segunda-feira, 29 de junho de 2009

Internet: a mídia da Multidão?

Multidão, no caso, é o conceito usado pelo filósofo italiano Antonio Negri em livro do mesmo nome para caracterizar os que estão à margem do poder do Império. Conceito este que também desenvolveu em livro homônimo. De formação marxista, Negri participou de movimentos libertários na Itália, entre os quais o Poder Operário e o Autonomia Operária, grupos de esquerda que divergiam do Partido Comunista Italiano. Foi preso e exilado por "crimes de pensamento" contra o estado italiano. Nos livros tem a co-autoria do filósofo americano Michael Hardt

Eu estava tentando ordenar os fatos recentes de resistências civis aos resultados das eleições do Irã e agora, ao golpe em Honduras, onde as pessoas comuns enfrentam forças poderosas e emitem pedidos de socorro ao mundo e se organizam por redes baseadas em internet e telefonia celular, mostrando imagens normalmente censuráveis pelos governos, que não conseguem controlar tais meios. Cheguei à obra de Antonio Negri que, se explica algumas coisas, é contestada filosoficamente por outros intelectuais e correntes marxistas.

Encontrei num artigo da Carta Maior o seguinte texto: "Ao colonizar e interligar de maneira cada vez mais profunda um número maior de aspectos da vida, o Império está na realidade criando a possibilidade de um novo tipo de democracia. Convergindo numa comunidade globalmente interligada em redes, diferentes grupos e indivíduos podem associar-se em fluidas matrizes de resistência; deixando de constituir ‘massas’ silenciosas e oprimidas, podem formar uma multidão, com o poder de forjar uma alternativa democrática à atual ordem mundial. "

Em síntese, Negri considera que o mundo está irreversivelmente globalizado e que uma só nação, entidade ou grupo empresarial sozinho não dá as cartas no todo. O Império seria o guarda-chuva do capitalismo sem fronteiras. Do outro lado, os povos nacionais também estariam se globalizando na Multidão, passando por cima do tradicional conceito de luta de classes e englobando os excluídos como os de gênero, raças, os pobres não proletários, etc. Polêmico, dá o que pensar. Tem muito mais coisas interessantes, que ficariam extensas aqui. Vale a viagem pelos links.

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