sexta-feira, 15 de maio de 2009

Poupança : por que o pacote faz o rico espernear

A criação da caderneta de poupança para prover recursos para o sistema financeiro da habitação representou uma fonte importante, mas não suficiente, de recursos para programas habitacionais. Essa modalidade de investimento, sem valor mínimo para aplicação, é a mais acessível à classe trabalhadora. 99% dos poupadores têm valores aplicados de até R$ 50 mil. Esses são os fatos.

Os atuais 6% mais a TR foram a forma encontrada de proteger a poupança popular contra a corrosão inflacionária, e remunerar o dinheiro num mercado financeiro de tubarões, onde a regra tem sido até aqui a de juros altos para financiar a dívida do governo e como instrumento de política monetária para dosar a atividade econômica e regular a inflação. E, com um banqueiro à frente do Banco Central, engordar os bancos e especuladores às custas de bilhões de reais dos recursos públicos esterilizados no pagamento de juros irreais.'Frente aos demais ativos especulativos, a poupança sempre foi o patinho feio, com os menores rendimentos.

Agora que se decidiu romper essa lógica insana forçando-se a queda dos juros a patamares que "nunca na história deste país" se viram, a solução da poupança passou a causar problemas, pois os especuladores podem migrar em massa para essa aplicação, que ficará com os melhores rendimentos, deixando de ficar disponíveis para o financiamento da dívida pública, que é vital para as contas governamentais neste momento. O governo resolveu propor um pacote onde blinda a poupança popular dos 99% de poupadores que tenham até R$ 50 mil, e taxar o excedente de lucros acima desse valor, de tal forma que os especuladores não ganhem mais em poupança que em outros ativos.

A nossa desonesta mídia repercutiu o discurso da oposição, fazendo o terror que relembra os tempos de Collor e Zélia Cardoso de Melo, do confisco da poupança. Isso tem um sentido: o de manter a ciranda dos juros altos e bancar os rentistas do ganha-ganha, os capitalistas sem riscos, coisa que só existe no Brasil. Em todo lugar no mundo os detentores de poupanças ou ganham pouco rendimento, ou são induzidos, pela baixa renda, a fazerem os recursos assumirem a forma de capital empreendedor.

No meu entender, o governo está correto com a medida, e deve continuar forçando a queda dos juros até termos algo como inflação + 2%, no máximo, o que hoje seriam uns 7%, contra os atuais 10,75% da SELIC, a terceira maior taxa de juros do mundo. A oposição e a mídia dos banqueiros estão no seu papel de espernear e de desejar o pior para a grande maioria, em benefício da minoria que os sustenta.

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