existencial. De um lado, colocam os aposentados contra Lula, dizendo que vai vetar tudo. Ontem já mudaram de discurso, dizendo que Lula vai aprovar o reajuste, mas vai vetar o fim do fator previdenciário. Em editoriais e em outras matérias vem o terrorismo fiscal, do gasto público irresponsável, pregando que Lula não autorize nada senão teremos solavancos na economia, que afastarão investidores, que farão a Terra mudar de eixo e sentido de rotação, etc. Se Lula aceita, é irresponsável. Se nega, é traidor.

Diversas organizações da sociedade estão se mobilizando para pressionar Lula a ficar ao lado dos trabalhadores nessas questões. Recebi esse link da CONLUTAS, e devem haver outros, para quem quiser subscrever e apoiar o movimento pró-benefícios para os aposentados. http://www.petitiononline.com/conlttt/

terça-feira, 18 de maio de 2010

Miss Usa 2010 : confundiram Hezbollah com rebolado

Um dia vão mandar uma nave pousar na mídia americana com um monte de equipamentos para ver se localizam vida inteligente por lá. Aqui não é muito diferente, mas os americanos exageram. Foi eleita Miss USA 2010 a americana de origem libanesa Rima Fakih, de 24 anos, anteriormente Miss Michigan. Muito bonita, simpática, etc e tal. Desbancou uma porção de louraças peitudas e conquistou o título.

Como seu sobrenome é libanês, arranjaram-lhe um currículo de atrelamento ao grupo islâmico Hezbollah, montaram uma árvore genealógica com vários "mártires" e tudo o que a imbecilidade da direita preconceituosa americana tem direito, e a acusaram de ser financiada por grupos terroristas. Vários meios de comunicação a chamam de "Miss Hezbollah USA". Clique aqui para ver que Rima não tem nada de mulher-bomba, nem de terror.

Cada vez mais me preocupa que esse tipo de gente dirige um país com bombas atômicas capazes de destruir dezenas de vezes o mundo. Nem pararam para saber que a moça é católica. E mais: se fosse ligada ao Hezbollah, estaria vestida da cabeça aos pés, não seminua num maiô ou em roupas de gala sensuais. Acredito que agentes da CIA estivessem infiltrados na platéia do espetáculo promovido pelo milionário Donald Trump, atrás de brasileiros, e ouvido os seus comentários sem saber muito do português : "Olha lá (ALAH) aquela americana (AMERICAN) meio árabe (ARAB). Que beleza (QUIBE) , pena que não sabe rebolar (HEZBOLLAH) . Se fosse no Brasil (BRAZIL -> LULA -> IRAN) ia levar bomba (BOMB) dos jurados". Com as palavras destacadas em maiúscula, montaram a versão para a "inteligência" e a mídia americanas.

Eleições 2010 : Dilma passa Serra

Nas pesquisas Vox Populi e CNT/SENSUS publicadas nesta semana a tendência de crescimento de Dilma e de queda de Serra resultaram na ultrapassagem da candidata do PT pela primeira vez, tanto no primeiro como no segundo turno, por diferenças dentro da margem de erro, caracterizando empate técnico.

Com Dilma na faixa dos 37%, Serra nos 35% e Marina nos 8%, as pesquisas ainda não computam as intenções de votos para o pré-candidato do PSOL, Plinio de Arruda Sampaio, que tem perfil mais à esquerda. Segundo enquete do DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - disponível no site http://www.diap.org.br/index.php/component/poll/13-dentre-os-presidenciaveis-qual-a-melhor-opcao-para-os-trabalhadores-e-o-movimento-sindical, Plinio teria a preferência de 41, 2% dos 1496 votantes como a melhor opção para os trabalhadores e o movimento sindical entre os presidenciáveis. Dilma aparece com 29,5%, Marina com 17,2% e Serra com 6,4%.

Os novos fatos da campanha são a escolha do vice de Marina Silva, presidente da Natura, e o maior destaque que a mídia vem dando à sua campanha. Da parte do PSOL ainda não há movimentaçõs para expor mais Plinio.

Serra já anda pelo Ceará visitando a estátua de Padre Cícero em busca de milagres. Os analistas de campanha de direita previram que Dilma estancaria ao sair do governo, porque seria um "poste", incapaz de se mover com pernas próprias, sem Lula e os palanques de inaugurações por perto. E Serra, que tem o apoio escancarado de boa parte da grande mídia, voltaria a crescer pela maior exposição. As coisas deram errado, e o fato é que um mês e meio depois da saída de ambos dos seus governos Dilma, mesmo sem a ostensiva presença de Lula, está se tornando mais conhecida, angariando mais apoios e mais votos.

Com esse novo cenário, é previsível que a cloaca da direita seja escancarada para fazer uma campanha imunda de acusações levianas, de factóides, esculachando Lula e todos os que tiverem o seu apoio. Vai ser difícil, porque a pesquisa CNT/SENSUS também disse que a aprovação ao governo de Lula cresceu de 71% para 76% no último mês. Isso sem considerar os fatos mais recentes da iniciativa brasileira pela paz no Irã, que podem dar a Lula mais força no cenário interno.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Irã : acordo nuclear deixa Eua e Israel nus

A diplomacia tem coisas paradoxais. Aparentemente, a crise das potências em relação ao Irã seria causada pela suspeita de uso de material nuclear para fabricação de armas nucleares. O próprio Irã inflou essa versão, mostrando mísseis com alcance para atingir Israel e várias unidades nucleares, além de declarar ter conseguido processar urânio bastante enriquecido, ainda insuficiente para provocar a reação nuclear necessária para a produção de armas, mas o bastante para atemorizar Israel, a quem Ahmadinejad ameaçou varrer do mapa e provocou dizendo que o holocausto não teria existido, e que apenas serviu para justificar a criação de um estado para os judeus em terras árabes.

Não alinhado ao discurso das grandes potências, mas não se colocando sistematicamente ao lado dos tradicionais países do "eixo do mal" (Coréia do Norte, Irã, Venezuela, Cuba) na visão norte-americana, o Brasil vem diplomaticamente construindo uma posição de liderança entre os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, atuando com eficiência nos fóruns internacionais, questionando as grandes potências e se colocando como "player" global, soberano, tendo no carisma de Lula e na inteligência de Celso Amorim fortes elementos para a construção dessa imagem.

Os interesses americanos e de Israel foram seriamente contrariados com o acordo conseguido pelo Brasil e pela Turquia com o Irã. A eles não interessa esfriar a crise, mas criar as condições diplomáticas para justificar a intervenção militar, a exemplo do Iraque, que teria armas de destruição em massa nunca encontradas. Menos que combater o terrorismo, o que interessa mesmo é o petróleo, que já está escasso nos EUA e em outras potências.

Israel não é uma democracia. Comporta-se como os demais países da região, em termos de fundamentalismo religioso e intolerância. Mantém a Faixa de Gaza como um gueto onde se pode matar e demolir tudo sem nenhuma preocupação com a opinião do resto do mundo. Discrimina os árabes abertamente. Ontem impediram o acesso do prestigiado articulista americano Noam Chomsky à Faixa de Gaza, onde faria uma palestra aos palestinos. Chomsky é judeu, critica Israel, e por isso mesmo sofreu censura. Nos últimos dias a esquerda de Israel vem fazendo protestos em Jerusalem contra a ocupação de territórios árabes, mas nada disso ganha destaque na imprensa mundial.

Para Israel e EUA, não existe solução para o Irã que não seja a aniquilação, a exemplo do Iraque. As sanções econômicas não funcionam, pois sempre haverá interesses econômicos para manter os fluxos comerciais, mesmo que por baixo dos panos. Ninguém tem certeza se o Irã já tem a bomba nuclear, nem poderá afirmar que o acordo proposto hoje evitará a continuidade de pesquisas clandestinas. Ambos precisavam que Lula fracassasse na tentativa de um acordo. Hillary Clinton chegou a prever o fracasso. Mas aí está um acordo, que ajuda a desmontar a versão da intransigência do Irã em negociar que poderia justificar mais sanções.

Israel e os Estados Unidos ficam nus com esse acordo. Trabalharão para detoná-lo, e para criar versões diplomáticas que justifiquem a agressão militar. Perderam o mote diplomático, o da farsa da saída negociada. Lula, paradoxalmente, pode ser candidato ao Nobel da Paz e, ao mesmo tempo, a inimigo público número 1 dos interesses geopolíticos americanos na região. Sua visita ao Irã foi vista por alguns como a última chance para a paz. Paradoxalmente, a iniciativa de paz pode ter aberto o caminho para a guerra.

Irã : Lula consegue acordo nuclear, mas...

A diplomacia brasileira fez o grande trabalho de conseguir do governo iraniano concessões sobre o processamento do material nuclear para o seu programa energético. Foram 18 horas de negociações onde houve avanços e o primeiro-ministro da Turquia, que tinha cancelado a viagem anteriormente desacreditando em avanços, teve que correr para Teerã para consolidar os entendimentos.

Brasil e Turquia são membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e conseguiram com o Irã um acordo pelo qual o material nuclear de baixo enriquecimento seria mandado para a Turquia para ser processado e retornar como combustível nuclear, afastando o risco de ser enriquecido aos níveis de reação nuclear necessários à fabricação de armamentos.

O acordo conseguido (vide declaração conjunta abaixo) segue as linhas do proposto pela ONU em 2009 e rejeitado pelo Irã, submete o Irã ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, mas deixa brechas para a desconfiança das grandes potências, pois prevê acertos posteriores com o Conselho de Segurança da ONU e a Agência Internacional de Energia Nuclear para a liberação de 120 kg de urânio para o reator de pesquisas de Teerã, onde seria enriquecido a níveis maiores a título de abastecer equipamentos hospitalares de radiação.

Os Estados Unidos e Israel provavelmente manterão suas posições contrárias à negociação com o Irã, mesmo com a proposta de submissão do país às resoluções da ONU. Lula certamente será acusado por alguns de agente iraniano, a serviço do terrorismo mundial, etc, e não como interessado em desarmar a verdadeira bomba que é a ameaça de uma guerra de proporções inimagináveis a partir de um ataque militar ao Irã com base na presunção de possuir armas de destruição em massa, como foi o mote para invadir o Iraque. No Oriente Médio, até agora, só quem tem armamento nuclear é Israel, cujo governo é insano o suficiente para fazer um ataque unilateral ao Irã acima de tudo e de todos, sem olhar para as consequências.

Integra da declaração conjunta firmada pelo Irã, Brasil e Turquia agora há pouco em Teerã, obtido da agência oficial iraniana Irna , que não tive tempo para traduzir:

Joint declaration by Iran, Turkey and Brazil
Tehran, May 17, IRNA – Iran, Turkey and Brazil on Monday signed a joint declaration after endorsing a fuel swap deal.
Full text of the joint declaration is as follows:

“Having met in Tehran, Islamic Republic of Iran, the undersigned have agreed on the following Declaration:

“1. We reaffirm our commitment to the Treaty on the Non-Proliferation of Nuclear Weapons and in accordance with the related articles of the NPT, recall the right of all State Parties, including the Islamic Republic of Iran, to develop research, production and use of nuclear energy (as well as nuclear fuel cycle including enrichment activities) for peaceful purposes without discrimination.

“2. We express our strong conviction that we have the opportunity now to begin a forward looking process that will create a positive, constructive, non-confrontational atmosphere leading to an era of interaction and cooperation.

“3. We believe that the nuclear fuel exchange is instrumental in initiating cooperation in different areas, especially with regard to peaceful nuclear cooperation including nuclear power plant and research reactors construction.

“4. Based on this point the nuclear fuel exchange is a starting pint to begin cooperation and a positive constructive move forward among nations. Such a move should end to positive interaction and cooperation in the field of peaceful nuclear activities replacing and avoiding all kinds of confrontation through refraining from measures, actions and rhetorical statements that would jeopardize Iran’s rights and obligations under the NPT.

“5. Based on the above, in order to facilitate the nuclear cooperation mentioned above, the Islamic Republic of Iran agrees to deposit 1200 kg LEU in Turkey. While in Turkey this LEU will continue to be the property of Iran. Iran and the IAEA may station observers to monitor the safekeeping of the LEU in Turkey.

“6. Iran will notify the IAEA in writing through official channels of its agreement with the above within seven days following the date of this declaration. Upon the positive response of the Vienna Group (US, Russia, France and the IAEA) further details of the exchange will be elaborated through a written agreement and proper arrangement between Iran and the Vienna Group that specifically committed themselves to deliver 120 kg of fuel needed for the Tehran Research Reactor (TRR).

“7. When the Vienna Group declares its commitment to this provision, then both parties would commit themselves to the implementation of the agreement mentioned in its six. Islamic Republic of Iran expressed its readiness – in accordance with the agreement – to deposit its LEU (1200 KG) within one month.

“8. In case the provisions of the this Declaration are not respected Turkey, upon the request of Iran, will return swiftly and unconditionally Iran’s LEU to Iran.

“9. Turkey and Brazil welcomed the continuous readiness of the Islamic Republic of Iran to pursue its talks with the 5+1 countries in any place including Turkey and Brazil, on the common concerns based on collected commitments according to the common points of their proposals.

“10. Turkey and Brazil appreciated Iran’s commitment to the NPT and its constructive role in pursuing the realization of nuclear rights of its member states. The Islamic Republic of Iran, likewise appreciated the constructive efforts of the friendly countries, Turkey and Brazil, in creating the conductive environment for realization of Iran’s nuclear rights.”

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End News / IRNA / News Code 1120627

domingo, 16 de maio de 2010

Irã : qual a missão prioritária de Lula?

Diversos países acompanham atentamente a visita de Lula ao Irã. Alguns até pressionam dizendo que ou Lula consegue um acordo para freiar o que seria a escalada nuclear do Irã em busca do desenvolvimento de armas, ou novas sanções econômicas acontecerão. Seria o que a mídia chama de "última chance" do Irã. Israel, que se lixa para todo mundo e para a ONU, acompanha tudo com o dedo no gatilho, aguardando o momento de surpreender a todos com um ataque relâmpago cujas conseqüências podem ser desastrosas para o mundo.

Hoje Lula esteve com o presidente Ahmadinejad e o líder islâmico Ali Khamenei. Nenhum comunicado sobre acordos na área nuclear. Fracasso de Lula? Acho que não. Ele não foi lá com essa missão prioritária. Participou hoje do 14° Encontro Conjunto de Cooperação Brasil - Irã, onde foram assinados 8 acordos financeiros, comerciais e na área de petróleo, com declarações de ambas as partes de intenções de fortalecer o comércio bilateral. Não era hora nem lugar de tratar de questões políticas mais delicadas. Clique aqui para ver o que diz a IRNA, agência oficial de informações do Irã.

Além de expandir o leque de negócios para o Brasil com o Irã, Lula terá o mesmo objetivo amanhã participando da 15a Cúpula do G-15, grupo de países sul-americanos, africanos e asiáticos que desde 1989 se articulam para desenvolver as áreas de investimento, comércio e tecnologia entre países em desenvolvimento. Participarão 5 presidentes, incluindo-se Lula. O grupo é formado por Irã, Malasia, Sri Lanka, Indonesia, India, Argentina, Brasil, Venezuela, Chile, Jamaica, Mexico, Algeria, Egito, Kenia, Nigeria, Senegal and Zimbabwe.

Lula foi lá com vários ministros e empresários não para aumentar a milhagem do Aerolula, mas para fazer negócios. Sua atuação nos últimos 7 anos expandiu as fronteiras do comércio exterior e reduziu bastante a dependência brasileira dos Estados Unidos, aumentando a pauta de produtos exportados para mercados anteriormente dominados pelas economias neo-coloniais dos grandes países capitalistas. Para ter idéia do tamanho disso, noutro dia foi publicado que a relação entre Brasil e América Central / Caribe cresceu 10 vezes no governo Lula, saindo de um fluxo de US$ 600 milhões para US$ 6 bi, com balança comercial amplamente favorável ao Brasil. Essas e outras investidas já pagaram com sobra o Aerolula.

Nessa disputa de mercados a posição brasileira nos fóruns econômicos e comerciais nada tem de ideológica, mas de bater nos protecionismos e ampliar os espaços para o imperialismo verde-amarelo. No caso do Irã, se houver uma nova rodada de sanções econômicas, o Brasil perderia muitas oportunidades, caso venha a acatá-las.

O presidente brasileiro não está arriscando nada. Se não houver nenhum avanço sobre a questão nuclear, paciência, o Brasil fez a sua parte buscando o diálogo. Ninguém conta com isso, apesar do otimismo de Lula. Se algo avançar, tudo será lucro, podendo até rolar um Nobel da Paz para o Brasil. De qualquer forma, business is business, e novos mercados ávidos por diversificação de produtos estarão ao alcance dos produtores brasileiros. Nossa mídia colonizada já está com as matérias prontas esperando pelo fracasso.

sábado, 15 de maio de 2010

Malandragem eleitoral : tucanaram o Urubu

Agora há pouco passei por um bar e vi que tinha um jogo do Mengão na TV. Torcida com uniformes, etc e tal. Quando vi de perto, o time rubronegro era o do Vitória, da Bahia, e o Flamengo jogava com o uniforme azul e amarelo, que foi o primeiro do clube há mais de 100 anos, mas que lembra mesmo o do Tabajara, pior time do mundo, segundo o pessoal do Casseta & Planeta.

Vi a parte final do jogo tomando uma cerveja e ruminando pensamentos sobre o jogo, afinal, a torcida estava de preto e vermelho, havia um time rubronegro que não era o Flamengo e o time do Flamengo também não era o Flamengo que foi hexacampeão, apesar da equipe ser a mesma. A mediocridade de sempre. Mesmo tendo feito o primeiro gol e da dificuldade de jogar futebol no charco que virou o estádio do Barradão, o Vitória veio para cima e arrancou o empate.

Mais um jogo medíocre, mais improviso, camisa amarela e azul... Caraca, o time do Flamengo está com as cores do PSDB! Mais que uma coincidência, pois a presidente do clube, Patrícia Amorim, é vereadora no Rio de Janeiro pelo PSDB. Isso pode explicar por que tiraram da naftalina uma camisa que ninguém conhecia para o Flamengo jogar toda a campanha eleitoral, digo, temporada de futebol, difundindo as cores tucanas.

Tucanaram o Urubu. O time, definitivamente, está irreconhecível. A incompetência tucana já é flagrante com os péssimos resultados. Só falta dona Patrícia vender os jogadores, privatizar a sede e terceirizar o futebol com um outro time de jogadores mais baratos. A torcida do Mengão deve dar um basta nessa malandragem eleitoral e exigir competência na gestão e a volta da camisa rubronegra, acabando com essa sacanagem, digo, tucanagem.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mengão : tragédia na Libertadores

Bons tempos aqueles em que o Flamengo precisava levar um gol para começar a jogar. Agora a coisa já está em dois ou três, e aí, tarde demais. Ontem o jogo contra o bom time da Universidade do Chile foi uma tragédia. Jogadores andando em campo, falta de esquema que segurasse o ataque adversário, muito perigoso, Adriano jogando o mesmo que o fez não ser escalado para a seleção e Cléberson jogando o mesmo que por muita sorte o fez ser escalado para o time de Dunga.

Continua a improvisação, com técnicos "da casa" sem liderança sobre os jogadores, e a diretoria omissa que parece desconhecer os problemas da diretoria de futebol. Novamente a nação rubronegra vai precisar de milagres para avançar na Libertadores, precisando meter dois gols de diferença no próximo jogo em Santiago. Tomara que saia logo a convocação para a seleção chilena levar uns cinco ou seis da UCH e abrir a possibilidade do incompetente e desmotivado time do Flamengo, com muito sofrimento da torcida e garra, acima da técnica e dos erros, arriscar o milagre da classificação.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Grécia : povo não quer pagar pela orgia do Euro

Mercados de capitais de todo o mundo tiveram fortes quedas nos últimos dias abalados pelas incertezas da crise grega. Segundo o economista Paul Kruguer, Prêmio Nobel, a Grécia teria três saídas:
- fortes cortes orçamentários, atingindo salários, previdência, serviços públicos e investimentos;
- receber forte ajuda de países como a Alemanha, permitindo sair do sufoco e voltar a crescer;
- deixar o Euro e voltar a fazer política cambial com moeda própria.

O governo grego vem seguindo a primeira opção, que tem como resposta a resistência dos trabalhadores, aposentados e da sociedade civil que será prejudicada pela forte depressão econômica. É a velha receita do FMI, que conhecemos bem dos governos anteriores a Lula.

A segunda opção encontra a resistência do parlamento alemão, já que a Grécia teria falsificado dados para se enquadrar nos quesitos obrigatórios para alinhamento econômico para aderir ao Euro, e não seria confiável para empréstimos de dinheiro do contribuinte alemão.

A última opção seria equivalente ao que ocorreu na Argentina em 2001, quando se descolaram do dólar e recorreram a bloqueios bancários, desvalorização forte da moeda, com imensas perdas para os poupadores e perda do crédito internacional, com uma degeneração econômica que dura até hoje.

A Europa teme a contaminação de outros países que entraram no clube de ricos do Euro e não têm condição de bancar esse "status", como Portugal, Espanha e Itália. A Inglaterra tem mais flexibilidade porque manteve a sua Libra Esterlina, e pode desvalorizá-la se quiser tornar mais atraentes à exportação os seus produtos.

Há também os bancos que podem quebrar com o calote grego e dos demais PIGS. Isso mexe com riscos bancários e aumenta juros. A fila dos que podem entrar em crise tem países do leste europeu, que foram à festa dos ricos para lavar os pratos e agora nem pratos para lavar podem ter mais. As bolsas temem uma nova onda de desvalorizações de ativos, e os especuladores fogem de ações e compram dólares, mais seguros neste momento.

No Brasil a Bovespa teve uma queda de quase 7% na última semana, e o dólar subiu 9,1%, e aumentou a procura por títulos públicos. Como o Tesouro Nacional está até o teto de dólares, vai desovar uma parte para manter a moeda num patamar que mantenha a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e iniba a importação desenfreada de supérfluos, podendo aquecer a inflação.

De qualquer forma, o fluxo de investimentos não deve sofrer fortes abalos, porque a imagem de lugar de ganhos fáceis com relativa segurança continua forte. Num primeiro momento as commodities vão sofrer abalos pelas incertezas, perdendo valor, mas sem problemas maiores para os volumes exportados. Essa crise deve melhorar o desempenho da balança comercial brasileira.

Entre os que ganham com a miséria alheia, o Brasil ampliou sua participação no FMI em US$ 286 milhões, para extorquir a Grécia no momento de crise através de juros altos que serão pagos com o sangue do povo grego. Com Lula entramos no seleto clube dos países imperialistas que ganham dos mais pobres impondo-lhes condições aviltantes de submissão. Enquanto o governo apoia a política de arrocho do FMI, mesmo sabendo o que isso significa, as esquerdas brasileiras devem dar o apoio à luta do povo grego contra o governo da elite que endividou o país em troca de migalhas para pertencer, artificialmente, ao "primeiro mundo". Essa conta é deles.

Como não podia deixar de faltar, o jornal O GLOBO colocou um título "Brasil dá US$ 286 bi à Grécia" e na matéria propriamente dita não fala em nada de doação, mas de empréstimo via FMI. Na manipuladíssima página de cartas dos leitores de hoje, estão "opiniões" do tipo " tem dinheiro para dar à Grécia mas Lula quer vetar o reajuste dos aposentados". No resto do jornal defende que Lula vete o reajuste para evitar mais gastos públicos. Imprensa marrom tem dessas coisas.

sábado, 8 de maio de 2010

Previdência : Lula não pode barrar conquistas

O fim de feira de uma das mais corruptas legislaturas do Congresso Nacional está chegando ao fim com grandes demagogias, como a da aprovação do índice de 7,7% de reajuste para os aposentados que ganham acima do mínimo e do fim do famigerado Fator Previdenciário. Aprovados pela Câmara, também deverão ser aprovados pelo Senado, afinal, em véspera de eleição todo mundo é bonzinho. E tomara que Lula também não vete nada, eliminando uma das maiores sacanagens feitas pelos tucanos de FHC, que é o mecanismo de confisco das aposentadorias, e a reposição parcial de perdas das aposentadorias acima do mínimo, coisa que FHC jamais pensou.

Interessante é ver que os arautos do liberalismo, que defendem o estado mínimo e vomitam impropérios quando se fala no governo gastar mais com transferências de recursos para a previdência ou programas assistenciais, votaram nisso tudo. Para a nossa felicidade, eles estão perdidos, votando em qualquer coisa que possa trazer uns votinhos, mesmo que à custa de muita incoerência com os seus princípios. Seria o momento também de empurrar a jornada de 40 horas para os "liberais" e "fiscalmente responsáveis" aprovarem. Se Lula vier a barrar essas conquistas, estará assumindo que o arrocho de FHC foi necessário, e o estará validando.

Rio : Lei Seca - muito engarrafamento, pouca inspeção

Saí do Leblon, terra da novela das oito, às 22:30h, e ao contornar a Lagoa Rodrigo de Freitas passei por uma blitz da Operação Lei Seca, que só estava ali marcando presença, sem parar ninguém. Chegando ao Corte do Cantagalo, um engarrafamento imenso rumo ao Túnel Rebouças indicava outra possível blitz. Retornando via Jockey, mais um grande tumulto. Resolvi encarar a Lagoa-Barra para fugir do caos pelo Alto da Boa Vista. Outra grande retenção em São Conrado, desde a Rocinha, mais uma vez a Operação Lei Seca. Depois de meia hora de trânsito lento, cheguei à blitz que também não parava ninguém, mas estreitava a pista de forma que só um veículo passava por vez. Saindo do sufoco e chegando à Barra, a pista no sentido contrário apresentava também uma retenção de uns 3 km, por causa da blitz. Garanto que se tivesse bebido eles estariam parando, segundo a Lei de Murphy.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Globo : cerco impiedoso a Dilma Roussef

Noutro dia vi um colunista de "O Globo" noticiar que no lixo da casa alugada para ser a sede da campanha de Dilma Roussef em Brasília foram encontradas caixas de 10 trituradores de lixo, ou seja, estão vasculhando lixo, quem sabe esgotos e até mesmo linhas telefônicas e e-mails (já hackeram o site do PT há poucos dias). Chafurdar notícias no lixo é coisa de imprensa porca, do tal do PIG - Partido da Imprensa Golpista, que reúne os principais meios de comunicação do Brasil numa postura elitista, preconceituosa e discriminatória em relação a Lula e ao PT.

Hoje o partidário jornal carioca estampa na primeira página que a primeira-dama, Marisa Letícia, usou avião oficial para evento de campanha de Dilma. Foi receber uma homenagem, em nome do presidente Lula, de uma entidade popular de moradores, e participar da Expozebu em Minas, onde estava a pré-candidata do PT, Dilma. Detalhe: quem lê pensa que Dilma usou um avião presidencial e que Marisa Letícia foi a eventos de campanha apoiar Dilma. Numa outra matéria, menos visível, noticiou-se que o pré-candidato do PSDB, José Serra, esteve também na Expozebu, ao lado de Dilma, e que almoçaram no mesmo local, na mesma mesa. Outros jornais mostraram a foto de Dilma com Serra em destaque. Ninguém falou da D. Marisa nem tentou insinuar que dinheiro público foi usado para campanhas. Só a Globo.

Por que só as Organizações Globo enxergam algumas versões como realidades? Caso para psiquiatra ou para a regulamentação da constituição federal, no tocante à concentração de meios de comunicação a serviço da manipulação e em flagrante desrespeito à democracia? A candidata do PT deveria colocar em seu programa o combate ao abuso do monopólio de comunicações. Além de benéfica à democracia, a proposta poderia estimular o surgimento de muitas outras mídias, que hoje são abafadas pela "verdade absoluta" do Big Brother (o de 1984 do George Orwell) global.

Sempre é bom lembrar que no tempo em que Dilma era torturada e Serra era exilado pela ditadura militar, a Rede Globo colaborava com o regime, dedurando com suas imagens as lideranças de greves e outros movimentos sociais. Da parte da gente, quando eles chegavam, fazíamos o côro: "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". Ontem e hoje a democracia passa pela limitação ao poder desse monstro nefasto das comunicações. E o PT deveria ir ao TSE representar contra a Globo por propaganda eleitoral antecipada, já que assume claramente a postura contrária a uma das candidaturas e a difama sistematicamente.

domingo, 2 de maio de 2010

Blog : sem entrar em provocações da baixaria da direita

Passei 5 dias sem acrescentar conteúdo ao blog por estar em viagem ao Rio, com acesso restrito à internet e sem muito tempo fazer matérias. Há muito o que escrever, e para os fiéis leitores prometo que vou regularizar a impostação de conteúdo nesta semana, fazendo um grande esforço para não cair nas provocações que a raivosa mídia de direita vem plantando para levar a campanha eleitoral para uma enorme cloaca.

Exemplo disso é o esgoto do blog Gente que Mente, patrocinado pelo PSDB, que planta difamações contra Dilma Roussef e será processado pelo PT. Esse povo quer ganhar os votos anti-Dilma sem ser anti-Lula, e não quer nem falar de propostas para o próximo governo, porque o que defendem já foi feito e deu errado.

Lula em cadeia de TV defende continuidade

Não vi ontem na TV o discurso de Lula em cadeia nacional sobre o Dia do Trabalhador, mas li as repercussões na mídia e na oposição de direita. Alguns ficaram possessos, como o sinistro Roberto Freire, do PPS, e Álvaro Dias, do PSDB, ameaçando ir ao TRE, processar e o escambau, entendendo que Lula, ao defender a continuidade do seu projeto, estaria fazendo campanha eleitoral.

Interessantes esses "ofendidos" senhores, que têm a Rede Globo fazendo campanha eleitoral gratuita para eles 24 horas por dia 365 dias no ano. Parece que não viram o discurso do candidato tucano José Serra, que se diz " a continuidade de Lula", num paradoxo capaz de abrir o bico de qualquer tucano. Serra quer se colocar na disputa com Dilma como "o melhor sucessor de Lula", e não como oponente. Desse jeito a direita raivosa vai atrapalhar o seu candidato, obrigando-o a dizer que vai desfazer o que vem rendendo popularidade a Lula, que é melhorar a vida de boa parcela da população mais pobre, para fazer mais concentração de renda.

Lula é um herói. Consegue ter mais de 80% de popularidade em fim de segundo governo, com o mundo em crise e, principalmente, contra todos os meios de comunicação. Imaginem se a Globo apoiasse Lula, como o fez com Collor e FHC, que mesmo assim um saiu por impeachment e o outro virou uma espécie de leproso do qual os tucanos querem manter distância. Lula seria canonizado.

Patrocínios empresariais degeneram 1° de Maio

Cinco empresas estatais que exploram trabalhadores patrocinaram as festas do Dia do Trabalhador da CUT, Força Sindical e UGT, desembolsando cerca de R$ 2 milhões, a título de marketing, já que nos eventos se estimava que quase dois milhões de pessoas compareceriam.

Enquanto a mídia da direita tenta criminalizar a presença de Lula nos eventos, acompanhado de Dilma Roussef, como se Lula nunca tivesse sido trabalhador e agora só fosse lá fazer campanha, com apoio de dinheiro público, tenho uma crítica bem diferente. Sindicato e central sindical que se prezem, que tenham um dia defendido que trabalhadores e patrões são classes diferentes e antagônicas, não podem se corromper a ponto de colocar dinheiro da exploração e fazer propaganda das marcas patronais nos seus eventos.

A direita sempre tenta tirar do 1° de Maio o seu caráter de dia de luta de uma classe contra outra, apostando na conciliação representada pela expressão "dia do trabalho", e não "dia do trabalhador". O trabalhador do BB, CEF, Petrobrás, BNDES e Eletrobrás, que rala a cada campanha salarial para repor pelo menos a inflação e tentar repor alguma coisa roubada pelo governo do FHC, deve se sentir constrangido ao ver que o seu patrão está aliado ao seu dirigente sindical e patrocinando oseu dia de luta. Ou os patrões dessas estatais estão rasgando dinheiro, ou aplicam as verbas de propaganda para a comprar as consciências de dirigentes sindicais e trabalhadores incautos.