segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Metas agressivas das empresas favorecem fraudes

A empresa de consultoria empresarial Pricewaterhouse Coopers, multinacional que opera em diversos países, publica a cada dois anos uma pesquisa sobre crimes econômicos nas empresas. No de 2009 verificou a queda dos crimes de colarinho branco no Brasil, enquanto nos países mais desenvolvidos houve um aumento, pelo menor impacto da crise por aqui. Uma das causas para as fraudes e corrupção é a exigência de metas cada vez mais agressivas, em busca de resultados que levem à superação dos efeitos da crise, em meio à redução do gasto com controles.

Nos momentos de crise as empresas cortam custos naquilo que entendem não fazer parte da essência do negócio (core business), fragilizando sistemas de controle, auditoria, segurança de informação e patrimonial. Por outro lado, passam a exigir mais e mais resultados com metas abusivas, que dão margem a fraudes de diversas naturezas, desde a simples falsificação de relatórios gerenciais até a formação de quadrilhas que operam na fabricação de indicadores de resultados. Isso no nível tático-operacional. Na cúpula, dirigentes também mexem nos números e forçam à fraude contábil e fiscal.

A gente vê o efeito das metas abusivas a toda hora na categoria bancária, com ou sem crise. Já ouvi relatos de metas de clientes em poupança que eram atendidas com a criação de contas de um centavo. Ou da imposição aos funcionários de venda de seguros entre os familiares, onde se pagava a primeira parcela e se abandonava em seguida. No frigir dos ovos, quem é punido é o pobre coitado que se submeteu ao assédio moral. Num nível mais alto, a apropriação contábil irregular de "distribuição de superávits" de fundos de pensão a patrocinadores é uma das técnicas para engordar balanços.

A redução de investimentos em segurança da informação abre a margem a ataques maliciosos a sistemas por hackers e crackers, expondo a organização também a grandes prejuízos pelo crime virtual. A quantificação do corte de investimentos nessa área em tempos de crise está num outro relatório da Price, que está disponível no site da empresa neste link, em inglês.

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