quarta-feira, 3 de março de 2010

América Latina : EUA correm atrás do prejuízo

A secretária de estado Hillary Clinton está fazendo um "tour" pela América Latina para tentar recolocar ordem no que entendem ser "quintal da América". E está dando de cara com um monte de problemas que as políticas externas desastrosas de Bush e de Obama estão fazendo na região.


Obama prometeu melhorar as relações com Cuba e fechar a prisão de Guantânamo, enclave americano na ilha. Nada feito. Os presos que lá estão, ao arrepio do direito internacional, sem acusação nem julgamento, continuam no limbo, como párias do mundo. Nem julgam, nem condenam, nem libertam. E ainda torturam. E se enchem de moral para condenar Cuba pela morte por greve de fome de um preso comum, como se fosse amostra de ampla revolta com o governo dos Castro.

A relação com a OEA também é de "big stick". Resultado: foi fundada há poucos dias uma nova organização das Américas, sem os EUA e o Canadá. Mais uma vez a falta de iniciativa para resolver a questão cubana e a postura dúbia do Tio Sam em relação a Honduras custaram muito caro.

Acertaram com Uribe a instalação de bases militares americanas, contando com o seu terceiro mandato, vetado pela suprema corte da Colômbia. Mais um tiro no pé. Na falta de condições de dar um golpe na Venezuela, têm que ouvir desaforos de Chavez porque não podem prescindir do petróleo de lá. O mesmo com o Equador e a Bolívia. Não têm como tratar com a Argentina da questão das Malvinas, pois têm relações carnais com a Inglaterra, a quem ajudaram na malfadada guerra de 1992 a massacrar e humilhar soldados famintos e congelados pelo frio.

Hillary foi ao Uruguai assistir à posse do ex-guerrilheiro Mujica. Depois foi ao Chile fazer o que Lula tinha feito antes, e, mais interessante, oferecer uma ajuda humanitária quase igual à do Brasil. Muito pouco para quem já teve no Chile um parceiro importante para a finada ALCA, a partir do aliado Pinochet, que os chilenos não esquecem quem o colocou lá e matou mais de 30 mil dos seus. Já no Haiti a América teve mais cuidado em mandar uma verdadeira força de ocupação, ao arrepio da missão da ONU no local, em meio à tragédia do terremoto.

Chegou ao Brasil com a nossa mídia amestrada dizendo que iria enquadrar a posição brasileira sobre o Irã. Lula foi logo dizendo prá tratar disso com o ministro Amorim, já que tinha outros assuntos a conversar, como o combate à violência contra a mulher, ao racismo e a questões sobre meio-ambiente, e preparar a visita de Obama ao Brasil no fim do ano. Amorim, por sua vez, disse que a posição brasileira só tem afinidade com a americana na condenação à produção de armas nucleares, e ainda passou na cara que não encontraram armas de destruição em massa no Iraque. Lula fez discurso dizendo que não é porque os outros países seguem o pensamento de boicote ao Irã que o Brasil terá que fazê-lo, e que não se deve deixar o Irã acuado na parede.

Se ela veio aqui para tentar impedir a visita de Lula ao Irã no mês que vem, perdeu a viagem. Vamos ver as versões da mídia por aqui, que vai tentar de tudo para o Brasil se alinhar de forma submissa aos desejos do grande império do norte.

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