terça-feira, 31 de março de 2009

Daslu : tiro no galinheiro dos sonegadores

Nunca na história desse país se viu rico ficar na cadeia por muito tempo, qualquer que seja o crime. Mas, aqui e ali, alguém tenta, e pode ser que um dia dê certo, e comece um movimento maior de combate aos grandes parasitas, aqueles que enriquecem às custas da sonegação, da corrupção, da lavagem de dinheiro e de outros mecanismos inacessíveis aos mais pobres, que acabam se sujando por roubar galinhas e roupas no varal.

A prisão da dona da Daslu, Eliane Tranchesi, fez cair a ficha de muita gente que está devendo e acha que nunca vai pagar. A coisa foi tão séria, que a grande mídia rifou a defesa dos políticos envolvidos nas contribuições da Camargo Correia para centrar fogo na defesa dessa pobre, digo, rica coitada, que conseguiu sair do xadrez por motivos de doença. E ainda levou mais dois que estavam com ela, sem doença nenhuma.

Os editoriais da Veja e da Isto É são reveladores. Editoriais são a palavra dos donos dos meios de comunicação, carregados dos seus valores. E, em ambos, se nota a tentativa de dizer que o governo começou uma caça aos ricos, num viés ideológicos, e que as punições são exageradas, injustas, já que são maiores que as aplicadas a um Fernandinho Beira-Mar.

A capa da Isto é traz a sonegadora mais chic do Brasil e a manchete: "Eliana Tranchesi proprietária da Daslu, condenada a 94 anos de prisão : EXAGERO OU JUSTIÇA?". O seu editorial "Perseguições, penas e crimes", a revista fala numa "nova era policialesca" onde políticos e empresários são alvo de acusações e prisões ruidosas. Rebaixa a qualidade do processo judiciário, dizendo que as penas são baseadas em gravações secretas, atuação política de juízes e delegados, etc. Diz que a política sai atrás de símbolos, quanto mais poderosos, melhor, para fugir á pecha de que só persegue os pobres. E conclui que, no caso da Daslu, há sinais de exageros, já que a executiva não apresentava ameaça às investigações. Em suma, vê riscos ao estado de direito quando rico vai à cadeia, porque alguma coisa deve estar fora da ordem.

A "Carta ao Leitor" da VEJA é mais ideológica. Defende o direito dos ricos ao luxo. E diz ser populismo rasteiro enxergar na punição da sonegadora a condenação a todos os mais abastados, tidos como inimputáveis. Nesses tempos de crise onde os culpados são os mais ricos, o pavor de uma nova Bastilha é expresso: "A caça aos ricos é uma tentação suicida que, como demonstra a história, só produz mais miséria moral, política, econômica e social". Diz que a indústria do luxo cria empregos, e que as pessoas têm a liberdade individual para comprá-los. Conclui que a prisão de Eliana talvez marque o fim da era em que os ricos e com boas conexões políticas podiam tocar seus negócios livres dos impostos, fora do alcance das leis e ao arrepio de todas as regras comerciais.

Essa última frase pode ser a chave para uma defesa tão incisiva de privilégios aos ricos presos. Há um volume de mais de R$ 200 bilhões em sonegações de impostos, e a Receita Federal está intimando os devedores ao pagamento. Fora isso, há investigações de movimentações financeiras incompatíveis com rendas, sinais aparentes de riqueza sem justificativas, operações de lavagem de dinheiro que certamente colocarão muitos VIPs nas colunas policiais. Vai faltar presídio.

Arruda (DEMo) quer dar calote em servidores

Depois de passar o fim do ano dizendo que o Distrito Federal não teria grandes impactos com a crise, o governador Arruda (DEMo) mudou de idéia e ligou a máquina de fazer maldades característica do seu partido. Agora diz que não tem recursos, e que não vai pagar os reajustes já acertados com o funcionalismo, por "culpa da crise".

Na propaganda eleitoral do seu partido, há poucos dias, o Distrito Federal foi apresentado com uma vitrine de boa gestão, moderna, eficiente. Isso não bate com a realidade. O GDF arrecada um IPTU imenso, baseado nos superinflados valores dos imóveis, entre os maiores do mundo, graças à política de favorecimento à especulação, a começar pelo Vice-Governador. Acaba de passar goela abaixo da Câmara Legislativa um Plano Diretor que favorece mais ainda à especulação.

Investiu milhões num estádio particular, do Gama, da terceira divisão, para fazer uma mega-festa para credenciar o DF como candidato a uma sede da Copa de 2014. Surfa em cima das obras feitas pelo governo federal, como a ampliação da EPIA. Privatiza a saúde. Brasília passou a ocupar as manchetes como cidade violenta, por falta de segurança. E, agora, quer dar o calote nos servidores. E ainda vai dizer que são marajás... Esse é o "modo demo de governar".

Cigarros vão subsidiar cimento e veículos.

Preço dos canudinhos de câncer deve subir até 30%, para subsidiar a renúncia fiscal para cimento, motos e automóveis até junho. Na isenção do IPI que vigora desde dezembro sobre automóveis, o Tesouro deixou de arrecadar cerca de R$ 300 milhões, mas outros R$ 800 milhões foram pagos pela cadeia produtiva na forma de Cofins e outros impostos. Agora, finalmente, se começa a taxar o que não faz falta, e que causa problemas à saúde e despesas médicas que são assumidas pelas famílias, empresas e governos. Faltam as bebidas e as grandes fortunas.

A nova isenção tem com contrapartida a garantia de empregos. Além do cimento, diversos materiais básicos da construção civil terão isenções para estimular as reformas e a auto-construção. Juntos, os setores da construção e de veículos movimentam uma expressiva parte das cadeias produtivas e do PIB.

segunda-feira, 30 de março de 2009

1964 : o golpe que atrasou o Brasil

Há 45 anos, em 31 de março, o país fervilhava em discussões políticas e começava a fazer reformas que confrontaram a elite vigente de latifundiários e do incipiente empresariado nacional. E também era época de guerra fria, de recentes revoluções, como a cubana, e de muito anticomunismo em meio às lideranças políticas de direita, como Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e o banqueiro Magalhães Pinto. Jango não resistiu e deixou o país. Em seguida, Ranieri Mazzili passou o governo ao general Castelo Branco.

Estes governadores eram concorrentes às eleições presidenciais de 1965, e achavam que Castelo Branco faria a transição aos civis rapidamente via eleições, expurgado o populismo e a esquerda. Acabaram sucumbindo às ambições, pois os militares tinham o seu próprio projeto, e veio a ditadura.

Os militares baixaram os Atos Institucionais e saíram cassando os direitos políticos de muitos que os apoiaram, em nome do combate à corrupção. Somente 25 anos depois, e passando por um processo de "distensão lenta e gradual", ou seja, sob controle da elite, foram realizadas eleições diretas. Por ironia do destino, foi eleito Collor, que fora da Arena, partido da ditadura, prefeito biônico (nomeado) de Maceió.

O golpe de 64 veio para ficar por uma geração, apoiado pelos americanos, assim como todas as demais ditaduras militares da América Latina. Tempo de trevas e chumbo. Fortunas foram feitas através da corrupção que não conhecia limites, com as liberdades democráticas cerceadas, com a censura à imprensa e a repressão violenta a qualquer forma de contestação. Prevaleceu o coturno, a gorilada, acima da sociedade, pisando nela.

Essa data vergonhosa deve estar sendo comemorada hoje por alguns esclerosados que insistem que fizeram uma revolução. Como o golpe manteve tudo que havia antes, o termo revolução é mais uma expressão de vontade da truculência parecer ter feito algo positivo. Hoje estão na lata de lixo da história, restritos aos sites da extrema direita e a alguns clubinhos, babando, estrebuchando e conspirando contra o governo de um operário eleito democraticamente.

No final, venceu a democracia, e a sociedade vê 1964 como algo nefasto, e seus líderes, como vendilhões da pátria a serviço do Tio Sam. O prejuízo que causaram ao Brasil foi incomensurável, um atraso de décadas no desenvolvimento social.

Oportunidades na crise

Interessante o texto do sociólogo Juarez de Paula, do SEBRAE, publicado hoje (vide aqui). O título "Oportunidades na Crise" nos faz lembrar do batido discurso de marketing, mas não tem nada a ver com oportunidades para o capital, mas para o desenvolvimento humano, a qualidade de vida, acima do desenvolvimento associado à economia e ao mercado.

Fala em rediscutir o conceito de democracia, do controle do estado e do mercado pelos cidadãos, e da democratização de conhecimento, riqueza e poder. Recomendo a leitura.

IPEA desmente o mito do "estado inchado"

Vez por outra a gente vê um político de direita, desses que enche o gabinete de parentes e cria um monte de diretorias, falar que o estado brasileiro está com gente sobrando, e que tem que reduzir mais. O IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, órgão governamental, chegou à conclusão que o Brasil tem muito menos funcionários por habitante que os Estados Unidos, e é o oitavo na América do Sul nessa relação. E que o funcionalismo público ganha 13,8% menos que o do setor privado.

Considerando que os Estados Unidos são o referencial do capitalismo de estado mínimo, que praticamente não tem serviços sociais, e tem 14,8% de funcionários por habitante, os 10,76% do Brasil são ainda insuficientes para o tamanho do país e para as estruturas de serviços públicos existentes. Por isso a gente vê falta de médicos, de fiscais, de delegados, de policiais, de professores, e ainda tem quem ache necessário cortar mais.

Collor começou a desmontagem do estado. FHC continuou. O Ministério da Saúde chegou a ficar 20 anos sem concurso. Em 1995, o Brasil tinha 7,8 milhões de servidores públicos em todos os níveis, incluindo-se estatais, economia mista, etc. Hoje tem 10,1 milhões, mesmo com a privatização e o desmonte de FHC. Isso significa que o governo Lula fez concursos para cobrir essa diferença, eliminando terceirizados e contratados, e repondo profissionais onde eram necessários. E ainda falta muito. Quem não deve ter gostado nada dessa notícia foram os neoliberais, que já têm muito o que amargar com a falência do capitalismo que defendem, e agora, perderam o discurso do inchaço do estado.

domingo, 29 de março de 2009

Lula acertou no "Galeguim do Zoi Azu" que não viu

Numa entrevista junto com Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra, Lula questionou sobre quem criou a crise, e disse que certamente não foram os índios, nem os negros, nem os mestiços, mas foi gente "branca de olhos azuis" a responsável por isso. Referia-se certamente aos banqueiros americanos e europeus com a metáfora, que alguns estão explorando como "racismo", para chacoalhar com ele.

O que Lula não viu foi um personagem que usou a música de Genival Lacerda, "Galeguim do Zói Azu" nas suas campanhas eleitorais: Tasso Jereissati, o coronel do PSDB do Ceará. Antes das peripécias trágicas da banca internacional, o coronelismo de Tasso foi responsável pela péssima situação que o governo Lula encontrou o Banco do Nordeste, que levou anos para ser recuperado e para deixar de ser um balcão de negócios dos seus amigos. Não sei como a tucanada não chiou com essa indireta.

ATTAC: "O mundo não é uma mercadoria"

A ATTAC foi criada na França em 1998 com o objetivo de lutar pela implementação da Taxa Tobin, um instrumento de regulação dos mercados cambiais. Essa taxa seria uma espécie de CPMF mundial, que auxiliaria na transparência dos fluxos financeiros e seria revertida para projetos de desenvolvimento nos países pobres. Com o tempo, a ATTAC se espalhou por diversos países, abraçando uma proposta contra o neoliberalismo e a favor da sustentabilidade.
Tem como um dos lemas "O mundo não é uma mercadoria".

É um dos grupos ativos nas manifestações para exigir do G-20 maior controle dos mercados mundiais, a distribuição de riquezas e a sustentabilidade para o planeta. Veja aqui o que eles e outros estão fazendo para combater o capitalismo, em especial na Europa, e as propostas para freiar a jogatina do sistema financeiro internacional.

Londres: manifestações anti-capitalistas

Na próxima quarta, dia 2, lideranças dos 20 países mais ricos do planeta estarão em Londres para a reunião do G20. Em meio à crise, medidas anti-liberais e maior regulamentação da especulação são exigidas por países como o Brasil e a Inglaterra. Capitalistas ingleses estão exigindo do Primeiro Ministro Gordon Brown declarações em defesa do capitalismo, e a razão disso vem das ruas: já começou uma grande mobilização popular com manifestações de cunho anti-capitalista e ecológicas em Londres (vide aqui).

Quando se fala em anti-capitalismo, imediatamente se associa o socialismo ou o comunismo. No caso de vários movimentos que estão pregando a falência do capitalismo nos EUA e Europa, a motivação não tem viés ideológico, mas econômico: as pessoas estão perdendo seus empregos por erros dos capitalistas, e os governos estão carreando os impostos pagos pela classe média para salvar os ricos. As pessoas não querem pagar a conta, e não aceitam os bônus dos executivos, os bilhões para bancos, montadoras de automóveis e seguradoras que perderam dinheiro na jogatina dos mercados.

Na França, os protestos contra o governo e a crise já foram às ruas. Na Alemanha, também já houveram manifestações anti-neoliberais (vide aqui). Para o dia 2, em Londres, são previstas manifestações pesadas contra o pagamento da conta da crise pelos trabalhadores.

sábado, 28 de março de 2009

Lula faz discurso para patrões aplaudirem

A mídia direitista hoje estampou, com destaque, a declaração feita por Lula ontem, para uma platéia de empresários na FEICON, Feira da Indústria da Construção Civil. Lula disse que não seria a hora para os trabalhadores pedirem aumentos de salários, e que deveriam ajudar as empresas a venderem seus produtos, para garantirem os empregos.

Há casos e casos em meio à crise. Alguns setores continuam altamente lucrativos, como os bancos, a construção civil, os supermercados e outras áreas onde a crise não chegou com força. Um contra-exemplo a Lula está na greve da Petrobrás, que teve o maior lucro da história no ano passado, e mantém, mesmo com a redução global de preços, a gasolina no mesmo patamar de preços de antes da crise, e não negocia com os seus funcionários em greve sequer o pagamento da participação nos lucros. É um caso típico de oportunismo empresarial contra os trabalhadores, alegando que a hora de crise é para garantir empregos e esquecer aumentos, mesmo onde há intensivo investimento, como na Petrobrás.

Infelizmente, Lula apela ao seu passado de sindicalista para tentar dar esse tipo de lição aos trabalhadores. Acho que nem a sua corrente sindical pelega aceita essa orientação, afinal, faz muito tempo que Lula não sabe mais o que é um movimento social. E, para desgraça do movimento, fica dando argumentos à patronal para explorar mais ainda os trabalhadores em nome da crise.

Hora do Planeta - adesão em Brasília

Percorremos as principais vias de Brasília na hora marcada para a manifestação promovida pela WWF pela conscientização do aquecimento global, com o apagamento de luzes. Na Esplanada dos Ministérios, somente o Itamarati estava aceso. Luzes do Eixo Monumental, Catedral, Espaço Niemeyer, tudo no escuro. Na Praça dos Três Poderes, só o Pavilhão Nacional (até porque não poderia apagar). Planalto e STF no escuro. Congresso apagou holofotes das torres e cúpulas. Setores bancários e de autarquias apagados, exceto o BRB. Também apagaram a Torre de TV e os outdoors do Conjunto Nacional. Nas quadras residenciais não foi possível ver se houve participação ou se o que estava apagado era porque muita gente deixa a cidade no final de semana. CCBB estava aceso, e a Ponte JK também. No outro lado do Eixo \Monumental, o Centro de Convenções e o Memorial JK acesos, bem como os postes. Em suma: o governo federal participou, o GDF praticamente não aderiu

sexta-feira, 27 de março de 2009

A lista da Camargo Corrêa

Tiro no galinheiro da direita. Pelo menos até aqui. Muita gente que cultiva imagem de ilibado, mesmo sendo de direita , teve que se explicar com as últimas notícias sobre possíveis doações "por fora" para campanhas eleitorais, com base numa lista da Camargo Corrêa. Estranhamente, até aqui, não apareceram grandes coisas sobre o PT, mas sobrou uma coisinha para cada um dos demais.

A mídia especula que a Polícia Federal fez essa operação para dar o recado de que mais está por vir, dependendo do que se fizer com o delegado Protógenes. Isso deixa a bandidagem histórica de cabelos em pé, e os neófitos aloprados com as barbas de molho. A direita joga culpa no governo, falando de perseguição E ataca a obra da Refinaria do Nordeste, onde o TCU afirma ter havido superfaturamento de R$ 59 milhões. O melhor para o Brasil é que tudo venha à tona. Quem não deve, não teme. Vamos ver o que rola nas revistas do fim de semana.

Quem quiser ver um advogado da direita desesperado, acesse o blog do Reinaldo Azevedo, que escreve para a Veja. Ele defende até a Daslu, mostra o atestado de rico da dona, jura de pés juntos que todo mundo da lista é honesto, menos o governo e o PT . Diz até que FHC falou que Lula deveria reclamar de não terem dado nada ao PT. Boas risadas prá vocês.

Hora do planeta - 28 de março - apagar luzes

A ONG WWF está mobilizando governo, empresas e pessoas de todo o mundo para um ato simbólico com o objetivo de chamar a todos para uma reflexão sobre a ameaça das mudanças climáticas. Será a primeira vez que o Brasil participará. Mais detalhes neste link.

No dia 28 de março, sábado, amanhã, tudo que se pede é que, das 20:30h às 21:30 h, sejam apagadas as luzes das salas das casas, demonstranto a preocupação com o aquecimento global.
Poderiam fazer melhor, coincidindo o horário com o Jornal Nacional, e pedindo para desligar a TV também, afinal, há outros desaquecimentos globais que nós aqui precisamos urgente.

Efeito Daslu e o atestado de rico

A classe média tende a achar uma injustiça quando uma mulher bem vestida, bem apessoada, é recolhida para trás das grades com penas por crimes que, somadas, totalizam 94 anos. Também contribui a natureza de colarinho branco do crime, para achar que a pessoa não deveria se juntar a presos "comuns", daqueles que matam, roubam, etc. Há uma espécie de sentimento de proteção, afinal, podia ser um irmão, um amigo, alguém que não tenha "cara de criminoso".

A penitenciária de Bangu 8, no Rio, virou uma espécie de prisão de VIPs. Banqueiros, celebridades, gente que "não merece castigo". Ainda tem o atenuante das prisões especiais, que dão privilégios a quem tenha curso superior, a autoridades, etc. Nos Estados Unidos, presos ricos vão para cadeias com todo o conforto, pois pagam pelas mordomias.

A dona da Daslu, boutique de peruas ricas, apela a essa "justiça especial" para meter um atestado médico dizendo que está doente, logo não pode ir em cana. Ainda hoje nos jornais vi uma matéria sobre o surto de pneumonia nas prisões. Pela lógica daslusiana, todos mereceriam ser soltos, afinal, cadeia não seria o mesmo que um hospital. Mais ainda, deveriam todos ir para prisões domiciliares, pois é no seio da família que as curas acontecem mais rapidamente, segundo a lógica da defesa da sonegadora. Atestado de rico teria um valor maior que o de pobre.

Não haverá moral neste país enquanto um banqueiro condenado, como Daniel Dantas, estiver em liberdade recorrendo às infinitas brechas jurídicas para postergar o cumprimento da pena. Quando a dona da Daslu vai em cana, o que deveria ser explorado pelo judiciário é a extensão da justiça a todos, independentemente de classe social ou de influência política, para servir de exemplo a pessoas que jamais acham que irão cometer uma "injustiça" dessas com ela, porque têm diploma, altos cargos, conhecem gente influente, etc. O Efeito Daslu deve arrepiar muita gente. Claro, enquanto parecer que tudo é sério.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Sistema KERS na Fórmula 1

Uma novidade que se ouviu falar neste ano para a Fórmula 1 é o sistema KERS. A sigla em inglês quer dizer Sistema de Recuperação de Energia Cinética, ou seja, a tecnologia capta a energia que seria desperdiçada no momento da desaceleração do carro e, em seguida, a reutiliza. É um passo na racionalização energética , e pode estar disponíveis nos veículos comuns em alguns anos.

Passou a ser obrigatória em 2009 na Fórmula 1, apesar da chiadeira das equipes, e tenta forçar o desenvolvimento de sistemas que acumulem energias que seriam desperdiçadas na forma de calor. Vide mais em http://racing.terra.com.br/index.asp?codc=1343

Carro turbinado

Quase acontecia uma tragédia de grandes proporções em Manaus nesta madrugada, quando partes da turbina de um avião DC-10 da empresa de transporte Arrow caíram num bairro residencial. Ninguém ficou ferido, e o avião conseguiu pousar usando as demais turbinas, mas os destroços causaram destruição em mais de 20 casas. Numa foto que está circulando na imprensa, aparece a turbina ao lado de um carro que danificou. O dono pode ter perdido o carro, e até pode pedir indenização. Só não pode perder a oportunidade de dizer que agora o seu carro está turbinado.

Dólares de brinde no Nhoque da Fortuna

Diz a lenda que num certo dia 29 de dezembro, São Pantaleão, faminto, pediu comida numa casa. A família era grande mas não se importou em dividir o nhoque com o pedinte, ficando para cada um 7 pedaços da massa. Depois de comer, São Pantaleão agradeceu a acolhida e seguiu sua andança. Ao recolherem os pratos, as pessoas descobriram que havia bastante dinheiro embaixo de cada um deles. Daí surgiu a tradição do dinheiro embaixo do prato de nhoque no dia 29, numa tradição conhecida como Nhoque da Fortuna. Coisa de liso.

Ontem vi um cartaz numa loja de uma das maiores franquias mundiais de lanches, dizendo que, na aquisição de um nhoque no dia 29, o comprador ganhará uma nota de dólar . Abstraindo a questão do desconto de R$ 2,30 pelo dólar e a legalidade de uma promoção como esta, vem o pensamento: estaria o dólar virando brinde, algo sem valor?

Provavelmente os marqueteiros da promoção não pensaram nesse sentido. Mas o Banco Central chinês vem pensando muito nisso. 70% das reservas internacionais da China estão em dólares, algo em torno de US$ 2 trilhões. Na semana passada, expressaram preocupações com a garantia dos seus ativos em dólares, o que foi rechaçado por Obama, que afirmou que o mundo confia nos EUA e na sua moeda. Há uns 3 dias, a China propôs, numa reformulação do sistema financeiro internacional, a introdução de uma nova moeda internacional, desvinculada de qualquer país, que tenha estabilidade mesmo em crises como a atual. Para a China, parece que vovó subiu no telhado, e o telhado está escorregadio...

Até o momento o dinheiro do mundo converge para a América, mesmo adquirindo títulos governamentais a taxas que sequer acompanham a inflação de lá. Isso dá uma folga a Obama para propor orçamentos extremamente deficitários, e para porem à disposição dos capitalistas imensas fortunas para tentarem tirar o país do atoleiro. Há trilhões de dólares em mãos de milhões de pessoas pelo mundo, sem lastro, já que essas poupanças não circulam com facilidade. Num eventual estouro da boiada, muitos quererão ofertar dólares para troca por moedas fortes, e a cotação cairá rapidamente. Dizem até que Bush tolerava Saddam Hussein em tudo, menos quando propôs receber, nas transações com petróleo, Euros no lugar de dólares.

Se o dólar virar troco, tipo balinha em supermercado, o Brasil já estará no buraco há algum tempo, pois é o 4° no mundo em reservas internacionais em dólares...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Pacote habitacional : golpe mortal na oposição

Nem tinha visto ainda o que era o pacote de 1 milhão de casas lançado hoje, e já estava na TV a figura antipática do Caiado, líder do DEMo, esbravejando que iria investigar, retalhar, fatiar, esquartejar o programa, porque era eleitoreiro, etc e tal. Natural essa reação. A depender da "nossa" direita, o Brasil estaria fazendo as políticas do direitista Sarkozy, na França, que estão demitindo milhares de trabalhadores e gerando uma onda de protestos violentos. Lula continua investindo em programas sociais não apenas por uma demanda social, mas porque podem fazer o PIB crescer até 2%. Isso é mortal para a oposição, que gosta de comemorar o aumento do desemprego e da recessão, se isso trouxer perda de prestígio a Lula. E, pior, não gostam de ver o Estado repassar dinheiro subsidiado, para que as pessoas paguem, na pior hipótese, R$ 50 mensais de prestação.

A construção civil é um dos segmentos mais geradores de empregos, e sua cadeia produtiva é quase toda compradora de produtos nacionais. Incentivar a construção é retorno certo em emprego e renda. Além disso, há uma demanda de 8 milhões de moradias populares. Na falta do ordenamento urbano com políticas habitacionais, as favelas tomam conta de tudo. Qualquer iniciativa para reduzir o déficit terá que ser de grandes dimensões. No tempo do BNH, houve um ano, no fim da década de 70, no qual foram construídas 700 mil habitações. Hoje, com mais tecnologias, financiamento e disposição das prefeituras em ceder terrenos, uma meta de 1 milhão de casas em um ano e meio não é nenhum absurdo.

O problema está na simultaneidade. O gestor dos recursos será a CEF, que tem uma estrutura de concessão de créditos e de fiscalização da aplicação dos recursos para trabalhar com cerca de R$ 10 bilhões por ano. E, detalhe, esses recursos são aplicados em unidades cujos valores unitários são altos, e bastante concentrados em grandes centros. O que se fará agora terá dimensões nacionais, de baixo valor, em enormes quantidades. Se não houver a fiscalização adequada, ainda mais em vésperas de eleições, teremos candidaturas milionárias em todos os níveis, e casas de péssima qualidade para a população.

A OPEP que se cuide...

Deu no nornal "O Fluminense", de 20/03/09: "A prefeita de Campos Rosinha Garotinho foi eleita por unanimidade presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), através de votação na manhã de ontem, em reunião no município de Quissamã, no Norte do Estado.... A Ompetro envolve dez municípios do Estado do Rio de Janeiro: Campos, São João da Barra, Macaé, Rio das Ostras, Quissamã, Carapebus, Casimiro de Abreu, Búzios, Cabo Frio e Niterói."

Operação Castelo de Areia e doações políticas

Hoje a PF prendeu vários altos funcionários da construtora Camargo Corrêa, acusados de vários crimes financeiros. Este é o fato. A grande imprensa não informa mais que isso, mas já fala em dinheiro de obras superfaturadas para apoiar campanhas de partidos.

Bom, do jeito que a Veja está infiltrada na PF, no sábado deve vir um monte de entulho midiático por aí, claro, sem qualquer necessidade de provas, no estilo Veja de jornalismo. Antes de mais nada, é bom lembrar que empresas colaboram para campanha. E que a Camargo Corrêa tem obras em governos dos mais diversos partidos. E que deu dinheiro para a campanha de Lula (R$ 3,5 mi) em 2006, para a de Kassab (DEM) em 2008 (R$ 3 mi)e ganhou uma licitação no metrô de São Paulo, do governo Serra, onde a Folha, horas antes, anunciou os resultados da pré-qualificação.

Considerada a carteira de obras que a Camargo tem, as doações, na base de R$ 3 milhões, são uma micharia. Segundo o site da empresa, hoje ela tem no portifólio a execução de 10 hidrelétricas, 50,5 km de metrô, 654 km de rodovias, 40 km de rodovias, 1 porto, 2 aeroportos, e mais de um milhão de m2 em edificações, entre outras. Tem obras de bom porte na América do Sul e na África. A questão não é quem recebeu doações. É saber se, além das declaradas, houve outras por fora, com os recursos de caixa 2 e lavagem de dinheiro por superfaturamento. E aí, a investigação tem que se estender a todos os contratos, independentemente dos partidos dos governos contratantes.

terça-feira, 24 de março de 2009

A aposta de Lula

Lula disse ontem em Recife que a fase mais difícil da crise já passou. Ele acha que o período mais difícil foi de outubro a dezembro. E que "Essa não é uma crise de fazer contenção de despesas, ajuste fiscal, temos que fazer mais investimentos, projetos de infra-estrutura que gerem empregos".

Ontem Obama liberou mais um tri de dólares (haja Tesouro!) para reativar o mercado de títulos podres dos bancos, cujos valores estão tão baixos que ninguém compra nem vende. Com essa garantia, os títulos se valorizam e voltam a ser negociados. E, crê Obama, o crédito vai voltar a fluir, e a economia vai voltar a crescer, e uma nova era de prosperidade se abrirá. E, imediatamente, as bolsas no mundo todo dispararam altas. As ações dos bancos recentemente estatizados nos EUA e da AIG foram as que mais subiram. E a Bovespa, depois de uma longa pindaíba, viu a cara dos 42 mil pontos.

Lula não fez a declaração olhando para as bolsas, que só subiram à tarde. Baseia-se em alguns indicativos de recuperação da economia interna para inferir que tudo vai melhorar. Nisso, não difere muito da chutometria científica dos economistas e financistas, que a toda hora mudam de opinião conforme o vento. O otimismo de Lula é justificável, afinal, é um líder que detém a aprovação de mais de 2/3 da população, e tem que encorajar as pessoas a irem à frente. E todo mundo quer que as coisas melhorem... ou não?

Imaginem se a medida de Obama der certo e que comece a recuperação da economia. Como o governo brasileiro não parou de investir, não cortou gastos sociais, vem melhorando infra-estrutura em meio à estagnação geral, baixou juros e o país, por ter ficado forte em meio à crise, será uma das primeiras opções de investimentos no segmento de mercados emergentes, e como o Lula tem muita sorte, mesmo torcendo Coríntians, o Brasil poderá sair em vantagem quando a festa começar. Aí, a aposta de Lula terá dado certo, e o reconhecimento virá na forma de confiança e votos em 2010. Caso contrário, continuará mostrando esforço para freiar os efeitos da crise, continuará fazendo as pessoas crerem que o problema é externo, perderá mais pontos nas pesquisas mas não o suficiente para deixar de fazer o sucessor em 2010.

Na semana passada, alguns comemoraram, na Avenida Paulista, na altura do número 1313, quando pesquisas mostraram a queda de 5 pontos percentuais no apoio a Lula, em virtude do crescimento do desemprego. Essas aves de rapina, que alimentam tucanos e demos, certamente terão que amargar se Lula ganhar a aposta. Mas não perderão dinheiro com isso, como não perderam nos últimos 6 anos. Apenas ficarão incomodados de serem dirigidos por alguém que não é da sua classe...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Territórios da Cidadania : notícia de má-fé do Correio

Não fosse por uma matéria infeliz de hoje do Correio Braziliense, não teria conhecido um programa pouco divulgado mas muito interessante do governo federal: os Territórios da Cidadania . Nos últimos anos, o Brasil avançou na redução das desigualdades sociais e regionais. O propósito desse programa, criado em 2008, é atacar os problemas de falta de qualidade de vida (IDH mais baixo) das pessoas que mais precisam, especialmente no meio rural. Integra numa determinada área (território) as ações de 19 ministérios, mais estados e municípios, para promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. Nada tem a ver com novas unidades federativas autônomas.

O jornal escreve: "Roraima: governo cria um território indígena". E diz que hoje Lula está criando o "primeiro território rural indígena. Ele será o Raposa Serra do Sol, em Roraima". Fala que faz parte do programa federal, que está sendo ampliado de 60 para 120 áreas, e depois volta ao ataque: "Os militares condenam a iniciativa e alegam que ela pode incentivar a criação de uma nação indígena independente na região que abrange a área de fronteira". Botaram na boca de virtuais militares, não identificados, uma besteira dessas. Ainda colocam um filósofo da UFRGS para dizer que a criação de um território indígena é "uma provocação desnecessária". Coitado do cara que teve essa declaração atribuída ao seu nome, pois se o disse demonstra desconhecimento do assunto. No estado de Roraima já existe um território de cidadania, no sul.

Uma visita ao site do Território da Terra do Sol mostrará que o governo usará R$ R$ 24.277.857,90 em 41 ações governamentais para levar energia elétrica, cursos de capacitação, construção de casas populares, infra-estrutura, ações de saúde, atendimento ao idoso, entre outros que podem ser conferidos neste link .

O interessante é que a oposição direitista tentou abortar o programa quando foi lançado em 2008, alegando ser eleitoreiro. Depois, apoiou o lobby dos arrozeiros de Roraima que defendia a legalização da grilagem em terras indígenas, e criaram a celeuma da segurança nacional. Perderam por 10x1 no STF, e o presidente do tribunal, ao proferir a sentença, disse que o abandono das populações dessas áreas é o maior problema à soberania. Tem razão, porque na falta do Estado, ONGS e missionários estrangeiros de todas as intenções pululam nessas áreas. Quando o governo federal estende a presença na área, vem a grita da direita, tentando envolver militares e eventuais intelectuais desavisados. Essa turma está batendo cabeças com tantas contradições...

Recomendo a leitura do programa, que quase ninguém conhece, mas é tão ou mais importante que o Bolsa-Família. A gente fica sem saber o limite entre o mau jornalismo e a má-fé. O pior é que a matéria já está sendo reproduzida com enfoque golpista em sites de extrema-direita na internet, como absoluta verdade...

domingo, 22 de março de 2009

Pelo fim do Senado

Não adianta Sarney e Heráclito Fortes correrem do bumerangue que lançaram anos atrás, com a criação da farra de cargos que hoje avacalham de vez com a imagem do Senado. A grande questão não é cortar uma ou outra diretoria, mas pensar no atacado: para quê Senado?

Dizem que é o espaço da representação dos estados. Cada um tem 3 senadores, não importa o tamanho ou a quantidade de habitantes. O Amapá, estado pelo qual o maranhense Sarney é senador com um punhado de votos, tem o mesmo peso que São Paulo. Na Câmara, mesmo que as representações não estejam exatamente proporcionais aos eleitorados ou populações dos estados, a distorção é menor. E, o que é mais grave, cada senador custa ao país 5 vezes mais que um deputado.

O sistema bicameral é mais lento e corrupto que seria o unicameral, praticado em vários países. Vivemos uma realidade de mudanças cada vez mais rápidas, e não temos um legislativo ágil pelos rituais, prazos, etc. E, vamos ser realistas: quanto mais instâncias, mais favores, cargos, recursos para aprovar os projetos. Não precisamos de Senado, e muito menos desse que aí está.

A idéia de acabar com o Senado não é nova nem revolucionária. O PT chegou a debater isso em 2007 (vide aqui) . A grande questão é que isso vem sendo empurrado para uma reforma política que não discutirá reduções, mas sempre ampliações de boquinhas e benesses para os partidos. A única maneira de fazer isso é através da pressão popular. De não aceitarmos mais dar poder a quem não respeita o eleitorado. Quem se habilita?

Crise: fundo do poço ainda é mais adiante

Aqui vai o link para um artigo do economista americano Nouriel Roubini, que teve o mérito de ser um dos poucos que previram o desastre financeiro dos Estados Unidos com antecedência (isso porque a maioria nessa área econômica gosta de prever o passado). Ele diz que ainda vai ter mais queda antes de chegar ao fundo e, quem sabe, à recuperação. Matéria na íntegra em http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=3654

Protógenes usa blog para se defender

O Delegado Protógenes Queiroz, protagonista da Operação Satiagraha, que incomodou poderosos como Daniel Dantas, que é um arquivo vivo dos grandes esquemas organizados em torno do poder econômico e da política, está sendo linchado pelos meios de comunicação de massas. Irá depor no dia 01/04 no Congresso Nacional, onde se tentará desmoralizá-lo e pressioná-lo para que se cale.

Uma das poucas saídas que encontrou para restabelecer a verdade foi abrir um blog, com este link http://blogdoprotogenes.com.br/ , que peço que divulguem em solidariedade a ele. Lá estão notas de solidariedade de entidades, e esclarecimentos sobre as mentiras que a Veja, em especial, vem levantando contra ele, com o apoio da grande mídia, num verdadeiro massacre.

sábado, 21 de março de 2009

Mercadante quer fundos de pensão nas mãos do governo

Os ataques aos fundos de pensão fechados não param. Noutro dia, queriam lotear cargos no fundo Real Grandeza, de Furnas, para atender a um deputado da base aliada que domina 20 votos na Câmara. Os participantes protestaram e a manobra foi abortada.

No fim do ano passado, o Conselho de Gestão da Previdência Complementar, órgão do Ministèrio da Previdência, baixou a Resolução 26 que, entre outras coisas, permite a apropriação de superávits dos fundos de pensão pelos patrocinadores. Diversas entidades entraram na justiça e conseguiram liminares contra os seus efeitos ilegais.

Em janeiro, o Banco do Brasil registrou no seu balanço um ativo atuarial de R$ 5,3 bilhões, contando com apropriações futuras de superávits da PREVI. Chegou a distribuir lucros sobre esses recursos que não possui, já que a PREVI não reconheceu esse valor como um passivo a favor do BB.

Na base aliada do governo, em especial na bancada do PT, o que se discute é como barrar o fim do fator previdenciário, projeto do Senador Paulo Paim, do próprio PT, alegando falta de recursos.

Agora, o Senador Aloísio Mercadante (PT) apresentou o projeto de lei PLS 77/09 de 11/09/2009, alegando maior defesa dos fundos de pensão às ingerências políticas, mas, na prática, transferindo aos Conselhos Fiscais o papel de controladores externos dos fundos, suprimindo a representação paritária dos participantes junto com os patrocinadores. Na sua formulação, apenas os patrocinadores e os indicados pelo Governo farão parte do Conselho Fiscal. Para a administração, criam-se mais barreiras ao acesso dos empregados eleitos, com mais exigências curriculares, como os cinco anos de experiência em algumas áreas técnicas.

Esse retrocesso atingirá em cheio diversas entidades, como a PREVI, onde se conquistou o direito à eleição de representantes dos participantes em todos os níveis. O que é pior é que a inclusão de dois representantes do órgão fiscalizador no Conselho Fiscal escancara a possibilidade dos cargos serem loteados em negociações políticas.

Mercadante também alega que “a fiscalização das entidades deve ser promovida sob o prisma da neutralidade, em face dos interesses, nem sempre coincidentes, dos participantes e assistidos, do patrocinador e do público em geral”. Na prática atual, os interesses conflitantes sucumbem ante o Voto de Minerva que o patrocinador tem direito nos conselhos. Além do mais, não sabia que o patrimônio do fundo de pensão era do “público em geral”.

O projeto de Mercadante é articulado com outras iniciativas para deixar cada vez mais o patrimônio dos fundos de pensão fechados, como os das estatais, que somam a centenas de bilhões de reais, ao alcance da manipulação do governo, em tese, a serviço do desenvolvimento. A idéia não é nova: no governo FHC, os fundos de pensão foram as principais ferramentas para viabilizar o Programa de Privatização, obrigando-os a comprar bilhões em ações de empresas postas à venda. Agora, com a apropriação de superávits, empresas do governo poderão engordar seus cofres com recursos que, a rigor, são de aposentadorias de trabalhadores. Mercadante só está acrescentando um componente à falta de transparência na governança das gestões, com o fim da fiscalização pelos participantes.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Nassif: FHC e o crime organizado na política

O jornalista Luis Nassif escreveu uma matéria bombástica e bastante esclarecedora. Trata de como o governo FHC fez para criar um poder paralelo na área econômica, acima do Estado, das suas relações com o crime de colarinho branco praticado pelas mais altas autoridades, e da pouca fiscalização do Estado sobre tais práticas.

Mostra a Operação Satiagraha como uma punhalada nessa organização criminosa, e que, com a crise mundial, haverá pressões pela cada vez maior transparência nas operações da economia.

Só para dar uma amostra, o texto termina assim: "Algumas vezes critiquei a superficialidade de FHC, sua incapacidade de perceber os ventos, os grandes fatores de transformação que permitissem lançar o país rumo ao desenvolvimento. Bobagem minha! Seu foco era outro. É por isso quem para ele, Protógenes é amalucado e Dantas é brilhante. A história ainda cobrará caro de FHC por ter institucionalizado o crime organizado no centro do jogo político brasileiro." Leia completo em http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/03/18/o-sistema-brasileiro-de-inteligencia-e-o-jogo-politico/

Roraima - Lobby de arrozeiros perde de 10x1 no STF

Não adiantou a turma encabeçada pelo prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEMo) fazer um poderoso lobby para legalizar a grilagem das terras da Reserva Raposa do Sol, em Roraima. Usando argumentos calcados desde a soberania nacional sobre a região fronteiriça até de economia da região, conseguiram envolver em defesa da sua causa militares preocupados com soberania, mídia nacional apoiadora de qualquer coisa que a direita reivindique, ONGs, etc.

Atacaram o quanto puderam o governo Lula, que se colocou ao lado dos índios, e ainda repassou ao estado de Roraima grandes quantidades de terras federais. Disseram que o governo era irresponsável, por dar condições a criar um novo país, já que nem o exército poderia entrar lá, etc e tal. Agora, numa decisão acachapante e esclarecedora, o Supremo Tribunal Federal tomou em última instância a decisão favorável aos índios, por 10 x 1. Essa decisão vale para qualquer reserva.

No julgamento foram colocadas 19 condições que deixam bem clara a soberania nacional sobre a área, podendo o Exército e a Polícia Federal acessá-la sem pedir licença. Também podem ser construídas estradas sem pedágios de indios, linhas de transmissão de energia, e o usufruto não permitirá qualquer exploração econômica sem a autorização dos órgãos competentes. Ou seja: é um lugar como qualquer outro do Brasil. Que a decisão sirva de lição aos latifundiários e grileiros de todo o país. A retirada dos arrozeiros, que plantaram uma nova safra mesmo na iminência de serem expulsos, deve ser imediata, acompanhada pelo judiciário.

Por se tratar de uma tríplice fronteira (Brasil, Venezuela e Guiana), acho que o governo deveria instalar uma base militar bem na confluência, dando finalidade a tantos militares que hoje estão ociosos em bases no Rio, Brasília e outras localidades sem qualquer ameaça iminente. O poder militar tem que se fazer presente na Amazônia, já que a escassez de recursos no mundo e a ambição de alguns dos nossos "hermanos" podem colocar em risco não apenas a Raposa do Sol, mas toda a região fronteiriça.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Iron Maiden em Brasília

Quem gosta de rock e mora em Brasília não pode deixar de ir ao show do Iron Maiden nesta sexta, dia 20, no Estádio Mané Garrincha. Os ingressos podem ser comprados no Livepass pela internet, mas são mais caros por causa de uma taxa de serviço. O melhor é comprar no quiosque do terceiro andar do Shopping Pátio Brasil. Pode pagar em cartão até 3x. Quem tem assinatura do Correio Braziliense ir ao show pagando meia, e levar outra pessoa também pagando meia. Os portões se abrem às 16h, e o show é às 21h.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Caiado (DEMo) contra expropriação de terras de escravocratas

A vergonha da escravidão persiste no Brasil, quase toda no campo. Apesar do crescente esforço do Ministério do Trabalho para a sua erradicação (vide tabela), o problema continua prejudicando a imagem do Brasil como nação civilizada. Dados da Comissão Pastoral da Terra apontam para a existência de mais de 25 mil escravos hoje.

Para punir rigorosamente esse crime hediondo, está em tramitação no Congresso a proposta de expropriação das terras onde for constatada escravidão. Essa punição já existe para as terras onde se produzam drogas.

A direita ruralista, encabeçada pelo senador Ronaldo Caiado (DEMo), fundador da UDR, quer barrar a tramitação da proposta, temendo que sejam forjados flagrantes por movimentos de sem-terras como forma de expropriar terras produtivas para a reforma agrária.

A questão é que a escravidão não é praticada por gente com mentalidade do século XVIII, mas por "modernos" produtores do "agrobusiness", empresários, políticos, juízes, ou seja, gente que tem conhecimento do que está fazendo para ganhar dinheiro em cima da miséria de gente que trabalha sob coação, sem direitos trabalhistas mínimos. Todos eles integram a direita política, daí os setores mais conservadores do Congresso se mobilizarem para evitar maiores punições aos escravocratas.

Vide mais em http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_18/2009/03/18/noticia_interna,id_sessao=18&id_noticia=89816/noticia_interna.shtml

Senado tem mais caciques que índios

Os recentes escândalos do Senado mostraram mais um número interessante: há 181 diretores de setores da casa, contra 79 senadores! Todos em bons cargos comissionados. Abaixo deles, uma hierarquia de milhares de outros comissionados, fora os cargos de confiança dos senadores. Com tanta gente para dirigir e controlar tudo, ainda fizeram uma farra de horas extras de R$ 6 milhões para funcionários que não trabalharam enquanto os senadores estavam em férias. Tudo isso para uma fraca discussão dos assuntos legislativo e de uma pífia produção de leis.

terça-feira, 17 de março de 2009

Bônus da AIG : muito além do ultraje

Considerando-se que os americanos têm como sagrados os contratos, e que as empresas e pessoas utilizam uma poderosa máquina de advogados para fazer valer seus direitos, o ultraje de Obama diante dos bônus da AIG parece infantil. Cadê a competência de negócios do capitalismo americano, quando o Estado empresta bilhões de dólares a uma seguradora falida, e não faz exigências sobre a gestão, permitindo a premiação com milhões de dólares aos executivos que a levaram à bancarrota?

Hoje na TV vi na manifestação em frente à sede da AIG contra o pagamento dos bônus uma faixa insólita, que nunca vi por aqui em anos de militância política de esquerda, que dizia: "CAPITALISM IS ORGANIZED CRIME". A imagem não mostrou bem quantos gatos pingados faziam o protesto, por isso procurei quem poderia ter essa visão política. Encontrei no site do Partido pelo Socialismo e pela Libertação (PSL) de lá um artigo com esse tema, cuja leitura recomendo por ser uma análise interessante pela visão de uma das esquerdas americanas que ninguém sabe que existe.

Obama está amarrado aos dogmas do capitalismo liberal americano. Se estatizar bancos, será taxado de "comunista". Se tentar tomar de volta os bônus que foram pagos pelos "taxpayers", incidirá na heresia da quebra de contratos. Se aumentar os impostos para continuar a injetar dinheiro na salvação de capitalistas, enfrentará a revolta dos contribuintes, que foram vítimas dos Madoffs e de executivos que enriqueceram criminosamente dentro das regras do sistema.

O legado de Clodovil

Morreu hoje o estilista Clodovil, que fez sucesso entre as mulheres ricas com sua criatividade para a moda e na TV com um programa de futilidades de consumo. Como deputado federal, não disse a que veio, apesar dos 500 mil votos obtidos do eleitorado paulista que votou no exotismo de um candidato sem partido nem proposta. Fez uso do mandato para polemizar no supérfluo, criando factóides que o mantinham a mídia. Como político foi uma prova cabal de que o Congresso deve ter menos representantes. Esse foi o seu legado.

Chavez censura exposição de anatomia

Estranha democracia venezuelana. O Presidente não gostou, achou macabro, e proibiu uma exposição sobre anatomia do corpo humano, que faz sucesso no mundo inteiro. Viu na exposição a degradação dos valores morais, e exerceu o papel de censor da nação. Se a moda pega, vai fechar faculdades de medicina. Esse tipo de coisa depõe contra o socialismo, em nome do qual Chavez justifica qualquer atitude sua. Visitei essa exposição e achei muito interessante. Mais em http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1042639-5602,00-CHAVEZ+PROIBE+EXPOSICAO+QUE+MOSTRA+CORPOS+VERDADEIROS+PLASTIFICADOS.html

segunda-feira, 16 de março de 2009

A ofensiva de Lula nos EUA

Assisti pela TV o discurso de Lula num evento promovido em Nova Iorque pelos jornais Valor Econômico e Wall Street Journal. O público alvo foi composto de jornalistas, economistas e empresários americanos. Lula falou de improviso, e abordou todos os assuntos que interessam ao Brasil nesta conjuntura de crise: protecionismo, perseguição a imigrantes, créditos, regulamentação do mercado financeiro mundial, manutenção de empregos, rodada de Doha, etc.

O mais interessante foi a postura de Lula, ao mostrar, com muita credibilidade, o Brasil como um oásis atrativo a investidores em meio à crise. Em alguns momentos chegou a falar como líder de potência soberana do primeiro mundo, ao propor soluções para a África, América Latina e mesmo para os Estados Unidos e Europa. Chegou a dizer que o FMI deveria aplicar aos países desenvolvidos a mesma vigilância que teve em relação aos emergentes, e que a saída da crise está acima da economia, passando pela política para salvar o planeta e construir uma sociedade diferente da atual.

O encontro de sábado com Obama rendeu mídia positiva nos Estados Unidos, explicitando a posição brasileira em relação à crise. Há poucos dias o Brasil e outros países emergentes passaram a participar do comitê de supervisão do sistema bancário mundial. Neste momento de caos, quem chegar e falar com segurança sobre os problemas e propuser soluções terá platéias atentas. Enquanto isso, o assunto de hoje na América é o bônus imoral que os dirigentes da AIG receberão mesmo apresentando o estrondoso rombo que o contribuinte americano teve que bancar, através do pacote de ajuda governamental.

domingo, 15 de março de 2009

Vaticano desautoriza bispo da excomunhão

Pegou tão mal o episódio do inquisidor de Olinda e Recife, que anunciou a excomunhão da equipe que salvou a vida da uma menina grávida com a interrupção de gravidez, que a CNBB cuidou de negar tudo e dizer que o Bispo nunca disse nada daquilo, que só lembrou que o aborto é passível de excomunhão, etc e tal. E quis botar um ponto final na questão.

O Vaticano pegou a onda e no seu jornal "Osservatore Romano" de hoje publica um texto onde se ressalta que a vida mais importante a salvar era a da menina, e que os médicos agiram corretamente. Enfim, depois de dois milênios, parece que os homens que dirigem a Igreja ouviram a voz do povo como sendo a de deus, e não foi através de sussurros nos confessionários, mas de uma gritaria geral que abalou sua imagem. Veja mais sobre o polêmico bispo em http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/15/urbana8_0.asp e sobre o jornal do vaticano em http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/03/14/vaticano+critica+excomunhao+no+caso+de+aborto+no+brasil+4792911.html

USA : Yes, we have "favelas"...

No estado mais rico dos EUA, famílias dos novos-pobres da crise americana começam a se amontoar em barracas de lona próximo a San Francisco e outras cidades, sem qualquer infra-estrutura de assistència por serviços públicos essenciais. Logo não precisarão fazer os "safaris turísticos" oferecidos aos turistas americanos que vão conhecer a Rocinha, o morro Dona Marta e outras comunidades carentes do Rio onde fotografam a miséria do terceiro mundo, por duas razões: porque terão uma favela perto de casa, e porque não terão grana para vir ao Brasil. Vide mais em http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/03/15/crise+obriga+milhares+de+familias+americanas+a+viver+em+tendas+de+campanha+4796914.html

Morales confisca latifúndio para reforma agrária

O presidente da Bolívia, apoiado na nova constituição referendada por 60% dos votos, começou a fazer valer a lei que limita as propriedades rurais a 5.000 hectares. Desapropriou, sem indenização, a área excedente de um latifúndio que pertencia a um americano, e distribuiu os títulos de posse de terra aos indígenas da região. Mais detalhes aqui neste link.

sábado, 14 de março de 2009

Brasília : Estranhos sinais de riqueza

O mercado imobiliário de Brasília apresenta valorização acima da inflação há vários anos. Com o tombamento do Plano Piloto e a inexistência de novas áreas a construir na cidade, vemos ofertas como a da foto ao lado. É um apartamento num prédio de bom acabamento, que está anunciado à base de R$ 4.500 por metro quadrado. Não é luxuoso, mas tem 4 quartos, e fica numa superquadra, sem nenhum atrativo de localização, paisagem, etc. O preço unitário é semelhante ao de lugares como a Urca e o Leblon, no Rio, que têm muito mais atrativos para justificar os preços.

Considerando que o Distrito Federal tem como principal atividade econômica o funcionalismo público, sem indústrias nem atividades agrícolas, fica difícil saber como as pessoas têm dinheiro para comprar esses imóveis. Muito menos para os dois funcionários do Senado, recentemente afastados por não conseguirem justificar os sinais de riqueza incompatíveis com suas rendas, mostrarem como adquiriram casas no Lago que valem mais de R$ 3 milhões.

Se a Receita Federal quiser pegar muita coisa sem explicação em Brasília, bastará cruzar os dados dos proprietários de imóveis de alto valor com suas rendas. Alguns poderão explicar a riqueza aparente por haverem adquirido os imóveis quando eram baratos, o que é possível. Outros terão muito o que explicar, se conseguirem.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Estatísticas do Flamengo

Visitei o site http://www.flaestatistica.com/, e o recomendo, pelo extenso acervo do seu banco de dados, melhor que o da página oficial do clube.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Bancos tornam inútil a redução de juros

Foi necessária muita pressão para a turma do tucano Meireles baixar 1,5% a SELIC na reunião de ontem do COPOM. Apesar de termos hoje a taxa de juros mais baixa da série histórica, ela ainda é a maior do mundo, e se constitui numa teta para os bancos que, ao invés de darem crédito, aplicam em títulos baseados na SELIC.

Com a redução, o governo reduz o serviço da dívida, o que é positivo. Do lado do crédito, dados divulgados hoje mostram que a taxa de juros em 2009 já caiu mais de 7%, mas para o cartão de crédito caiu 1,8% e para as empresas, zero de redução.

Lula disse noutro dia que os governos dos paises capitalistas centrais terão de optar entre salvar os bancos ou salvar as economias, sugerindo a estatização. No Brasil, parece que tudo que se faz é preservar os bancos da crise, mesmo depois de décadas de grandes lucros. Nem os bancos públicos se comportam como instrumentos de política econômica.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Como esculachar um PIB que cresce 5,1%

A notícia deveria ser "Brasil cresce 5,1% em 2008, apesar da crise mundial". A mídia, uníssona, transformou o título em "PIB cai 3,6% no 4° trimestre de 2008". E tome-lhe declaração de tucano e demo dizendo que a crise é local, que a culpa é do governo, etc. E festa para a declaração de Mantega de que a meta de crescimento de 4% para 2009 ficou difícil... E ainda dizem que o discurso da esquerda era "quanto pior, melhor"

Também não deram importância a duas variáveis importantes do PIB, que o mantêm alto apesar da crise: o consumo das famílias e os gastos governamentais. Aí se colocam o discurso do governo de minimização da crise, e os gastos em obras e programas sociais, que não pararam com a crise. Se Lula seguisse o receituário dos demos e tucanos, pararia os programas sociais e reduziria a renda das famílias, reduzindo o seu consumo, e enterrando mais o PIB, a exemplo dos anos perdidos de FHC, onde a economia jamais alcançou aos patamares de crescimento dos "míseros" 5,1%.

Crise: me engana que eu gosto

Obama e Bernanke se revezam em dizer ao povo americano e ao mundo que "vovó subiu no telhado, que tem limo, está chovendo, é íngreme e agora ela está dançando frevo lá". O rombo das "subprimes" é fichinha perto das centenas de trilhões de dólares em derivativos que estão flutuando sem garantias.

O mercado não sabe mais onde se agarrar. Na semana passada, ficaram à mercê da decisão do Partido Comunista Chinês e da extensão do plano de recuperação econômica que foi anunciado no seu congresso. Ontem, bastou vazar um memorando interno de um diretor do Citigroup dizendo que o banco teve lucros em janeiro e fevereiro de 2009 para as bolsas do mundo darem um grande salto. Na falta de noção do fundo do poço, pessoas e países vão se enganando com o que podem.

DEMo autoriza farra com dinheiro no Senado

Se fosse do PT, seria um escândalo, mas como o Senador Efraim Morais é do DEMO, a farra com R$ 6 milhões do nosso bolso para pagar horas extras inexistentes no Senado em janeiro se tornou "um erro a apurar". A coisa vai acabar em pizza, pois quem está apurando é o Senador Heráclito Fortes, comparsa de partido.

terça-feira, 10 de março de 2009

Quem tem medo de Protógenes?

A revista Veja, sempre a serviço do desserviço, linchou na sua última edição o delegado Protógenes, aquele que cometeu a heresia de botar em cana alguns "intocáveis" da economia e da política, prontamente soltos pelo STF. Espionando a Polícia Federal, teve acesso a dados colhidos no computador pessoal de Protógenes, onde estariam, segundo a revista, grampos de ligações de poderosos.

Na falta de assunto, a oposição de direita tenta reaquecer a CPI dos Grampos, aquela que até agora não mostrou de Gilmar Mendes foi mesmo grampeado, mas já puniu Protógenes e a cúpula da PF. E, ao mesmo tempo, tentam saber o que os arapongas têm em mãos, afinal, quem tem rabo preso fica muito preocupado com a hora que os podres poderão aparecer. Para eles, não interessa a transparência do Estado, mas meramente a destruição de eventuais provas que os órgãos públicos ou seus agentes disponham.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Da máquina de lavar à burka é um passo

O L'Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, publicou no Dia Internacional da Mulher o artigo 'A máquina de lavar e a liberação das mulheres: ponha detergente e relaxe' , e lançou a polêmica mundial com a questão: "Quem fez mais pela libertação da mulher: a pílula, direito ao aborto, trabalhar fora de casa ou a máquina de lavar?"

O artigo errado, na hora errada, chocou boa parte do mundo ocidental, que comemora os avanços das lutas das mulheres e reclama por mais igualdade de direitos para elas. Da gozação à crítica radical, os sites da internet estão publicando opiniões cuja quase unanimidade aponta para o anacronismo do pensamento da Igreja, que não permite o sacerdócio feminino, mantém o celibato, e faz das mulheres verdadeiras matrizes humanas, no sentido da reprodução, ao dedicar-lhes apenas o papel de mães de grandes proles e servidoras submissas do lar.

Tudo isso faz sentido com a campanha contra a pílula, a camisinha, o aborto, o divórcio e o trabalho da mulher. E com as fogueiras para as "bruxas" medievais por ordem da Inquisição.
E dá-lhe excomunhão, perdão a bispo simpatizante nazista, vista grossa a pedófilos, e máquina de lavar para as mulheres. Dai para a burka dos talibãs não há muita diferença, só mais roupa preta. A visão sobre o papel da mulher é a mesma.

------------------------------------------------------------------------------------------
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1034670-5602,00.html
09/03/09 - 10h55 - Atualizado em 09/03/09 - 10h56

Jornal do Vaticano discute sobre 'liberação da mulher ocidental'
'O que no século XX fez mais para liberar as mulheres?', diz artigo.Pílula, direito ao aborto, trabalhar fora de casa ou a máquina de lavar?

Do G1, com informações da Reuters

O jornal do Vaticano publicou que a máquina de lavar talvez tenha feito mais pela liberação da mulher no século XX do que a pílula anticoncepcional ou o acesso ao mercado de trabalho.

A conclusão consta em um longo artigo publicado na edição deste domingo do jornal do Vaticano, o “L'Osservatore Romano”, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. O título do artigo é: "A máquina de lavar e a liberação das mulheres - ponha detergente, feche a tampa e relaxe".

"O que no século XX fez mais para liberar as mulheres ocidentais?", questiona o artigo, escrito por uma mulher. "O debate é acalorado. Alguns dizem que a pílula, alguns dizem que o direito ao aborto, e alguns (dizem que) o direito a trabalhar fora de casa. Alguns, porém, ousam ir além: a máquina de lavar."
O texto então conta a história da máquina de lavar, desde um modelo rudimentar de 1767 na Alemanha, até os modernos equipamentos com os quais a mulher pode tomar um capuccino com as amigas enquanto a roupa é batida.

DEMagogia da miséria

Na TV estão passando os anúncios eleitorais do ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL e atual DEM. Democratas, no entender dos coronéis e da direita que nele se abrigam. Demagogos, no discurso. Mostram nos programas o governo Lula como o causador do desemprego e da crise, como preguiçoso, como mentiroso, o de sempre dessa laia. E o governo Arruda, no DF, como a grande vitrine. Aliás, a única de peso, depois das sucessivas surras eleitorais que vêm levando.

No DF-Maravilha, como quer colocar o programa, as coisas não vão tão bem assim. Graças a recursos federais, Arruda tem conseguido fazer algumas obras. Bem mais obras faz o seu vide, Paulo Octávio, que disputa com o próprio governo distrital o título de maior especulador do DF. Hoje nos noticiários estava uma manifestação de trabalhadores de uma empresa terceirizada que quebrou por falta de pagamentos pelo GDF, exigindo seus direitos trabalhistas. E pode estourar nesta semana a greve dos professores, pelo cumprimento de um acordo que virou lei, desde o ano passado, concedendo reajuste de 19,8% à categoria.

A direita, usando seu Correio Braziliense, chama a possível greve de "crime de lesa-futuro", e diz que os professores daqui têm os maiores salários iniciais e finais da carreira no Brasil. Diz que 88% dos professores do DF recebem salários de R$ 4.857. E chora miséria, dizendo que haverá queda de arrecadação, que o GDF não vai conseguir pagar, etc e tal. Nem precisa de jornalista, já que a matéria parece um "release" do governo Arruda. O DEM não gosta de governo pagando bem, porque não gosta de servidor, porque não gosta de pobre. Dinheiro público é para sustentar o capital, no entender dele. Bolsa-família é coisa de comunista, que vicia o trabalhador a não trabalhar, etc e tal.

Educação não é o forte do DEM, que vive historicamente como abutre bicando a miséria, especialmente no nordeste. Arrotam liberalismo, pregando a redução dos impostos, mas em Brasília a carga tributária é violenta. César Maia, no Rio, fez o mesmo e não concluiu suas obras faraônicas. Nem o seu deputado que construiu o castelo mineiro o concluiu com os recursos de fontes duvidosas. No congresso, ora agem demagogicamente, propondo reajustes muito altos do salário mínimo para fazer o governo vetá-lo, ora empacando a aprovação do piso salarial do magistério em quase R$ 1.000,00.

Jogam a população contra os professores, mas a greve, se houver, será poderosa. O custo de vida é o principal motor da mobilização. Em Brasília, com R$ 4 mil de renda a família é obrigada a viver na periferia. No sábado passado, o Sindicato dos Professores trouxe milhares de professores a um show, e hoje faz atos preparatórios para a luta. Arruda vai ter que ser mais vaselina que o usual para se sair dessa sem cumprir a lei que assinou. Ou aplicar a violência, método usual dos coronéis do DEM, para não pagar o que deve. Onde fica a coerência com o discurso de cumprimento de contratos que fazem quando é para sangrarem o Estado no favorecimento ao capital?

Ciência avança, apesar da crise e das trevas

Apesar da crise e da vontade de alguns de fazerem as trevas excomungatórias e inquisitórias prevalecerem sobre a civilização humana, a NASA teve recursos para mandar ao espaço o telescópio Kepler, que ampliará o conhecimento científico sobre o universo, estudando planetas fora do sistema solar com possível suporte à vida humana.

Outra boa notícia foi a descoberta de uma enzima que seria a responsável pelo alastramento do câncer. Essa descoberta é muito importante para o conhecimento do mecanismo de propagação da doença e na busca de novas curas.

Hoje o presidente americano Barack Obama revogou uma medida medieval de Bush, que, sob pressão do lobby da direita religiosa, proibiu o repasse de verbas públicas para a pesquisa com células-tronco.

sábado, 7 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher : da luta à demagogia

Cada vez mais se esconde a verdadeira razão pela qual o dia 08/03 é comemorado a cada ano. No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque (EUA), fizeram uma grande greve, com ocupação da fábrica, para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como: redução na carga diária de trabalho para dez horas (trabalhavam 16h por dia), equiparação de salários com os homens (recebiam bem menos para executar o mesmo trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida violentamente, vindo a morrer 130 mulheres que estavam trancafiadas na fabrica, que foi incendiada.

A data, comemorada desde 1910 e oficializada em 1975 pela ONU, deveria ser o momento de reflexão e de luta, com conferências, debates e reuniões cujo objetivo seria discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.

Pasteurizaram o Dia Internacional da Mulher, para reduzir-lhe a importância e o caráter classista. Grandes empresas promovem eventos, distribuem brindes, mas não reconhecem competências. Uma rápida olhada nos sites de empresas mostrará que suas diretorias e cargos executivos são um verdadeiro "Clube do Bolinha", apesar das mulheres serem, em boa parte delas, mais da metade do contingente funcional. Já são mais da metade da população no Brasil, mas não têm espaços de poder político proporcional

Políticas de gênero, assim como de responsabilidade socio-ambiental, hoje enfeitam os demonstrativos de resultados anuais das empresas, mas não se vê um real compromisso com elas. Viraram um modismo de marketing, e não se traduzem em real divisão de poder ou mudança de postura em relação à cultura machista e predatória do capital. Aí, o que se vê são iniciativas demagógicas, bizarras, alienantes, do culto à Mulher Barbie, onde se enaltecem vaidades e facetas consumistas.

http://blogdobranquinho.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de março de 2009

Casas populares ameaçadas

O Governo Lula deve anunciar nos próximos dias um programa de construção de moradias populares de baixo custo. A meta será de 2 milhões de casas até o fim de 2010. Pouco perto do déficit habitacional de 8 milhões de moradias, mas muito mais que os governos anteriores fizeram. Isso é investimento social, e a direita de plantão resolveu se articular para abortar o plano.

Mais eficiente que a Folha e o Estadão na tentativa de pautar o governo, por ter mais canais de comunicação, a Globo começou hoje a campanha para dizer que não tem dinheiro para isso. Seus comentaristas já disseram que o Senado será contra. E a tucanada demoníaca já vê eleitoreirismo nisso, como vê no Bolsa Família, no Luz para Todos, na reforma agrária, no crescimento real do salário mínimo, enfim, em tudo que cheire a tirar dinheiro da apropriação pelo capital para melhorar as condições de vida da população. Essa será a pauta da direita nos próximos dias.

Trevas da Inquisição no Brasil

Desde que Bento XVI assumiu o papado na Igreja Católica Romana, clérigos ligados ao fundamentalismo religioso têm subido de destaque, assim como ordens ortodoxas. Da teologia da libertação, que teve em João Paulo II seu coveiro, nem se fala mais. E Ratzinger tem feito diversas declarações belicosas em relação às demais religiões, como a que diz que a sua Igreja é a única e verdadeira, além de não colaborar para a investigação de casos de pedofilia e de combater avanços da ciência, como as células tronco, clonagens, etc.

Essa postura do egresso da Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira direta da famigerada Inquisição medieval, o papa vem perdoando excomungados radicais como o finado bispo Lefebvre e do seu correligionário Richard Willianson, que chegou ao noticiário recente por negar a existência do holocausto.

Essa cultura organizacional deixou o bispo de Olinda e Recife à vontade para excomungar, sem julgamento, como prevê o código canônico, as pessoas que participaram do aborto, por uma menina de 9 anos, de uma gravidez de risco obtida por estupro. Sorte nossa que Igreja e Estado são separados constitucionalmente, pois isso há uns 400 anos renderia masmorras e fogueiras.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Lula defende estatização de bancos

No discurso ao Conselho de Desenvolvimento Social hoje, Lula desafiou os países ricos a optarem entre darem dinheiro aos bancos para salvá-los, ou estatizá-los para que sirvam de instrumento público para a restauração do crédito ( vide aqui ). Também pegou pesado na exigência de regulação do capital flutuante, os trilhões de dólares que sumiram em meio à crise, e disse que vai levar uma pauta de exigências para o fim do cassino financeiro à reunião do G-20.

Enquanto fala para fora, aqui os bancos privados e públicos continuam retendo o crédito. O dinheiro dos depósitos compulsórios não foi para o financiamento, mas para a compra de títulos públicos, alimentados pelas altas taxas de juros patrocinadas pelo banqueiro Meireles. Lula devia dar o exemplo "estatizando" o Banco Central, e o Banco do Brasil, dominados por neoliberais que resistem às iniciativas governamentais contra a crise.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Dr Gilmar : e os cartórios da grilagem de terras?

O Fantástico, sintonizado com a campanha de combate ao MST da grande mídia, mostrou neste domingo pessoas que anunciam na internet a venda de terras de projetos de reforma agrária, de forma ilegal, já que os assentados devem esperar no mínimo 10 anos para poder vendê-las. O sentido da matéria era criar opinião pública contrária à reforma agrária, apontando falhas que deveriam ser resolvidas com a efetiva fiscalização pelo poder público, mas que não desmerecem a necessidade da eliminação do latifúndio.

Uma cena passou batida, quando um dos ofertantes de terras ilegais disse que registrou um documento de compra da terra da mão de um assentado. Não sabia que os cartórios tinham poderes para registrar vendas ilegais. A reportagem não entrou nesse mérito, mas caberia perguntar ao Dr. Gilmar Mendes, presidente do STF, tão solícito na interferência contra os projetos de reforma agrária, querendo tirar-lhes as fontes públicas de financiamento, por que deixam cartórios de picaretas funcionarem e serem o motor da grilagem que tantos conflitos de terra provoca.

PC chinês vira salvação dos mercados de capitais

A conjuntura está alucinógena. Ainda hoje vi num desses jornais apocalípticos da Globo News que os mercados de ações subiram fortemente na expectativa da divulgação nesta quinta das resoluções do Congresso do Partido Comunista Chinês, que darão nova injeção de dinheiro para a recuperação da economia local. Quem diria que viveria para ver o dia que os capitalistas liberais teriam seus destinos determinados por um partido dito comunista...

Pobre Maranhão! Pobre Brasil!

Estado mais miserável do país por obra e graça dos Sarney, o Maranhão teve seu governador cassado pelo TSE, por compra de votos, abuso do poder econômico, essas coisas básicas. No seu lugar, deverá tomar posse Roseana Sarney, para um mandato tampão até as próximas eleições, no ano que vem. Ao contrário da Bahia, que arejou a política coronelista com o exorcismo de ACM, no Maranhão o clã dos Sarney vai longe, ocupando cada vez mais espaços de poder na esfera federal, com seu patrono na presidência do Senado.

Política virou zona

Só queria entender: Fernando Collor, que foi cassado por corrupção e perdeu seus direitos políticos por 8 anos, ganhou no senado uma poderosa comissão que determina o ritmo dos projetos de infra-estrutura federais. Foi apoiado por Renan Calheiros, que há pouco tempo renunciou à presidência do Senado por receber "ajuda" de lobistas, pelo PMDB, que também é da base aliada, e pelo DEMo, oposição mais raivosa a Lula. Do outro lado estavam o PT com Ideli Salvati, a quem, por tradição, deveria caber a vaga, apoiada pelo PSDB, que é oposição. Ideologias, programas partidários, nada disso vale mais nessa zona.

Rio : Justiça paralela

Nesta semana um fotógrafo do jornal carioca "O Dia" morreu ao ser baleado por dois assaltantes também numa moto, na Av. Brasil. No dia seguinte, criminosos que dirigem uma favela próxima "justiçaram" os dois assassinos, para prestar contas à polícia e impedir novas buscas no seu território.

Hoje foi a vez de um casal que, depois de assaltado, foi atirado de um penhasco e felizmente não morreu. O carro roubado foi encontrado na favela da Rocinha. Os donos do morro, para não terem problemas com a polícia, exerceram o seu papel de judiciário paralelo, julgando culpados os 4 assaltantes, aplicando-lhes uma surra e entregando-os às autoridades do Estado.

Pergunta rasteira: em ambos os casos, a polícia fica satisfeita com a solução dos crimes através do justiçamento pelos bandidos, e não vai atrás destes para também puni-los?